quinta-feira, 19 de abril de 2018

Eugène Delacroix em Paris

"A Liberdade guiando o povo", Eugène Delacroix, 1830
O Museu do Louvre de Paris, França, está promovendo uma exposição dedicada à obra do pintor Eugène Delacroix. Reunindo 180 obras, esta retrospectiva ocorre 55 anos após a última mostra organizada em Paris, ocorrida em 1963, quando se completaram 100 anos da morte do artista.

Mesmo sendo um artista razoavelmente conhecido, ainda resta muito a conhecer sobre sua carreira. A exposição atual propõe uma visão sintética, mas renovada, se perguntando sobre o que há inspirado e dirigido a produção prolífica do artista, que pode ser organizada em três grandes períodos.

A primeira parte trata da década de 1822 a 1832, quando da sua conquista e exploração dos poderes expressivos da pintura; a segunda, avalia o impacto da pintura em grandes formatos, com atração pelo monumental; a terceira parte da exposição enfoca os últimos anos da produção de Delacroix, quando ele se voltou para as paisagens e para a descoberta do papel criativo concedido à memória.

Eugène Delacroix também foi um estudioso da teoria e deixou vários textos escritos, o que ajudam a formar uma ideia melhor da genialidade desse grande artista, em permanente renovação.

A exposição, que iniciou em 29 de março, se encerrará no próximo dia 23 de julho de 2018.

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Van Gogh, com amor

O quarto, Vincent Van Gogh, óleo sobre tela, 1888
Eu era muito pequena quando vi, pela primeira vez, a imagem deste quadro acima, "O quarto", de Van Gogh. Ele ilustrava uma revista que meu pai assinava e, assim que pude, recortei-o e colei numa parede do meu quarto. Alguns anos se passaram enquanto eu, todos os dias, enquanto crescia, o contemplava diretamente da minha cama, antes de apagar a luz e dormir. Naquela época não sabia nada sobre pintores, pinturas, mundos longínquos... Mas eu já desenhava, e era imenso o prazer de saber que eu conseguia reproduzir o que via.

Vincent Van Gogh era um pintor muito estudioso, como se pode ver no livro "Cartas a Theo". Observava os raios de luz incidindo sobre o mundo e transferia-os para suas telas, do seu jeito poético de pintar. Era um apaixonado pelas cores e seus efeitos, no mundo e em seus quadros. 

Sua vida não foi uma vida fácil. Quem assistiu ao recente filme "Com amor, Van Gogh", sai do cinema sentindo um pouco da tristeza de sua vida. Eu mesma não sabia o que fazer quando saí do cinema. O filme, esteticamente é lindo, feito por 100 pintores, na Polônia, usando a mesma técnica de Van Gogh. Foram 6 anos de trabalho intenso dessa equipe de pintores.

Quem quiser saber um pouco mais sobre o pintor holandês, CLIQUE AQUI. 

sexta-feira, 16 de março de 2018

Execução

"O 3 de maio em Madrid", Francisco Goya, 1814
Hoje, 16 de março de 2018, esta pintura do espanhol Francisco Goya é ainda mais simbólica do que nunca, em um país, como o Brasil, cuja democracia, há dois anos, começa a desmoronar a passos largos.

Francisco de Goya y Lucientes nasceu em Fuendetodos, província de Zaragoza, em 30 de março de 1756 e faleceu exilado na França em 16 de abril de 1828. (LEIA MAIS AQUI)

Este quadro acima foi pintado por ele, para deixar registrado que este assassinato - esta execução - de líderes populares pelos invasores franceses foi o motivo que provocou o levante do povo, que começou uma guerra por independência da Espanha.

Marielle Franco foi assassinada neste 14 de março, mulher negra, defensora dos direitos dos pobres e pretos das favelas do Rio de Janeiro. Os assassinos são conhecidos: os mesmos que participam do extermínio de jovens negros no Rio e em São Paulo. E pelo Brasil...

Em 1888 - 130 anos atrás - a escravidão foi oficialmente encerrada no Brasil. Encerrada? 

A morte de Marielle ficará impune? - Tomara que assistamos ao Levante do povo, levante definitivo que realmente acabe com toda a exploração, humilhação e mortandade daqueles que carregam na pele a cor de nossos antepassados africanos...

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Fase nova

Uma pausa é necessária, para reconstruir esta ideia de um blog sobre artes plásticas. 

Pois até a vida tem suas marés...

Desde o começo, temos trazido para aqui informações que consideramos importantes sobre o mundo das Belas-Artes que, de tão imenso, mal arranhamos a sua superfície.

Os assuntos são infinitos e, em alguns, a profundidade exige um mergulho maior, e texto mais extenso.

Mas hoje não se leem mais textos grandes.

Por isso, tentarei textos profundos, mesmo que curtos. Usando menos quantidades de imagens e mais análises. Curtas.

Seguimos!

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Os vôos necessários

Franz Kafka no final da vida escreveu alguns pequenos contos, entre os quais "A primeira dor", publicado em 1922, quando a serpente do nazi-fascismo já chocava seu ovo...

"A primeira dor" fala de um artista de circo, um trapezista, aquele que vive com a vida por um fio, sobre o abismo. Mas o trapezista amava tanto seu instrumento de trabalho - o trapézio - que jamais se separava dele, vivia pendurado no alto, ou fazendo acrobacias ou simplesmente quieto enquanto outros apresentavam seus espetáculos. Ele passara a vida inteira como artista de circo; era o que sabia fazer. E amava fazer.

Desde que me entendo por gente, vivo pendurada em meu próprio trapézio: meu amor pela pintura. A vida inteira fui ao encontro dela, me perdi dela, corri atrás, fugi, ela me alcançou, me agarrei a ela como uma náufraga... Do alto do meu sonho, balanço entre um susto e outro, sabendo que é preciso ir além do medo. Pintar me reinventa. Ensinar pintura é um risco ao qual o meu trapézio me balançou para ainda mais alto. O frio na barriga também traz o prazer do risco, o espaço aberto, o chamado do vôo...

Nas vertigens do caminho, o Ateliê Contraponto caiu em minhas mãos e eu precisei enfrentar todos os medos, executando novas acrobacias. Oscilando no meu próprio céu, me movimento dentro do meu sonho, sabendo que os abismos do tempo atual podem me ameaçar. Mas meu vôo é firme, pois criei asas no desejo de permanecer grudada a meu trapézio até o final do espetáculo.

E o Ateliê Contraponto segue como espaço de resistência... mesmo em um momento em que, de novo, aquela velha serpente volte a chocar seu ovo... 

Mas a pintura resiste!

Que venha 2018!

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Abaixo, registros da exposição de final de ano no ateliê, ao final do quarto ano de trabalho:
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Desenhos e pinturas de alunos do Ateliê Contraponto: Sarah Hounsell, Taïs Isensee,
Virgínia Morais, Guilherme Martinez
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Pinturas a óleo de Taïs Isensee
Pinturas a óleo de Virgínia Morais

Desenho de Ananda Campos, à esquerda. Ao centro e direita, desenhos de Fernando Correia

Desenhos com giz-pastel e carvão de Sarah Hounsell
Desenho e pintura de Paulo Marianno
Desenho com lápis-grafite de Rubi Conde

Pinturas com Guache de Maria Fucatu

Pinturas a óleo de Guilherme Martinez