Mostrando postagens com marcador Goya. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Goya. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Neoconservadorismo: há algo no ar além dos aviões de carreira...

Quadro de William Blake, no qual
Urizen reza diante do mundo que
ele mesmo criou
Diria o Barão de Itararé a respeito de uma intuição de que algo muito estranho está acontecendo, de forma um tanto velada ainda, mas que se escancara as poucos.

Na quarta-feira, dia 12 de setembro, Jorge Coli, professor titular de História da Arte e História da Cultura do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, fazia uma palestra dentro do ciclo “O futuro não é mais o que era”, organizado pelo filósofo Adauto Novaes, quando soube que a transmissão pela internet ao vivo tinha sido cortada. A Academia Brasileira de Letras (ABL), responsável pela transmissão, censurou a conferência quando o professor Coli apresentou a imagem de uma pintura do francês Gustave Courbet “A Origem do Mundo” (abaixo).

O tema da palestra era “O sexo não é mais o que era”, que trazia à tona o contexto atual de ascensão do conservadorismo e moralismo e como o erotismo, a sexualidade e a pornografia se localizam nestes tempos atuais. Ao apresentar o quadro de Courbet e dizer a palavra “buceta”, a transmissão foi sumariamente interrompida, por ordens da diretoria da ABL, responsável pela transmissão da palestra.

No site do ciclo "Mutações", o professor Coli publicou esta nota:

“Ontem dei uma conferência na Academia Brasileira de Letras, intitulada: Sexo não é mais o que era. Tratava-se de uma análise reflexiva sobre as noções de pornografia, erotismo e sexualidade dentro das artes. Ela sublinhava o caráter conservador do moralismo atual e criticava os puritanismos repressivos que oprimem o imaginário, e não apenas ele. A conferência deveria ter sido transmitida via internet. Soube hoje que ela foi censurada, e que essa censura teria vindo por ‘ordem da diretoria’. De início, as imagens que a ilustravam foram suprimidas da transmissão (eu começava com duas obras de Jeff Koons). E, quando citei o trecho de um autor que continha algumas palavras indelicadas (crítica de Philippe Murray ao quadro de Courbet, a Origem do mundo, publicada em 1991 na revista Art Press), a palestra foi interrompida. Ou seja, a ABL ilustrou, de modo preciso, o acerto de minha tese sobre a hipocrisia pudibunda (termo no qual certamente ela ainda censurará as duas últimas sílabas) de nosso tempo. Não apenas os acadêmicos são imortais: eles também não têm sexo, como os anjos.”

"A Origem do Mundo",
pintura de Gustave Courbet,
óleo sobre tela, 1866, 46x55cm,
Museu d'Orsay, Paris.
A conferência acabou recebendo uma ilustração concreta do conservadorismo e do moralismo atual: foi censurada pela Academia Brasileira de Letras, uma entidade que, em tese, deveria ser, como a Universidade, um local de reflexão, de estudo, de pesquisa sobre a contemporaneidade em todos os seus aspectos. Mas falou mais alto o falso moralismo, o conservadorismo gritante, incapaz de ouvir palavras ligadas ao sexo e incapaz de ver uma imagem do sexo feminino, pintada por um artista realista, sem incomodar-se com seus próprios recalques e puritanismos.

Vivemos tempos complicados, com muitas coisas no ar, além de aviões e helicópteros... Cabe perguntar o que há de mal em falar de sexo numa sociedade que vende dezenas de revistas de sacanagem em qualquer banca de jornal? Uma sociedade que produz vídeos pornográficos disponíveis a qualquer um em inúmeros sítios da internet? Uma sociedade que oprime o imaginário e o simbolismo que nos enriquecem como seres humanos, merece, sim, cada vez mais repúdio e denúncia, por seu puritanismo repressor, seu conservadorismo direitista, seu moralismo intimidador.

Conservadorismo em ascensão

O medo começou com Regina Duarte e se
espalhou 
pela classe média:
medo do julgamento eterno?

(Quadro"O ancião dos dias", de William Blake)
Neste mesmo período em que está acontecendo este ciclo “O futuro não é mais como era”, acontece também, em São Paulo, um outro ciclo cujo tema é “A ascensão conservadora em São Paulo”, organizado por estudantes do movimento “Em defesa da Educação Pública”.

E esses dois eventos que estudam a sociedade brasileira atual, têm muito em comum.

A filósofa da USP Marilena Chauí foi uma das convidadas para o primeiro seminário, que aconteceu no final de agosto. Em sua palestra, ela chamou a atenção para o caráter ainda autoritário da sociedade brasileira, que transforma todas as diferenças sociais em desigualdades, de uma forma que as desigualdades são tratadas como se naturais fossem. “Ela opera com a discriminação e o preconceito de classe, religioso, sexual, profissional e racial”, diz a professora.

