"... cantando espalharei por toda parte
se a tanto me ajudar o engenho e a arte"
(Os Lusíadas, de Camões)
(Os Lusíadas, de Camões)
Tempos desses, numa praia do sul, no inverno, sem vento, mar gelado. E aquilo tudo ali à minha frente: mar, pequenos barcos, gaivotas, ondas, areia... deu a impressão de que o Real se magnificou ali na minha frente, e registrei aquilo ali em desenhos e no poema abaixo:
Onde está o vento?
Tento mais a mais me adaptar
ao imprevisto sopro dos ventos
me inventando a cada instante
criando a mim mesma
para ser possível a dança do momento.
Mas agora não há vento por aqui:
há um mar gelado, gaivotas, nuvens... e faz frio...
Hoje eu não sou o vento que sopra de todas as partes.
Hoje?
- Eu aguardo o rumo dos acontecimentos
sem o vento
eu, como este barco solitário e inerte
aguardo meu marinheiro...
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O poema veio original e estranhamente em francês:
Au bord de la mer
Où est le vent?
J'essay de plus en plus m'adapter
au imprévu souffle des vents
en inventant à moi même à chaque instant
en créeant à moi même
pour être possible la dance du moment.
Mais maintenant n'a pas de vent ici
il y a une mer de glace, des mouettes, des nues... il fait froid...
Aujourd'hui je ne suis pas le vent qui souffle de toutes parts
Aujourd'hui?
- J'attends le chemin des èvènements
sans les vents
Moi, comme cette barque solitaire et inerte,
j'attends mon marin.
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Enquanto isso, outras histórias se passavam por ali:
Um urubu tava por ali comendo um pedaço de peixe... |
... e outro urubu se aproximava |
mas as gaivotas eram maioria... |
elas se espalhavam pela praia e pelo trapiche... |
disputando com pessoas que iam ver o mar. |