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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Lydio Bandeira de Mello, o pintor



“Quem não tem o hábito de desenhar, não pensa a forma”.
Bandeira de Mello

Há poucos meses atrás um amigo me falou de Lydio Bandeira de Mello, um pintor carioca que insiste em não abandonar o caminho da arte figurativa. Fui procurar saber mais sobre ele, encontrei algumas coisas, poucas, além do seu próprio site. Meses se passaram, voltei a me lembrar de que devia um artigo sobre este mestre. Sim, mestre! Bandeira de Mello já tem mais de sete décadas na estrada da pintura figurativa, pintando em várias técnicas, ensinando muita gente em seu ateliê no bairro das Laranjeiras, Rio de Janeiro.

No próximo dia 20 de junho ele completará 87 anos. Nasceu em Leopoldina, interior de Minas Gerais. Mas quem conhece Lydio Bandeira de Mello? Quem já ouviu falar deste grande pintor na TV, no rádio, nos jornais, na mídia, enfim? Quase não se fala dele, se lembra dele, se comemora a carreira deste artista na mídia brasileira, que só tem olhos e ouvidos para “artistas” do mainstream monopolista da chamada “arte contemporânea” conceitual. Como se ele não fosse contemporâneo a nós… Mas, sabemos, não há democracia no mundo das artes plásticas hoje…

Desabafo feito, vamos ao que interessa, sua vida e sua obra.

"Enterro no sertão"
Lydio Introcaso Bandeira de Mello começou seu caminho nas artes plásticas com apenas 6 anos de idade, quando uma vizinha lhe emprestou algumas tintas. Logo, logo seu pai lhe deu de presente seu primeiro material de pintura. E passou a ter orientações do professor Funchal Garcia, amigo de seu pai, que Bandeira de Mello define como “alguém que possuía a inventiva e técnica do pintor, mas também a fantasia heroica de Dom Quixote, sempre disposto a levantar sua lança na defesa dos fracos e oprimidos”.

Aos 17 anos de idade, o jovem Lydio resolveu ir para o Rio de Janeiro estudar na Escola Nacional de Belas Artes. Para isso, recebeu imediatamente o apoio dos pais, pessoas cultas e que sabiam o verdadeiro valor de incentivar seu filho no mundo das artes. “Quando eu disse a meu pai que queria ser pintor e estudar na Escola de Belas Artes, minha mãe fez uma festa!”, conta ele. Seu pai, Lydio Machado Bandeira de Mello, era um intelectual: advogado, escritor, filósofo e matemático. Ambos, pai e mãe, deram uma boa formação humanística ao filho. Quando seu pai morreu deixou 69 livros publicados.

Bandeira de Mello chegou na Escola Nacional de Belas Artes em 1947.

A Escola Nacional de Belas Artes foi fundada em 12 de agosto de 1816, através de um decreto assinado por Dom João VI. Neste ano, ela completa 200 anos de existência, e se chama atualmente Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ. Inicialmente se intitulou de Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, tendo sido criada para receber a Missão Artística Francesa, que veio para trazer ao Brasil o ensino oficial de arte, baseada na escola acadêmica da França. Após a independência do Brasil, em 1822, passou a ser chamada de Academia Imperial de Belas Artes. Com o advento da República, mudou para Escola Nacional de Belas Artes.

Quando Lydio chegou lá, a academia era um caldeirão de discussões e disputas entre a tradição e as novas estéticas trazidas pela modernidade. Mas Lydio não se interessou muito pelas discussões trazidas pelos defensores das novas estéticas; estes aboliam a técnica, o domínio sobre o desenho, o respeito aos mestres do passado. Bandeira de Mello só pensava em uma coisa: desenhar e pintar! “Pela arte o homem rompe o estado de clausura da consciência e se religa ao universo”, diz ele. Seguiu o caminho árduo mas apaixonante de buscar o domínio sobre a forma, caminho que ele persegue até hoje aos 87 anos de idade.