A sociedade brasileira - continua Marilena Chaui em sua palestra - é “extremamente violenta. Mas tem a tendência a situar a violência apenas na região da criminalidade”. Mas essa violência está presente em todos os tipos de violência física e psíquica que uma pessoa é capaz de cometer contra a natureza de uma outra pessoa, explica a professora. Em nossa sociedade, o grau máximo da violência - continua ela - é quando uma pessoa não reconhece a humanidade do outro. Uma sociedade que enxerga as pessoas de profissões mais humildes - por exemplo, empregadas domésticas, porteiros, funcionários de padaria, faxineiros, pedreiros - como se fossem “coisa”, como seres irracionais, subalternos e que devem permanecer mudos, inertes e passivos.

Individualismo atual, reforçado pelas ideias
conservadoras e neoliberais, aprisionam os
indivíduos e causam inércia e paralisação
(quadro de William Blake)
“Essa sociedade assim estruturada, na hora em que recebe o impulso neoliberal, isso funciona para ela como a mão e a luva, como a sopa no mel”, continua Chaui, que explica: “Porque uma das características mais importantes do neoliberalismo é que ele opera pelo encolhimento do espaço público e pelo alargamento do espaço privado. Seja o espaço privado do mercado, seja o espaço da vida privada”.

E ela disse que a ideologia da classe média hoje é a ideologia da ética, como se ética se resumisse a um conjunto de regras para o bom funcionamento de uma empresa. “A sociedade paulistana pensa que ética é isso: um conjunto de normas e preceitos que lhes dá o controle cotidiano de todos os comportamentos”. Mas Ética não é isso, diz a filósofa. Ética é “o exercício da consciência, da liberdade e da responsabilidade”. Com esse tipo de visão, está havendo uma deterioração do sentido da ética, do sentido da vida social e das relações interpessoais.

Por isso, esse tipo de sociedade não está interessada no Saber e no Conhecimento. “O que ela quer é um diploma”, complementa Marilena Chaui. Saber e Conhecimento trazem mudanças estruturais nos comportamentos sociais, mas isso seria uma ameaça a uma classe média cujo imperativos fundamentais, cujo núcleos ideológicos são a Ordem e a Segurança.

Neste mesmo sentido, foi a palestra do professor André Singer, cientista político da USP.

Ele lembrou que a grande onda neoliberal iniciada no final dos anos 1970, foi gerando esse sentido conservador “porque está a serviço daquilo que o capitalismo tem de mais destrutivo: a mercantilização de todas as áreas da vida, o individualismo feroz, a concepção de que os problemas sociais se resolvem pela iniciativa privada”. E no Brasil observa Paul Singer, essa onda neoliberal teve reflexos contraditórios.

Ele faz um histórico da influência das ideias da esquerda aqui no Brasil que, segundo sua visão, predominava fundamentalmente em vários setores da cultura, e que teria se prolongado até os anos 1990. “A gente está vivendo ainda agora as ondas de choque do neoliberalismo” de ideias de direita que tem uma certa repercussão de massas: “na classe media fundamentalmente”.

A Nau dos Insensatos, de Jerônimo Bosch
Podemos ver isso como parte do pensamento de tipo neoliberal, individualizante, mercantilizante, privatizante que traz repercussões em setores de massa da sociedade. “O pensamento de direita ainda está se estruturando, mas os sinais são muito claros: colunistas, autores, pessoas que tem um público e que defendem esses pontos de vista, com repercussão, coisa que não havia até pelo menos até os anos 1990”, diz Singer.

E ele aponta um reflexo dessa onda neoliberal no fenômeno religioso, que sofreu uma intensa mudanças na história mais recente do Brasil: “da igreja católica - lembra ele - que era muito progressista” e com isso influenciava amplas camadas da população, incluindo a classe média, “à entrada do evangelismo”. Ele observa que a igreja católica mudou muito com a eleição do papa João Paulo II e Bento XVI, mudando de lado, “influenciando vários setores”. Mas as igrejas evangélicas - acrescenta - se “casam muito com  pensamento neoliberal, com o discurso da ascensão individual, da redução dos espaços públicos, isso sem falar em aspectos morais”.

Essa “onda conservadora ainda está em curso no Brasil”, aponta Paul Singer. Segundo ele, a melhoria nas condições de vida do povo, os 35 milhões de brasileiros que ascenderam socialmente, tem despertado na classe média um “ódio ao governo”. E a classe média, diz ainda André Singer, “se vira contra as ideias de esquerda que tinha na época da ditadura, quando se colocou do lado dos movimentos de resistência.” Mas agora está havendo uma “intensa polarização na sociedade brasileira como não se via desde 1964”, o que ele chama da “onda de médio prazo”. Quando aconteceu a famosa Marcha da Família organizada pela classe média paulistana em 1964, estava havendo uma intensa mobilização dos trabalhadores. 

