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quarta-feira, 1 de junho de 2011

Desenhos de mar


"... cantando espalharei por toda parte

se a tanto me ajudar o engenho e a arte"
(Os Lusíadas, de Camões)



Tempos desses, numa praia do sul, no inverno, sem vento, mar gelado. E aquilo tudo ali à minha frente: mar, pequenos barcos, gaivotas, ondas, areia... deu a impressão de que o Real se magnificou ali na minha frente, e registrei aquilo ali em desenhos e no poema abaixo: 



À beira-mar


Onde está o vento?
Tento mais a mais me adaptar
ao imprevisto sopro dos ventos
me inventando a cada instante
criando a mim mesma
para ser possível a dança do momento.


Mas agora não há vento por aqui:
há um mar gelado, gaivotas, nuvens... e faz frio...
Hoje eu não sou o vento que sopra de todas as partes.
Hoje?
      - Eu aguardo o rumo dos acontecimentos
        sem o vento
        eu, como este barco solitário e inerte
        aguardo meu marinheiro...


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O poema veio original e estranhamente em francês:


Au bord de la mer

Où est le vent?
J'essay de plus en plus m'adapter
au imprévu souffle des vents
en inventant à moi même à chaque instant
en créeant à moi même
pour être possible la dance du moment.

Mais maintenant n'a pas de vent ici
il y a une mer de glace, des mouettes, des nues... il fait froid...
Aujourd'hui je ne suis pas le vent qui souffle de toutes parts
Aujourd'hui?
      - J'attends le chemin des èvènements
      sans les vents
      Moi, comme cette barque solitaire et inerte,
      j'attends mon marin.


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Enquanto isso, outras histórias se passavam por ali:
Um urubu tava por ali comendo um pedaço de peixe...


... e outro urubu se aproximava
mas as gaivotas eram maioria...
elas se espalhavam pela praia e pelo trapiche...

disputando com pessoas que iam ver o mar.