Lydio Bandeira de Mello também diz que não pode haver qualquer concessão para aquele que deseja seguir este caminho. Para ele, é fundamental aprender as técnicas da pintura e do desenho, dominar seus instrumentos, “submeter a mão ao domínio da mente, até que ela se torne a própria extensão de seu pensamento criador.” Somente sobre o aprendizado técnico é que o artista poderá construir sua própria linguagem com segurança, ensina ele.

Em seu período na Escola Nacional de Belas Artes, Bandeira de Mello conheceu diversos artistas brasileiros importantes na época, como Quirino Campofiorito, a quem admirava de modo especial. Além dele, teve como mestre o professor de desenho Calmon Barreto que, com suas aulas com modelo-vivo ensinava aos alunos como criar uma sintonia entre a visão e as linhas que moldam o corpo humano. Lydio diz que era obrigatória, naquela época, uma carga horária de 900 horas de estudo de modelo-vivo… “Hoje em dia, lamenta ele, as pessoas que querem aprender a desenhar, são obrigadas a buscar este conhecimento fora das escolas de arte”.

Outro professor que lhe influenciou muito foi Edson Motta, que além de enfatizar a importância do aprendizado das técnicas de pintura, incentivava os alunos a se interessar pelos aspectos técnicos do material de pintura, como sua química, seus diversos comportamentos físico-químicos envolvidos em uma pintura, seja à óleo, seja em têmpera, afresco, etc. “A verdadeira cozinha da pintura”, observa Bandeira.

Sua trajetória inteira tem sido construída dentro do seu fascínio pela pintura figurativa. Ainda hoje, em seu ateliê das Laranjeiras, Bandeira de Mello produz, indiferente àqueles que defendem o modelo preferido pela mídia atual. Sua pintura é sólida, intensa, beirando o Expressionismo, e demonstra que por trás há, sim, muito conhecimento técnico.

Sendo senhor do seu ofício, mesmo assim ele não se deixa ficar em zonas de conforto, pois cair nesta armadilha é mortal para quem quer manter-se na busca do domínio sobre a forma. Este caminho é por vezes árduo, exige disciplina, dedicação, paixão.

O poeta gaúcho Walmir Ayala narra em seu texto que faz parte do livro “Bandeira de Mello - a arte do desenho”, um episódio que ocorreu com o estudante Lydio Bandeira de Mello: “Marca indelével a do contato com Carlos Chambelland, um mestre do claro-escuro, exigente e rigoroso. Conta Bandeira de Mello que certa feita tinha acabado de fazer um nu, em tamanho natural, no qual trabalhou durante duas semanas, especialmente nos valores do claro-escuro. ‘Terminado o trabalho, pelo menos para mim, o velho Chambelland aproximou-se, analisou e perguntou: - Tens um pano aí? Entreguei a ele um pedaço de pano e ele acrescentou: - Não sou eu que vou usar, é você. Bata o pano em cima desse desenho e apague tudo! Não discuti, apesar de um instante de íntima revolta. Feito isto, ele disse que o trabalho não estava ruim, mas que havia me provocado era para que eu compreendesse que era sempre possível fazer melhor, e ter coragem de recomeçar’”. Bandeira sempre diz que seu mestre Chambelland parecia ter um fotômetro no olho, reconhecia os valores cromáticos como ninguém.

Ter coragem de recomeçar. Quem lida com qualquer tipo de treinamento em arte, sabe que essa é a chave para a evolução técnica. Não há atalho algum. Todo dia é um novo recomeço. E o caminho só termina quando a morte dá um fim a tudo… Por isso tem que haver paixão!

“Tecnicamente, Bandeira de Mello conhece seu ofício como raros”, disse o crítico de arte José Roberto Teixeira Leite. “Mas sabe também que a técnica não é um fim em si mesma e que o artista deve assimilá-la a tal ponto que é como se a tivesse esquecido, já.”

Em 1961, Lydio ganhou o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro, recebido no Salão Nacional de Belas Artes. Ao invés de ir para Paris, como fizeram quase todos os outros que receberam o mesmo prêmio, ele optou por ir à Itália, em busca dos mestres renascentistas. Acabou sendo convidado a restaurar o Santuário de Poggio Bustone, num lugarejo a cerca de 100 km de Roma. Este trabalho durou 8 meses, quando então “pintava pela manhã, caminhava à tarde e bebia vinho de noite”. São dois murais pintados na técnica do afresco que representam a confissão de São Francisco de Assis e outro com a aparição de um anjo ao santo.