Atualmente, diz ele, estamos vivendo um momento semelhante, do ponto de vista ideológico, àquele de 1964: a classe média destila seu ódio a um governo que promoveu a ascensão social de 35 milhões de trabalhadores. E mesmo uma parcela desses 35 milhões se juntou ao pensamento da classe média, auxiliada pelas igrejas evangélicas, que lhes convencem de que sua ascensão, sua prosperidade se devem a esforço pessoal. E se juntam contra aqueles que ainda são pobres e recebem os benefícios dos programas sociais do governo, como o bolsa-família. Mas André Singer diz que isso é uma onda de curto prazo.

No cômputo geral vivemos em um período de ascensão do conservadorismo, que traz consigo toda uma carga moralista, controladora, repressora, manipuladora da opinião pública. Para isso, o papel dos meios de comunicação de massa é fundamental. Na televisão imperam canais abertos e pagos com programas de igrejas evangélicas disseminando ideias de individualismo neoliberal. O monopólio midiático resumido a poucos órgãos de imprensa - Rede Globo, Estadão, Folha, Editora Abril - promove uma verdadeira militância política de direita, buscando influenciar toda a sociedade com as ideias que ainda são de um Neoliberalismo retardatário, com a defesa das privatizações de toda a ordem, do consumismo, da indústria cultural, da mercantilização das artes, do incentivo à despolitização social e individual, dos ataques aos serviços públicos.

Dentro desse contexto, a censura à palestra de Jorge Coli mostra uma sociedade incapaz de refletir sobre si mesma. Uma sociedade com medo. Com medo do quadro de Courbet. Com medo da politização das pessoas. Com medo da perda de controle sobre o cotidiano dos indivíduos. Com medo do futuro.

Ou - como escreveu a filósofa Marilena Chaui no capítulo “Sobre o Medo” do livro “Os Sentidos da Paixão” - MEDO do “alto celestial que nos vigia”, do “baixo infernal que nos vigia”.

Os monstros que a sociedade cria se voltam contra ela e contra os indivíduos
(Gravura "O sonho da razão produz monstros" de Francisco Goya)

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O Real inesgotável

Reflexões sobre o Realismo nas artes plásticas

(Mazé Leite)

Em 1855, o pintor francês Gustave Courbet, organiza em Paris, uma exposição com 40 telas sob o título “Du Réalisme”, inaugurando essa nova forma de ver e pintar o mundo. O Realismo atravessou todo o século XX e alcança o século XXI, carregado de conotações filosóficas, políticas e estéticas, em maior ou menor grau, mas que resume a tomada de consciência do que vê e do que sente o artista sobre a realidade de seu mundo.


A Liberdade guiando o Povo, Eugene Délacroix, 1830.
Óleo sobre tela,325x260cm, Museu do Louvre, Paris, França.

Antecedentes históricos

No século XIX, o mundo passava por intensas transformações sociais, econômicas, políticas e culturais, desde as revoluções burguesas do século XVIII, entre as quais a Revolução Industrial iniciada na Grã-Bretanha e a Revolução Francesa de 1789 que, inspirada pelos princípios do Iluminismo, trouxe abaixo não só o Antigo Regime que privilegiava clero e nobreza, como abriu um período de ebulição de ideias em todos os campos do pensamento.

A Revolução Industrial ocorreu quando já havia acontecido outros movimentos de ruptura com a tradição, trazendo consigo novas relações sociais, políticas e econômicas, inaugurando o Capitalismo. Ideias novas começavam a vicejar também em meio aos artistas, trazendo grandes mudanças não somente em sua forma de trabalhar e ganhar a vida, como também em suas linhas de pensamento. Os artistas, inicialmente desprezados pela elite, sofriam os mesmos preconceitos dos “tempos da Grécia antiga, quando os esnobes podiam aceitar um poeta, que trabalhava com o cérebro, mas jamais um artista que trabalhava com as próprias mãos”, como relata E. H. Gombrich, em seu livro “História da Arte”. Na Inglaterra, onde o poder do Papa não alcançava e onde o movimento da Arte Barroca não teve desenvolvimento, os pintores se voltaram a pintar retratos de gente comum, cenas da vida do povo. Foi a época de William Hogarth, de Thomas Gainsborough, de Jean-Baptiste-Siméon Chardin, e, claro, de William Blake, que além de pintor era poeta.

Na França, a Revolução de 1789 trouxera consigo o estilo Neoclássico, que valorizava os ideais de beleza grega e romana e, por isso, também ia contra o poder clerical. A pintura, que até o final do século XVIII era um ofício ensinado de mestre a discípulo nos ateliês, passou a ser uma disciplina ensinada em academias, como a Filosofia. Em Londres e Paris começaram a ser organizadas, pela primeira vez na história, exposições anuais de arte, que se converteram em verdadeiros eventos sociais.

