quarta-feira, 2 de setembro de 2015

John White Alexander

"Walt Whitman", John White Alexander, óleo sobre tela, 127 x 101 cm
Tempos caóticos estes em que vivemos atualmente. As dispersões são muitas, as preocupações imensas. Faz semanas que não acho inspiração para postar aqui. Há crise em vários aspectos de nossas vidas. Mas há espaços para a esperança, sempre há. Que renascem sempre que nos deparamos com uma boa surpresa, uma alegria. A minha alegria de ontem foi descobrir este pintor norte-americano do final do século XIX, com uma pintura tão bela e bem feita: John White Alexander.


John White Alexander
Os Estados Unidos têm uma grande tradição de arte realista, que atravessaram até mesmo os tempos mais terríveis da perseguição macartista, que ameaçava a todos os que tinham ideais socialistas, mas também os artistas figurativos. A pintura figurativa, durante a Guerra Fria, era considerada pintura de comunistas, pela direita norte-americana. Naqueles tempos, era propagandeada e incentivada pelo Estado Maior daquele país a arte abstrata como a verdadeira arte moderna. Em contraposição à arte soviética, que também tentava dirigir esteticamente seus artistas na direção da arte chamada de “realismo socialista”. Mas nos Estados Unidos, mesmo assim, os artistas resistiram, sendo que hoje este país é um dos maiores produtores de artistas figurativos e mesmo realistas, como David Leffel, Richard Schmid e Burton Silverman.

John White Alexander é um dos precursores destes excelentes realistas norte-americanos. No século XIX, uma grande leva de pintores deste país se mudaram para Paris com o objetivo de estudar pintura. Acompanharam as mudanças estéticas que vinham ocorrendo naquele momento na França, com o surgimento da pintura realista de Gustave Courbet e principalmente dos Impressionistas.

John White Alexander nasceu na Pensilvânia, Estados Unidos, no dia 7 de outubro de 1856. Foi pintor e também ilustrador.


"Um raio de luz solar",
John W. Alexander, óleo sobre tela
Tendo ficado órfão ainda criança, foi criado por seus avós. Começou a trabalhar com a idade de 12 anos, como telégrafo na empresa Pacific and Atlantic Telegraph Company. Lá, seu talento foi descoberto por um dos chefes da companhia, um homem de nome Edward J. Allen, que resolveu ajudar o menino a desenvolver seus talentos. Enquanto se aperfeiçoava, John White fez vários retratos da família de seu patrão, além do próprio. Com 18 anos de idade mudou-se para New York, onde foi trabalhar no semanário Harper's Weekly, como ilustrador e cartunista político. Lá já estavam trabalhando outros ilustradores conhecidos, como Abbey e Pennel. 

Após três anos de aprendizado e trabalho, ele viajou para Munique, na Alemanha, para seu primeiro treinamento formal. Como não tinha dinheiro, foi viver na pequena aldeia de Polling, na região da Baviera, onde trabalhou com Frank Duveneck. Com ele, viajou para Veneza, onde conheceu o pintor norte-americano James Abbott McNeill Whistler, que vivia entre a Inglaterra e França, de quem recebeu orientação. John White Alexander continuou estudando em cidades como Florença, na Itália, em Paris, França, e nos Países Baixos.

Voltou para New York em 1881 e logo se tornou famoso como pintor retratista. Dois anos depois participou pela primeira vez de uma exposição, no Salão de Paris de 1893. Seu trabalho foi muito elogiado e ele foi eleito para a Sociedade Nacional de Belas Artes de Paris. Recebeu diversos prêmios.

Em 1889 pintou o retrato do grande poeta Walt Whitman, a pedido da senhora Jeremiah Milbank, que também lhe encomendou um retrato do marido. Nos Estados Unidos, desde 1901 recebeu diversos prêmios e honrarias, como os de ser nomeado Cavaleiro da Legião de Honra, membro da Academia Nacional de Desenho, da American Academy of Arts and Letters. Presidiu a Sociedade Nacional de Pintores Muralistas entre 1914 e 1915.

Suas obras estão espalhadas em vários museus dos Estados Unidos e Europa, como o Metropolitan Museum of Art, o Brooklyn Museum, o Los Angeles County Museum of Art, o Fine Art Museum de Boston, além de ter um grande mural no hall de entrada do Museu de Arte do Instituto Carnegie em Pittsburgh, intitulados “Apoteose de Pittsburg”, que cobre três andares de parede.

John White Alexander morreu em Nova York em 31 de maio de 1915.

Abaixo, algumas de suas lindas pinturas:


"Repouso", Alexander, 1895, 132 x 161 cm, Metropolitan Museum of Art, N.Y.
"Painel para sala de música", Alexander, 1894, 197 x 94 cm, Detroit Instituto de Arte
"Memórias", Alexander, 1903, 158 x 132 cm, Brooklyn Museum
"Paisagem", Alexander, 1890, 77 x 114 cm
"Althea", Alexander, 1898, 161 x 133 cm, Coleção particular
"Isabela e o pote de manjericão", Alexander,
1897, 192 x 92 cm, Metropolitan Museum of Art
"Estudo em preto e verde", John W. Alexander, óleo sobre tela,
50 x 40 cm, Metropolitan Museum of Art
"Um momento preguiçoso", Alexander, 1885, 86x66 cm, Coleção particular
"Preto e vermelho", Alexander, 1896, 120x90 cm, Coleção particular
"Anna Palmer Draper", Alexander, 1888, 183 x 122 cm, Coleção particular

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