Quando voltou ao Rio de Janeiro, Bandeira de Mello tornou-se professor de Desenho com Modelo-vivo na Escola de Belas Artes.

Angela Ancora da Luz, professora da atual Escola de Belas Artes da UFRJ, diz em seu artigo publicado no site do pintor: “Impossível não reconhecer um trabalho de Bandeira de Mello. O primeiro destaque é a força da forma. Entre as mais variadas temáticas que encontramos, a figura humana surge vitoriosa. Ela não possui apenas ossos e músculos, pele e fisionomia. Bandeira pinta a alma.”

Em seu ateliê, ainda hoje ele dá aulas aos muitos alunos que o procuram para estudar. A fila de espera sempre está cheia. Aos seus alunos, ele vai ensinando que o desenhista só consegue pensar se desenhar. Ele domina a técnica da Têmpera (pintura feita com pigmentos misturados ao ovo), da Pintura a Óleo, do Afresco. Além disso, suas mãos conhecem bem o toque dos lápis, dos carvões, dos pasteis. Ele mesmo fabrica suas tintas, ou quando as compra prontas é muito cuidadoso na escolha das marcas. Explica sempre aos discípulos o uso e propriedade dos materiais, dando exemplos de sua própria prática, contando causos de sua vida de pintor. Ele usa muito a técnica da têmpera com caseína. A caseína é feita com a proteína do leite, técnica milenar, que ele usa para pintar muitos de seus quadros.

Em 1970 ele ganhou o concurso público para pintar dois murais com 33 metros de comprimento por 4 metros de altura cada um. O trabalho é feito em têmpera sobre madeira e ele usou uma palheta de cores bastante restrita. O tema escolhido por Bandeira de Mello foi o trabalho humano, a relação do homem com a terra, “na pesca, na construção do homem heroico que conquista a vida pelo amor, no lazer do futebol, na simplicidade de tipos que revelam a marca nacionalista e regionalista do homem brasileiro”, diz Angela da Luz. Isso me lembra seu outro grande colega, Candido Portinari, que seguiu esta temática também em seus painéis, em especial o conjunto “Guerra e Paz”, que pertence às Nações Unidas e está no prédio de New York.

Atualmente, os dois painéis de Bandeira de Mello se encontram no prédio da Caixa Cultural, centro do Rio, inaugurado em junho de 2006. Em sua vasta obra, espalhada por vários lugares do Brasil, Bandeira de Mello já participou de dezenas de exposições coletivas e individuais. Seu trabalho também está presente no acervo do Museu Nacional de Belas Artes do Rio.

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Uma miúda amostra da extensa produção deste artista brasileiro:















segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Ateliê Contraponto muda de endereço

Novo endereço do Ateliê Contraponto
O Ateliê Contraponto de Arte Figurativa, dos artistas Mazé Leite, Alexandre Greghi e Luiz Vilarinho, acaba de mudar de endereço. A localização agora é na Avenida Angélica, um local mais acessível e de maior visibilidade, ainda mais próximo ao metrô Paulista.

O Ateliê Contraponto foi concebido para ser um espaço que, entre outras atividades, ofereça cursos de desenho, pintura a óleo e aquarela seguindo um método baseado no estudo das obras dos grandes mestres da pintura, dando bastante ênfase ao aperfeiçoamento técnico a partir do desenho que, historicamente, tem sido o grande diferencial para a construção de todo grande artista.

Com orientação dentro da linha de pensamento dos mestres da pintura, em especial a realista, o Contraponto busca a expressão individual conquistada pelo aprimoramento da técnica, pois falar de arte pictórica é falar de Belas Artes.

Além das aulas de Desenho, Pintura e Aquarela, que continuarão a ser oferecidas e orientadas por artistas experientes, o Ateliê Contraponto também oferece:

– Galeria de exposições
– Aulas de modelo vivo
– Oficinas e workshops com artistas convidados
– Evento “Sexta com Arte”
– Espaço para convivência entre artistas

O novo espaço do Ateliê Contraponto é ainda mais amplo, mais arejado, e bastante charmoso.