Mas a Revolução Francesa trouxe também o gosto por temas históricos e heróicos na pintura. Em 1793, o pintor J.L David pintou “Marat assassinado”, um dos quadros que se inscreve – segundo o pesquisador e artista plástico francês Michel Dupré – “dans une orientation réaliste”. Também em 1831, Eugène Delacroix, considerado um pintor romântico, adquire um tom de contestação com seu quadro “A Liberdade guiando o povo”, num fervente apelo às revoltas populares que o poder político da época se apressou em censurar (o Estado comprou essa tela, que ficou escondida por mais de 30 anos).

Na Espanha, Francisco Goya, já tinha surgido com uma pintura diferente dos seus contemporâneos, expressando toda a “feiúra e vacuidade” daqueles que viviam na Corte. Inaugurava-se um período em que os artistas sentiam-se “livres para passar ao papel suas visões pessoais, algo que até então só os poetas costumavam fazer”, complementa Gombrich.

As revoluções burguesas também trouxeram mudanças na situação de trabalho dos artistas. A tradição do artesanato e o trabalho manual dos artesãos cedeu lugar à produção mecânica, a oficina perdeu lugar para a fábrica. A construção civil, no século XIX, teve um intenso crescimento em cidades grandes, especialmente da Inglaterra e EUA. Operários e trabalhadores em geral mantinham uma jornada de trabalho exaustivo, incluindo mulheres e crianças. O escritor inglês Charles Dyckens (1812-1870) denunciou, em seus romances, a situação de vida dos trabalhadores dessa época, em especial em “David Cooperfield” e “Oliver Twist”.

Do lado dos artistas, surgiram dois tipos de pintores: os que pintavam para agradar o gosto do freguês (que incluía agora a nova classe média que surgia nas cidades) e aqueles que se recusavam terminantemente a isso. Os artistas inconformados com essa nova situação e que não davam “uma única pincelada sem perguntar a si mesmos se ela satisfazia sua consciência artística” (Gombrich), começaram a escrever uma nova história e novas idéias começaram a vicejar.

Gustave Courbet

Os britadores de pedra, Gustave Courbet, 1849.
Óleo sobre tela, 159x259 cm, Gemäldegalerie, Dresden, Alemanha
Gustave Courbet era um jovem pintor, de origem camponesa, nascido em Ornans, interior da França. Como tantos outros, foi para Paris para fazer carreira artística, chegando na capital francesa em 1839. Paris vivia momentos de efervescência política, social e artística. Círculos de artistas e intelectuais enchiam os cafés de Paris. Courbet frequentava o grupo do poeta Charles Baudelaire, dos filósofos Proudhon e Marc Trapadoux, dos críticos de arte e escritores Champfleury e Fernand Desnoyers, entre outros, jornalistas, artistas e ativistas políticos. Reuniam-se até altas horas da noite, onde elaboravam suas teorias que posteriormente se transformavam em artigos de jornal, ou em panfletos, ou em obras de arte.

Courbet também freqüentava aulas de desenho e pintura com mestres de Paris, entre os quais François Bonvin com quem aprendeu a ir aos museus para copiar os velhos mestres, como Diego Vélazquez, Francisco de Zurbarán, Bartolomeu Esteban Murillo (da escola espanhola), assim como os artistas do Barroco e do Renascimento italianos. Caravaggio entre eles.

Courbet possuía um espírito inquieto, rebelde, de caráter e pensamento artístico semelhantes a Caravaggio, segundo afirma Michel Dupré. Bem distante dos ideais artísticos do passado ainda em voga na Europa, ele não buscava formosura, buscava a verdade. Contra os clichês de sua época, disse ele em 1854: “Espero sempre ganhar a vida com minha arte, sem me desviar um milímetro dos meus princípios, sem ter mentido à minha consciência nem por um único momento, sem pintar sequer o que pode ser coberto pela palma da mão só para agradar a alguém ou para vender mais facilmente”.

Courbet, já republicano e socialista, partilhava com seus contemporâneos a crença de que a arte podia ser uma força social. Seu ciclo de amigos desprezava os valores burgueses e defendia valores socialistas e revolucionários. Convém lembrar que, nesse período, Karl Marx e Friedrich Engels já elaboravam as teorias que eles expuseram no “Manifesto Comunista” de 1848. Esses ideais de Courbet e seus amigos aliavam-se aos apelos do povo por mudanças profundas na França. Em muitos outros países, o mesmo sentimento revolucionário gerava movimentos nacionalistas e liberais impulsionados não só pela própria burguesia que exigia governos constitucionais, como por trabalhadores e camponeses que se rebelavam contra as formas de vida impostas pelo capitalismo.

Em 1849, já interessado em pintar cenas da vida cotidiana, ele apresenta uma das primeiras de suas grandes obras realistas: “Os britadores de pedra”. Essa tela, infelizmente, foi destruída no bombardeio britânico de Dresden em 1945. Logo em seguida, Courbet começou a pintar a imensa tela “Enterro em Ornans”, com 6 metros de largura e três de altura. Não demorou para sofrer duras críticas dos conservadores: até então, telas grandes como aquela eram destinadas a expressar cenas de batalha, feitos heróicos com figuras proeminentes das classes dominantes. “Enterro em Ornans” é apenas uma cena de cemitério com figuras humanas comuns, pessoas simples da vila de Ornans.

