O urso com a árvore, símbolo da Espanha |
Meu almoço: primero plato, una ensalada russa, mui buena y bien servida. Segundo plato, um peixe com salada de batata. Acompanhando, 2 taças de vinho da região de Rioja que, segundo outro amigo, Adalberto, parece que produz os melhores vinhos espanhois. Como postre (sobremesa), um pudim de leite com chantilly, enrome. Ao final um café. Preço de tudo isso? Onze euros somente!
Na Plaza Mayor, aglomerações de turistas. Nesta Plaza aconteceram grandes execuções públicas de bandidos, mas também de revolucionários. Aqui crepitaram as fogueiras e os julgamentos da Inquisição. É uma construção quadrada, com prédios de 3 andares colados uns nos outros. Há uma estátua equestre no centro, da qual eu fiz um sketch rápido. Enquanto desenhava, uma moça se aproximou e ficou me filmando enquanto eu desenhava. Não sei que lingua ela falava, não parecia espanhola. Ri para ela, que aprovou meu desenho. Nem posso posta-lo aqui agora, porque o cartão SD da minha câmera não está cabendo na entrada do netbook que estou usando...
Vi alguns mendigos na Plaza Mayor. E muitos artistas de rua em muitos lugares. Um deles era tenor e cantava uma ópera ao ar livre. Alguns passavam e depositavam suas moedas na caixinha em frente a ele. Outros tocavam sozinhos seu violão. Outros, cantavam em grupo. Um desses artistas de rua assustava os que passavam do lado. Só aparecia seu rosto, pintado com cores escuras como um personagem de filmes de terror e do seu lado uma cara de cão malvado, do outro uma cara de lobo assustadora. Aos desavisados que passavam muito perto, ele gritava e mexia as cabeças dos bichos, assustando as pessoas e fazendo rir os que assistiam à cena. Quando se depositava uma moeda em sua caixinha, se era homem, ele gritava mexendo as cabeças: Muchas gracias! Se era mulher, ele era mais suave... Muito engraçado!
Na Gran Via, às sete da tarde (ainda muito claro por aqui) vi minha primeira manifestação contra a crise: um grupo de uns cem espanhois faziam muito barulho e se transformavam em mil. Com cartazes atacando "banqueros y gobierno" gritavam: "Usted ahi mirando, también te estan robando!" Concordei com eles, fiquei um pouco observando a cena, vi que um carro da polícia acompanhava tudo de perto. Senhoras e senhores idosos também estavam lá e também gritavam: o velho e bom sangue espanhol! Acá y en esta lucha, somos todos hermanos! Contra el capitalismo!
Uns metros abaixo desta manifestação, na esquina da Gran Via com a Calle Fuencarral, onde estou hospedada, havia um outro mendigo: inteiramente vestido de palhaço, rosto pintado e nariz de borracha vermelho. Mas não ria nada. Cheguei perto e observei: era um senhor já idoso, se viam as rugas atrás da maquiagem... Seria um palhaço desempregado? Seu circo teria sido extinto e ele estava sozinho no mundo, sem seus companheiros? Deu vontade de saber sua história. Depositei uma moeda de 1 euro em sua caixinha. Ele falou um "Gracias" com voz baixa e cansada, sem se mover. Lembrei-me do filme de animação "O Ilusionista". Deu pena dos artistas sem trabalho... Deu vontade de chorar...
Academia Decinti
Ainda no Brasil eu tinha descoberto dois pintores daqui que mantém uma escola de arte no bairro de Chamarti. Peguei o metrô na estação da Puerta del Sol e desci quatro estações depois, na Iglesia, que também fica ao lado do Museu Sorolla, que irei visitar hoje. O ateliê não é muito grande, mas tinha umas dez pessoas trabalhando lá, junto com Alejandro, um dos professores. O outro é Oscar. Me apresentei e eles me receberam muito bem muito simpáticos. Conversamos bastante, ele me disse que seguem a estética da pintura espanhola e mais especialmente a de Joaquín Sorolla. Resultado da conversa: a partir desta segunda irei fazer um curso intensivo no ateliê deles, 4 horas por dia, de segunda a sexta. Ele me disse que irei utlizar uma palheta de cores primárias, mais preto e branco. Vou fazer a experiência de pintar sem tons de terra. Saí de lá muito feliz e com uma grande expectativa de estudar um pouco com eles aqui em Madrid!