Venha conhecer o NOVO Ateliê Contraponto!

Novo endereço:
Avenida Angélica, 2.341 - Higienópolis
São Paulo - SP
Próximo ao metrô Paulista
(a três casas da rua Maceió)

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Desenhos gestuais

Parte do aprimoramento técnico do pintor é a prática diária do desenho. Isso faz uma enorme diferença para a pintura, pois se sabe que por trás de uma grande obra de arte há um edifício técnico e teórico muito consistente.

Abaixo, uma amostra dos meus últimos estudos:














quinta-feira, 19 de março de 2015

Um dia pra comemorar

Parte do meu trabalho de pintura a óleo no Ateliê Contraponto

Hoje o Ateliê Contraponto completa um ano que foi inaugurado, no dia exato do meu aniversário! Dia de festejar, de me alegrar com um sonho que está sendo realizado dia a dia. Neste espaço muito charmoso da Travessa Dona Paula, em São Paulo, tenho produzido bastante, junto com meus parceiros; desenhamos quase diariamente, pintamos e damos aulas de pintura a óleo e desenho. E vamos crescendo!

Este Blog está perto de completar 400 mil acessos! Ele também tem sido um espaço importante onde eu possa colocar minhas ideias, meus estudos, minhas pesquisas sobre Arte. Ele tem sido útil para muita gente também, o que me faz muito alegre, porque é para isso que ele também existe.

Um dia desses, recebi um telefonema de Isabel Rocha Mattoso. Não a conheço pessoalmente, ainda. Mas ela me deu um feedback muito incentivador sobre os textos que produzo e publico neste blog. Ela me enviou um poema, que transcrevo abaixo, exatamente hoje, com tanta coisa para comemorar! Obrigada, Isabel, e a todos os leitores deste blog! Obrigada a todos os meus alunos e todos os amigos do Ateliê Contraponto! Obrigada a todos os meus amigos, por serem quem são não minha vida, cada um do seu jeito!

Longa vida ao Ateliê Contraponto!

Longa vida a este Blog que fala de Arte!

Longa vida para todos nós!



Imagens de um mundo sem fim

(Para Mazé, que sabe pintar!)

 Isabel Mattoso


Minha tela é um papel de qualquer cor
O que a  colore de verdade são palavras
Atrozes, algozes, que me forçam ao limite do que sei
Do que não sei, do que penso saber
Do  que virei a  saber, do que jamais saberei.

O que colore o papel  do poeta é a intuição da forma, da cor, das sombras que avançam sobre a tarde evanescente.
É o saber que caminha nos espíritos muito antes de cada nascimento
E que  continuará  sua jornada muito depois de cada morte
Ele apenas atravessa o  ser e tento capturá-lo neste  breve instante
Para  deixá-lo partir nas letras que se amontoam em palavras que se abraçam e tomam  corpo e alma. 
Minha tela de folhas de papel barato   inveja as pinturas  impressionistas, realistas, hiper realistas,
Os mestres do quatroccento, do barroco, do cubismo, fauvismo, do pontilhismo,do expressionismo, do surrealismo... De qualquer movimento,  de todos os tempos,
As gravuras e esculturas  que arranham , modelam , cinzelam matrizes e recriam o mundo.

A fruta sobre a mesa, a dobra da saia, o olhar  que nos alcança do passado
O brinco de pérola, a girafa em chamas, cada madona
O cristo crucificado, o café em paris, o girassol,
O grito , as mulheres da oceania, as bailarinas, as cerâmicas,
O jardim e a ponte , o onda gigante , o oriente num haikai de imagens  de delicadeza sem fim
Jazz, o volga, o sena, as cavernas e os bisões, o desenho da criança e seu traçado incerto...
Os olhos azuis, as bandeirinhas, o sertão
O touro, a dor, um povo, a guerra, o prazer velado e o descarado
A intimidade devassada, ainda que permitida
As portas do inferno se abriram para que pudéssemos  enxergar  além...