Em 1855, Napoleão III ordenou que se construísse o Palais des Arts et de l’Industrie, com a finalidade de apresentar produtos da agricultura, da indústria e das belas artes, em reação ao governo inglês que tinha construído o Palácio de Cristal, onde iria acontecer a primeira exposição de artes realmente internacional. Mas Courbet ficou de fora da exposição de Napoleão.

Indignado, e com o apoio do mecenas Alfred Bruyas, Gustave Courbet resolveu fazer uma exposição paralela, num galpão construído para este fim, bem ao lado de onde iria acontecer a exposição oficial. Quarenta quadros foram expostos aos visitantes, que também podiam adquirir um pequeno folheto onde estavam impressas as idéias básicas de Courbet. O título da exposição-manifesto era: DU RÉALISME. “Ser capaz de traduzir os costumes, as ideias, os aspectos de minha época, ser não somente um pintor, mais ainda um homem; em uma palavra, fazer uma arte viva, tal é meu objetivo”, dizia ele no folheto.

Durante os quarenta dias do governo revolucionário conhecido como a Comuna de Paris, em 1871, Gustave Courbet ocupou o cargo de Presidente da Comissão para as Artes. Derrotado o governo revolucionário após um verdadeiro banho de sangue nas ruas de Paris, sob o comando do governo de Thiers e suas tropas, Courbet foi preso. Depois de solto e ainda perseguido politicamente, exilou-se em Genebra, onde morreu em 1877.

Retrato de Carolus-Duran, John Singer Sargent, 1879.
Óleo sobre tela, 116,96 cm,  Francine and Sterling Clark Art Institute, EUA.

Novas Realidades

Como fruto dos movimentos revolucionários que escreveram uma nova história no mundo, o Realismo trazia consigo dois traços constantes: a importância dada à temática, que se distinguia dos métodos tradicionais de pintura, e nesse sentido inspirada nos grandes mestres do passado, como Rembrandt, Vélazquez e Caravaggio; e o interesse despertado na questão da fronteira entre Arte e vida.

No século XIX, quando os artistas se deparavam com a nova realidade criada pelos acontecimentos, muitas vezes seguindo rumos inesperados e frustrantes, eles perceberam – como Baudelaire – que o movimento de uma realidade que parece escapar soa como um chamado à sua reconquista. A história da arte do século XIX mostra esse movimento dos artistas em procurar expressar em suas obras a realidade fugidia de seu tempo. Tempo de choques brutais e acelerados nos ideais revolucionários. A frustração gerada pelas ilusões republicanas, as mudanças súbitas de poder (a Comuna de Paris durou poucos dias), os embates sangrentos, a repressão brutal desconhecida até então, tudo isso trouxe aos artistas a consciência de uma realidade que era também brutal. “Enterro em Ornans”, de Courbet, parece transmitir toda a violência daquele período, expressada nas cores, na temática, e nos rostos das mulheres à direita do quadro, em estado de profunda lamentação.

Enterro em Ornans, Gustave Courbet. 1850. 600x300cm, Museu D'Orsai, Paris, França.

Mas a arte Realista, que nascera em meio à riqueza histórica do século XIX, iria atravessar todo o século XX como uma corrente de pensamento que trouxe intensos debates e gerou diversos movimentos de vanguarda em inúmeros lugares do mundo. Como observa Michel Dupré, a palavra Realismo foi objeto de uma “inflation” surpreendente. Numerosos pintores, nestes últimos 156 anos desde a exposição de Courbet, se autoproclamaram "realistas", mesmo seguindo cada um seu modo de ser mais próximo ou não ao Realismo, como Fernand Léger, Malevitch, Rodchenko, Siqueiros, Orozco, Rivera, Lucien Freud, Edward Hopper, Grant Wood, John Singer Sargent, entre inúmeros outros. Michel Dupré sugere que Realismo parece designar sobretudo uma postura, que é tanto prática quanto teórica.

Seguindo os parâmetros de sua história inicial, a arte Realista esteve presente de forma intensa em todo o século XX. Antes e durante a I Guerra Mundial, artistas realistas começaram a surgir de forma bastante intensa na Inglaterra. Envoltos pelas energias densas da 1a Guerra, os artistas ingleses reagiam, como Paul Nash: “Não sou mais um artista interessado e curioso, sou um mensageiro que irá trazer a palavra dos homens que estão lutando àqueles que desejam eternizar a guerra.” Cristopher Nevinson pintou imagens de desolação e mesmo John Singer Sargent, retratista por excelência, em 1918, pintou o quadro “Envenenados por gás”, uma tela gigante que mostra uma fila de soldados estropiados caminhando entre dezenas de mortos e feridos.

