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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Exposição de Caravaggio no Masp

Caravaggio: São Francisco meditando
Foi aberta hoje, 2 de agosto, ao público a exposição “Caravaggio e seus seguidores”, no Masp, em São Paulo. Antes das onze horas, umas quarenta pessoas em fila aguardavam a abertura da maior exposição do mestre do Barroco na América do Sul. A mostra passou antes por Belo Horizonte, Minas Gerais, na Casa Fiat de Cultura e recebeu um público de cerca de 80 mil pessoas. A expectativa é que em São Paulo, o público atingido seja bem maior, pela importância desse evento.
O curador brasileiro da exposição, Fábio Magalhães, explicou que essas sete obras do pintor italiano representam 10% de sua produção, que chegou a umas 70 pinturas. Mas uma boa parte delas estão em igrejas italianas, enquanto outras pertencem a acervo de museus que não as emprestam.

As obras de Caravaggio expostas no Masp são:
São Jerônimo escrevendo / São Francisco em meditação / Medusa Murtola / Retrato do Cardeal / São João Batista alimentando o cordeiro / São Januário degolado / Cópia de São Francisco em Meditação - autor desconhecido - séc. XVII / Cópia de Os Trapaceiros - autor desconhecido - meados do séc. XVII.

Artemisia Gentileschi: Madalena desmaiada
Entre os antigos seguidores do mestre, estão presentes nessa exposição:
Artemisia Gentileschi (1593-1653): tela “Madalena desmaiada”
Bartolomeo Cavarozzi (1587-1625): tela “Virgem com o menino”
Giovanni Baglione (c.1566-1643): tela “Ecce homo”, 1606, óleo sobre tela, 163 x 116 cm, Galleria Borghese, Roma
Giovanni Battista Caracciolo (1578-1635):tela “Lot e as filhas”
Hendrick van Somer (1615-1684/85): “São Jerônimo”
José de Ribera (1591-1652): tela “São Tiago Maior”
Leonello Spada (1576-1622): tela “Coroação de espinhos”
Mattia Preti (1613-1699): tela “Negação de Pedro”
Orazio Borgianni (1574-1616): tela “Autorretrato”, 1614-15, óleo sobre tela, 55 x 39 cm, Galleria Nazionale d’Arte Antica di Palazzo Barberini, Roma
Giovanni Baglione: "Ecce homo"
Orazio Gentileschi (1563-1639): “Maria Madalena”, séc. XVII, óleo sobre tela, 82,3 x 68,5 cm, Coleção privada
Orazio Riminaldi (1593-1630): tela “Sacrifício de Isaac”
Simon Vouet (1590-1649): tela “Herodíades com a cabeça do Batista”
Tommaso Salini (1575-1625): tela “Interior de cozinha (o macaco e o gato)”
Valentin de Boulogne (1591-1632): “Santa Família com São João Batista”

Não são somente estes os pintores considerados “caravaggistas”. Caravaggio deixou seguidores em diversos países. São eles, os italianos: Bartolomeu Manfredi, Carlo Saraceni, Cecco del Caravaggio, Carlo Selitto, Giovanni Serondine, Massimo Stanzione, Bernardo Cavallino, Cesare Fracazano, Mario Minniti, Giuseppe Vermiglio; os franceses:  Georges de La Tour, Nicolas Tournier, Louis le Nain e Antoine Le Nain, além de Simon Vouet e Valentin de Boulogne, presentes nesta exposição. E mais os espanhois, além de Ribera: Francisco de Zurbarán, Bartolomeu Esteban Murillo, Francisco Ribalta, Juan Bautista Maíno e Diego Velázquez.
Mas também influenciou diversos outros pintores flamengos e holandeses, como Rembrandt, Vermeer, Rubens, Franz Hals, Van Dyck, entre outros.

A exposição segue até o dia 30 de setembro, depois seguindo para Buenos Aires, na Argentina. O evento faz parte do “Ano da Itália no Brasil”.

MASP
Avenida Paulista, 1578 - metrô Trianon
De terça a domingo: 11h às 18h
Terças-feiras: Entrada grátis
Quintas-feiras: aberto até às 20h
Entrada: R$ 15,00




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POSTS SOBRE CARAVAGGIO E OS CARAVAGGESCOS:

