sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Carlos Drummond: O presente é tão grande!

Em momentos de sentimentos sombrios aflorando na esteira da mediocridade conservadora, um mineiro poeta nos convida: "NÃO NOS AFASTEMOS MUITO, VAMOS DE MÃOS DADAS! Poesia e Arte é sempre o melhor antídoto para maus sentimentos.




Mãos dadas
Carlos Drumond de Andrade

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.


Não serei o cantor de uma mulher, de uma história,
não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela.
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida,
não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins.


O tempo é a minha matéria. O tempo presente, os homens presentes, a vida presente.

2 comentários:

  1. Oi, Mazé: Boa lembrança sua, este poema de Drummond, ele, que teve seus livros Obra Completa (da Nova Aguillar)Amor Natural, Corpo e Farewell censurados pela gestão Serra, que considera que nem mesmo professores podem ler esses livros "perigosíssimos".

    ResponderExcluir
  2. Oi, Mazé: Boa lembrança sua, este poema de Drummond, ele, que teve seus livros Obra Completa (da Nova Aguillar)Amor Natural, Corpo e Farewell censurados pela gestão Serra, que considera que nem mesmo professores podem ler esses livros "perigosíssimos".

    ResponderExcluir