Nos EUA, desde o final do século XIX, a arte realista teve a adesão de um grande número de artistas. Seus expoentes iniciais foram Thomas H. Benton, John S. Currey e Grant Wood. Ao lado destes mais regionalistas, surgiram também, nas primeiras décadas do século XX, artistas que se voltavam para o que ficou conhecido como Realismo Social, com muitos deles se filiando ao Partido Comunista criado em 1919. Esses pintores foram bastante influenciados pelos muralistas mexicanos, especialmente Rivera, Orozco e Siqueiros, que, no dizer de James Malpas (em seu livro Realismo), “constituem um dos fenômenos mais intrigantes da pintura do século XX”. Por Realismo Social, diz Brendan Prendeville em “Peinture Réaliste au XXe siècle”, entenda-se um termo que foi usado desde então para descrever uma grande variedade de práticas pictóricas de artistas cujo denominador comum, crítico ou humanista, era o desejo de mudança da sociedade. Entre esses artistas, destacam-se Reginald Marsh, Isabel Bishop, Raphael Soyer e Philip Evergood.

Na Alemanha de entre guerras, os artistas buscavam se organizar em movimentos, ligas e associações, com o objetivo de contribuir para uma renovação artística e para uma mudança dos valores da sociedade. Um desses grupos ficou conhecido como Secessão de Dresden – Grupo 1919, que mantinha o mesmo ideal de uma arte interiormente verdadeira e preocupada em expressar os problemas sociais daquele período. Eram fundamentalmente expressionistas, mas Kate Kollwitz, uma artista dessa época, apresenta gravuras e desenhos de um realismo tocante e é uma artista das que mais representam aquele período da história alemã.

A Rússia, que desde o século XIX passava por mudanças profundas em sua história, assistiu a um fervilhar de movimentos artísticos de diversos matizes plenamente integrados às transformações que a sociedade russa ia tomando.  Programas e manifestos surgiam a partir de grupos e associações de artistas, em meio à nascente intelligentsia russa. Aquele momento de alta criatividade e produtividade artística pôs em circulação idéias que exerceram “efeitos cataclísmicos não só na própria Rússia, mas muito além de suas fronteiras”, como observa Isaiah Berlin em “O Nascimento da Intelligentsia russa”.

A chamada Vanguarda Russa teve importante papel na direção que tomaram as artes de vanguarda em todo o mundo. Maliévitch, Rodchenko, Tatlin, Chagal e Kandinski foram alguns dos artistas russos que grandes modificações trouxeram ao mundo das artes. O foco de seu trabalho estava na representação do mundo como um mundo em mudança, que as artes tinham que representar. Nesse sentido, as formas geométricas de Maliévitch eram, para ele, seu modo pessoal de ter uma leitura realista do mundo. Kandinski, por outro lado, criava a arte abstrata que buscava representar o mundo subjetivo, como uma arte distante das impurezas do real.
Tambores, Pavel Filonov, 1935.
Óleo sobre tela, 72x82cm, Museu de São Petersburgo, Rússia.

Anos mais tarde, a estética realista foi admitida como a que mais papel poderia exercer na educação do povo russo na direção de uma sociedade e uma cultura socialistas. Surge o que ficou conhecido como Realismo Socialista, que foi germinado a partir de debates entre os artistas e os construtores da nova sociedade soviética a partir da revolução de 1917. Sem entrar aqui na questão do pensamento ainda dominante atualmente sobre o tema, cabe apontar que Realismo Socialista é uma coisa, Jdanovismo é outra. Andrei Jdanov foi o articulador principal do controle estético e ideológico da arte russa durante o período de 1934 a 1954, sob o poder de Stalin. Defensor ferrenho do Realismo Socialista, Jdanov impôs aos artistas da época seus parâmetros ideológicos e estéticos de uma rigidez sufocante. Da mesma forma que o mercado e o sistema de arte atual que, de uma forma mascarada, oculta, subjacente e não explicitada, impõe a estética que serve à pós-modernidade e ao neoliberalismo, fechando espaços para a arte que não reze nessa cartilha. Com a única diferença, talvez, que a aparente permissividade atual do sistema não ameace diretamente os artistas, apenas relegue-os ao ostracismo...