José de Ribera, caravaggesco

terça-feira, 31 de julho de 2012

Caravaggio e seus seguidores


São Jerônimo escrevendo, 1605-06, Galeria Borghese, Roma


O Museu de Arte de São Paulo – MASP – inaugura a partir desta quarta-feira, dia 1 de agosto, a exposição “Caravaggio e seus seguidores”. Serão 7 pinturas do mestre do Barroco e mais 14 de alguns de seus seguidores, os chamados pintores caravaggescos. Esta mostra já passou por Belo Horizonte, na Casa Fiat de Cultura.
Segundo o portal do MASP, a mostra será dividida em três grupos, que passam por diversas fases da vida do pintor italiano: os trabalhos consagrados e conhecidos, as novas descobertas, e obras que ainda não se garante que foram pintadas por ele. De qualquer maneira, é a maior mostra em solo brasileiro da obra deste grande pintor que segundo um de seus principais estudiosos e responsável por divulgá-lo no Ocidente, Roberto Longhi, tinha uma “verdadeira obsessão” por pintar a realidade.
A primeira vez que quadros de Caravaggio chegaram ao Brasil, foi em 1954, na comemoração do IV Centenário da cidade de São Paulo, e vieram três pinturas: “Sacrifício de Isaac”, “Ceia em Emaús” e “David com a cabeça de Golias”. Em 1998, vieram duas outras telas, também para o MASP: “Narciso” e “Os Trapaceiros”.
Desta vez serão sete, o que já é uma boa mostra da capacidade pictórica deste que foi um dos grandes revolucionários da pintura ocidental, influenciando gerações de pintores de todos os cantos do mundo. Gigantes do tipo de Rembrandt, Vermeer, Velázquez, Van Dyck, José Ribera, Gustave Courbet, só para citar alguns, não fariam o que fizeram sem Caravaggio. Não existem mais de 70 obras de Caravaggio no mundo e elas estão espalhadas em pequenas quantidades por diversos museus importantes, mas se concentram basicamente na Itália.
Segundo os organizadores desta exposição, foram dois anos de negociação com museus italianos para que as obras fossem liberadas. Entre elas, “São Jerônimo que escreve”, da Galeria Borghese de Roma; “São Francisco em meditação”, do Palazzo Barberini também de Roma; e a “Medusa Murtola”, de colecionador privado. Em Belo Horizonte só foram mostradas seis pinturas dele, porque a sétima, “São João Batista alimentando o cordeiro” somente chegou ao Brasil no mês de julho.
Entre os caravaggescos, estarão: José RiberaArtemísia Gentileschi, Orazio Gentileschi, Simon Vouet, entre outros. Até o final desta semana, estarei publicando aqui neste blog um estudo que estou fazendo sobre o livro de Roberto Longhi, Caravaggio, da editora Cosac Naify, abordando mais especialmente a atração que o mestre tinha a respeito de se manter fiel à realidade. Caravaggio foi também por isso um dos grandes inspiradores dos pintores realistas que lhe seguiram os passos.
No prefácio do livro, apresentado por Lorenzo Mammi, ele explica que Roberto Longhi produziu textos e organizou exposições com a finalidade de tornar Caravaggio conhecido no Ocidente. Mas antes, a literatura voltada para o estudo das artes já havia reconhecido nele “uma inegável eficácia e uma extraordinária habilidade na reprodução do real”. Em Caravaggio, como mostra Longhi – e falarei aqui – a luz é o guia de sua pintura, como se nada existisse a não ser o que “o raio luminoso desvela”, como observa Mammi.
Retrato de Caravaggio, por Ottavio Leoni, 1621
Caravaggio teve uma vida muito atribulada. Perdeu os pais quando ainda era criança, e passou a maior parte da sua vida em Roma. Ele teve um irmão, que se tornou padre e homem de letras, com quem Caravaggio quase não conviveu. Um dia, quando o pintor já era famoso em Roma e arredores, Battista, seu irmão, resolveu procurá-lo. E Roberto Longhi pergunta: “Quem poderá explicar por que, naquele certo dia, afirmando ser sozinho no mundo, ele negou, cara a cara, reconhecer o irmão padre, “homem de letras e bons costumes” que dizia ter vindo de tão longe para revê-lo?” Porque antes, desconhecido e na miséria, Caravaggio nunca recebera a visita do irmão.

Entre os 20 e os 30 anos de idade, Caravaggio atravessava, “por assim dizer, Roma inteira”. Brincava com seu cão preto, estudava seus quadros, jogava pela, frequentava as prostitutas, ia às tabernas onde tinha amigos “de todas as raças e extrações”, se embriagava de vinho e partia para as ruas em gritaria, lançando palavrões para a polícia, se envolvendo em brigas com seus rivais, jogando pedras na janela da senhoria. Os frequentadores das tabernas também eram os comerciantes de quadros, estudantes, livreiros, artistas, como o arquiteto Onorio Longhi, amigo íntimo de Caravaggio. Assim como Orazio Gentileschi, presente nesta exposição do MASP, que mais tarde muda-se para Londres e deixa a barba pontuda à la Van Dyck. Nas tabernas também iam os pintores franceses e flamengos que vinham a Roma estudar. 

Ou seja, o pintor Caravaggio era um homem inquieto, desassossegado. Mas que foi capaz, sozinho, de resistir a um período em que todos deveriam se submeter aos gostos da época, inclusive pictóricos. Por isso ele foi além, foi gênio e revolucionou a arte da pintura.

A curadoria da exposição é de Fábio Magalhães, museólogo; Giorgio Leone, do Patrimônio Histórico do Polo de Museus de Roma; e Rosela Vodret, do mesmo órgão italiano.

Saiba mais aqui.

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CARAVAGGIO E SEUS SEGUIDORES
De 2 de agosto a 30 de setembro de 2012
MASP: Avenida Paulista, 1.578
Aberto de terça a domingo, das 11h às 18h
Às quintas-feiras, das 11 h às 20h
Entrada: R$ 15,00 – GRÁTIS ÀS TERÇAS-FEIRAS
São João Batista alimentando o cordeiro
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