Pobre caneta  de tungstênio,
Ridículo  teclado de plástico preto...
Com que instrumentos banais surgem as palavras
Ainda assim , eu as amo  , as persigo em sonhos e devaneios
As amasso, rasgo,  abraço , professo mil desaforos!
Até que me digam a verdade
Que revelem  o que foi segredado pelo espírito
 Então, como um anelo, a vida em mim se faz real.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Ateliê Contraponto, espaço de resistência


No dia 19 de março de 2014 foi inaugurado em São Paulo o Ateliê Contraponto de Arte Figurativa. Nove meses depois o resultado avaliado é muito positivo. O Ateliê Contraponto já deu os primeiros largos passos para conquistar seu espaço na arte paulistana, o que tende a crescer e transformar esse ateliê em um centro de referência artístico. O espaço é dirigido por mim, Mazé Leite, por Alexandre Greghi, Luiz Vilarinho e Marcia Agostini (artistas e professores). A localização é excelente, dentro de uma vilinha muito agradável entre a rua da Consolação e a Avenida Angélica, próximo do metrô Paulista e de fácil acesso por transporte público.

Em meio ao sistema fechado e exclusivista da chamada arte conceitual contemporânea, que ainda domina o mercado e é gerida por ele, ateliês de pintura figurativa, como o Contraponto, surgem como verdadeiros lugares de resistência. Resistência em nome da boa pintura, da manutenção da qualidade técnica, da prática permanente do desenho como espinha dorsal de uma boa obra; e mantendo-se na trilha demarcada pelos que fizeram as Belas Artes e que carinhosamente os chamamos de “os velhos mestres”.


Esse caminho, o das Belas Artes, tem pelo menos 700 anos se nos vincularmos ao pintor italiano Giotto di Bondone (1267-1337), o que primeiro ousou buscar a sombra e o volume numa pintura. Ou pode ser uma trilha aberta há 534 anos, se considerarmos que o também italiano Tiziano (1480-1576) foi quem começou a dar as primeiras pinceladas fora das linhas do desenho. Ticiano foi um dos pioneiros do estilo pictórico, rompendo os limites da linha, abrindo mão de descrever os detalhes do que via em prol do que era essencial aos olhos. Ou podemos nos vincular ao gênio espanhol de Diego Velázquez (1599-1660) cuja visão das massas de cores e valores abria mão da descrição, do detalhe, em prol da essência. Ou nos remeter a outro gênio, contemporâneo de Velázquez, o holandês Rembrandt van Rijn, o mestre da Luz. Ou simplesmente dizer que continuamos a fazer arte, porque há 25 mil anos atrás seres humanos como nós resolveram usar paredes de cavernas para se expressar pictoricamente. 

Ou seja, estamos muito bem acompanhados neste caminho da Beleza na arte da pintura! Essa companhia toda nos inspira, nos fortalece, nos movimenta.


Este ano, a galeria do Ateliê Contraponto realizou cinco exposições de trabalhos de mais de 60 artistas: a primeira exposição foi a de pinturas de Maurício Takiguthi, pintor realista, que inaugurou o espaço do Ateliê Contraponto; em seguida, 46 pessoas participaram da exposição coletiva em homenagem à uma modelo antiga e intitulada “Vera França Modelo Vivo”; após esta, foi a vez da artista Lise Forell expor mais de 20 obras pintadas ao longo de uma carreira de mais de 60 anos; em seguida, Edson Souza trouxe para o ateliê sua exposição de pinturas de paisagem urbana; para finalizar, Gonzalo Cárcamo e cerca de doze alunos expuseram suas aquarelas como resultado de um ano de trabalho. Em todos estes eventos, mais de 700 pessoas passaram pelo Ateliê Contraponto.


Mas o espaço também serve para a produção pessoal de seus artistas e também para as aulas de Desenho, Pintura a óleo, giz Pastel e Aquarela. Em nove meses de funcionamento, o Ateliê Contraponto encerra o ano com mais de 20 alunos.