Ainda sobre o Realismo Socialista – tema que ainda assusta a muitos e, como diz Michel Dupré, é muito pouco conhecido em sua essência (inclusive porque há uma recusa em conhecê-lo) – há uma observação a ser feita no que diz respeito ao caráter mesmo do Realismo, que foi levantada por Dupré em seu livro “Réalisme(s)”, publicado em 2009. Uma das críticas fundamentais e atuais que se faz em relação à arte soviética – observa ele – é a de que existiria uma irredutível contradição entre arte e política, que seriam dois mundos incompatíveis e que toda verdadeira criação está livre organicamente sob o sacrossanto princípio da liberdade de criação (grifo dele). E que esses críticos dizem que a arte da URSS peca pela mediocridade, pela necessidade esclerosante de representar os políticos e a política, que não deixa espaço para a criação dos artistas, etc. Isso de um lado. Do outro, diz Dupré, os mesmos críticos se maravilham com o desenvolvimento das artes “du monde libre”, onde os EUA são modelo tão emblemático e onde a “liberdade de criação” paira tão democrática sobre a cabeça de todos os artistas do mundo...

Retrato de Anna Achmatova, Kuzma Petrov-Vodkin, 1925.
Galeria Estatal Tretiakov, Moscou.
Na França daquela mesma época, os movimentos de vanguarda também estavam em plena ebulição. Foi o período de surgimento de muitos ismos nas artes: impressionismo, expressionismo, dadaísmo, construtivismo, cubismo, surrealismo... Inúmeros movimentos forjaram o que ficou conhecida como Arte Moderna, que unia desde aqueles que defendiam a “arte pela arte” até aqueles que defendiam que num mundo em transição a arte cumpria um papel que ia além da manifestação estética. Fernand Léger, André Fougeron, o poeta Louis Aragon, e mesmo Pablo Picasso, com sua pintura cubista, aderiram ao Partido Comunista Francês, em períodos diversos de suas vidas. Muitos tomavam o caminho da abstração e muitos que tinham ido para a abstração retornavam à arte figurativa, como Jean Hélion, em 1939, quando escreveu que “não podia mais viver oito horas do dia de uma maneira e viver as horas restantes de outra maneira”. A realidade chamava.

Sabemos que esses movimentos e debates que ocorriam na Europa, tanto na Rússia quanto na França, tiveram grande influência nos ideais representados pela Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo, movimento que se amplificou nos anos seguintes, influenciando enormemente as artes plásticas brasileiras, com nomes como o de Portinari, Di Cavalcante, Carlos Scliar, os artistas do Grupo Santa Helena, entre outros.
Retorno do Mercado, André Fougeron, 1953.
Óleo sobre tela, Tate Gallery, Londres, Inglaterra. 

Atualidades do pensamento Realista

A Beleza, como a Verdade, é relativa aos tempos em que cada um vive e a todo indivíduo capaz de o compreender”, dizia Gustave Courbet. E como “criador de beleza” – no dizer do artista e comunista português Álvaro Cunhal – o pintor pode até negar qualquer influência externa na sua obra e na sua criação artística, mas não pode estar separado do meio e do tempo em que vive. Por mais abstrata e mais conceitual que seja uma obra de arte, por vezes uma surpreendente evidência de realidade se mostra.

Estudo em branco e preto,
Burton Silverman, 2005.
Óleo sobre tela,
coleção privada, EUA
O que não poderia ser de outro modo, mesmo a contragosto das idéias de um Vassili Kandinski, por exemplo, para quem a arte deve ser purificada de qualquer vínculo com o real, deixando prevalecer o mundo subjetivo do artista. Mesmo que se viu depois, como observa Pierre Daix, que as formas puras dos quadros de Kandinski não estavam tão longe da realidade assim, quando se observam fotografias do mundo microscópico da biologia e da botânica.

Com efeito, o Real é inesgotável e fonte permanente de inspiração para o artista. Como observa Ariano Suassuna em Iniciação à Estética, “mesmo que a realidade não fosse inesgotável, bastaria a necessidade que tem cada geração, e mesmo cada um de nós, de resolver por si só cada problema em nossa própria linguagem, para tornar o conhecimento aquilo que ele é por natureza: a tentativa incessantemente renovada de explicar o homem e o mundo”. E mais à frente ele diz que “se a pintura abstrata é mais pura do que a figurativa, esta é mais humana, rica e variada, possibilitando um campo muito maior à invenção e à imaginação”.

Nessa preocupação maior em aproximar-se do Real está o pensamento de que a relação do homem com a realidade é sempre uma relação de movimento em que a consciência humana é permanentemente afetada por esta. Lembrando Karl Marx: “Não é a consciência dos homens que determina a realidade: é, ao contrário, a realidade social que determina a consciência” (Crítica da Economia Política).

Realidade que justapõe permanentemente uns indivíduos em relação aos outros, em todos os aspectos, incluindo o aspecto de classe social, cujas relações acontecem em meio aos fenômenos da vida que geram o processo histórico. Ao longo da história, a história da arte reflete também a da vida em sociedade e a história mesma da luta de classes. A arte, como um sistema de sinais e, portanto, como um tipo de linguagem universal, é o móvel que nos permite compreender a enorme cadeia de relações que se foram criando, ao longo do tempo, não só na sociedade humana em todos os seus aspectos, sejam econômicos, políticos, culturais e sociais, mas também no que diz respeito a como esta sociedade se reflete no indivíduo humano, em seu papel social e mesmo em sua psicologia. Com seu caráter universalizante, a arte realista permite essa linguagem comum que é capaz de ser compreendida em qualquer lugar, pelo mesmo sujeito histórico submetido às mesmas condições de existência.

A interpretação dos fatos da vida (vida muitas vezes exaustiva, como a do período em que estamos vivendo neste momento) por parte do artista que transforma o Real que vê e percebe em uma obra de arte que encanta e produz emoção estética, é um verdadeiro ato de “humanização do tumulto”, como fala o sociólogo Roger Bastide. A arte que torna mais humanizada a realidade que nos cerca, nos une, nos consola e mesmo nos fortalece.

A visão do artista capta do Real aquilo que é sua essência e eleva esse momento percebido ao status de Poesia, de Inspiração, o que aumenta a nossa dimensão e consciência. Diz o pensador russo do século XX, A. Ziss: "O artista, perante os fenômenos da vida, procura compreendê-los e, para isso,separa o essencial do secundário, o geral do particular, o necessário do fortuito. Diferentemente dos acontecimentos vividos, os fatos com os quais opera a autêntica arte realista não comportam nada de supérfluo. O artista "liberta", de algum modo, o fenômeno retido do contingente e parcial que obscurece a essência. Reproduz não toda a plenitude do real vivido, mas apenas os traços dominantes que encerram a "alma viva".”

A seleção operada pelo artista na matéria vivencial representada é o que torna uma obra de arte um bem que pertence, ao final das contas, a toda a sociedade e que é ilustrativa da sua história. Obras como “Os síndicos dos tecelões” de Rembrandt, como “As Meninas” de Vélazquez, como o “David” de Michelângelo, como “Narciso” da Caravaggio, como “Enterro em Ornans” de Courbet, como o “Pensador” de Rodin, ilustram facetas da vida captada pelo olhar desses artistas que continuam extasiando nossos olhos e nos mostrando como somos.
O Real se apresenta muitas vezes como os animais ferozes que são acalmados pela música da lira de Orfeu. Ele é a imagem do artista que se coloca entre a realidade e o indivíduo, com quem cria um diálogo de ser humano a ser humano, na linguagem universal que a arte proporciona.

O Real que nos solicita movimento é um desses infinitos aspectos de que é constituído e que permite mil modos de enxergar, de traduzir, de falar, de perceber, de pintar. A realidade é a potencialidade de tudo acontecer. Quando o artista cria uma obra de arte, ele está fornecendo uma parte do real vista por ele, que apresenta à visão do público, a quem se liga, mesmo que silenciosamente. É como se a obra do artista fosse uma espécie de janela para ver o real, ou o que Joel Birman chama de "irrupção do real", que se dá através da obra.

O atelier realista pratica todo o tempo esse exercício de olhar para enxergar na realidade aquilo que foge ao olhar comum, para devolver ao espectador esse momento essencial que muitas vezes nos inspira e move. Em 1789, o filósofo e poeta romântico Novalis escrevera: “Nós buscamos, acima de tudo, o Absoluto, e sempre encontramos apenas coisas”. Para a arte Realista, são exatamente essas “coisas” que se tornam o objeto de busca dos artistas, que conseguem ir além das aparências e da simples busca do Belo.

As coisas como elas são, o mundo como ele é, traz em si uma nova beleza, com todas as assimetrias possíveis, que o artista primeiro vê, depois se move, pincel em direção à tela, retratando nela com toda sua humanidade criativa aquele momento especial que ele deseja mostrar a seus semelhantes.


Velho mineiro, Mauríco Takiguthi, 2008.
Óleo sobre tela, coleção privada, São Paulo, Brasil.

-------------

Bibliografia:
GOMBRICH, E.H. - A História da Arte. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
DUPRÉ, Michel – Réalisme(s) – Peinture et Politique. Paris : EC Éditions, 2009.
PRENDEVILLE, Brendan – La Peinture Réaliste au XXe Siècle. Paris : Thames & Hudson, 2001.
MALPAS, James – Realismo. São Paulo : Cosac & Naify, 2001.
DAIX, Pierre. – História Cultural Del Arte Moderno – de David à Cézanne. Madrid: Éditions Odile Jacob, 1998.
BASTIDE, Roger. Arte e Sociedade. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1971.
SUASSUNA, Ariano. Iniciação à Estética. Rio de Janeiro: José Olimpio Editora, 1972.
ORTEGA Y GASSET, José. A desumanização da Arte. São Paulo: Cortez Editora, 2005.
A.     ZISS in Estética Marxista e Atualidade. Lisboa: Edições do Progresso, 1972.
CUNHAL, Álvaro. A Arte, o Artista e a Sociedade. Lisboa: Editorial Caminho, 1996.
BIRMAN, Joel. O Mal-Estar na Atualidade. São Paulo: Civilização Brasileira, 2009