Para 2015, o Ateliê Contraponto planeja intensificar ainda mais suas atividades: além das aulas e das exposições, promover workshops com artistas convidados (teóricos e práticos), ter com regularidade sessões com modelo vivo, intensificar os estudos sobre a arte figurativa e estreitar ainda mais os laços com outros artistas e outros ateliês, porque entendo que quanto mais gente, melhor para todos!


O meu sonho pessoal neste Ateliê é que ele seja um espaço coletivo, compartilhado, aglomerador de outros artistas. Um espaço de arte que não entre na prática mesquinha da disputa e da competição, mas que promova a colaboração. Praticar uma arte que vá além da mercadoria! Seguir na busca do Belo como fonte de inspiração e alento para todos! Sentir o prazer intelectual de romper nossos limites, ir além das formas, ultrapassar as bordas do mundo, buscar o que há mais lá dentro, no fundo... escondido dos olhos dos apressados…

Um Feliz 2015 para todos!

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A estrada aberta

Depois de Ilya Repin - estudo em óleo que finalizei neste sábado, dia 14/12, sobre a pintura original do artista russo Ilya Repin, cujo título é "Retrato do compositor Modest Petróvich Músorgski, exposta na Galeria estatal Tretiakov, Moscou, Rússia.
...........................

2013 está terminando, este ano intenso, que exigiu muito de mim, paciência, perseverança, dedicação, mergulho mais profundo nos meus sonhos. Muito estudo, muito aprendizado à beira do meu cavalete.

Mas 2013 também me recompensou: fruto de tanto esforço, tantos e tão antigos sonhos, um deles - o maior - está se realizando: anuncio a todos os leitores deste blog, todos os seguidores, amigos, pessoas de várias partes do mundo que entram por aqui:

Está nascendo o Ateliê Contraponto!


Travessa Dona Paula, 111, a poucos metros da rua da Consolação

O Ateliê Contraponto é resultado de uma associação com mais três amigos que partilham comigo o mesmo caminho na arte figurativa: a realista. São eles: Márcia Agostini, Alexandre Greghi e Luiz Vilarinho. Nossa parceria foi sendo gestada mês a mês, ano a ano, entre as mesas de desenho e os cavaletes de pintura do Atelier de Maurício Takiguthi. Alguma semente foi plantada ali, em algum momento, quando desenhávamos ou refletíamos sobre o mundo da arte. Algo em nós ficou maduro e o fruto está se concretizando em cores muito entusiasmantes!

Nosso Ateliê Contraponto está localizado na Travessa Dona Paula, 111, em Higienópolis, entre a rua da Consolação e a Avenida Angélica. Será um espaço para aulas de desenho e pintura, mas também um espaço para exposições de artistas figurativos de São Paulo, do Brasil e de qualquer lugar do mundo. Será também um espaço para estudo e discussão dos temas mais importantes da arte na atualidade. Para isso, iremos trazer convidados entre artistas e intelectuais ligados ao pensamento artístico e cultural. Também iremos oferecer oficinas e workshops com artistas convidados, nas áreas de desenho, pintura, aquarela, escultura.

O sonho é grande, o sonho é imenso. Mas o caminho apenas começou e a estrada é longa... Mas vamos!


"A pé e de coração leve
eu enveredo pela estrada aberta,
saudável, livre, o mundo à minha frente,
à minha frente o longo atalho pardo
levando-me aonde eu queira.

Daqui em diante não peço mais boa sorte
boa sorte sou eu.
Daqui em diante não lamento mais,
não transfiro, não careço de nada;
nada de queixas atrás das portas,
de bibliotecas, de tristonhas críticas;
forte e contente vou eu
pela estrada aberta.

A terra é quanto basta:
eu não quero as constelações mais perto
nem um pouquinho, sei que se acham muito bem
onde se acham, sei que são suficientes
para os que estão em relação com elas.

(...)

A terra a se expandir
à esquerda e à direita,
pintura viva - cada parte com
a luz mais adequada,
a música a se fazer ouvir onde faz falta
e a se calar onde não é querida,
a jubilosa voz da estrada aberta,
a alegre e fresca sensação da estrada."


(Walt Whitman, Canto da estrada aberta,
em "Folhas das folhas de relva")

Feliz Natal! Feliz 2014 para todos!