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terça-feira, 13 de junho de 2017

Do pensamento simbolista, surge o ‘Mundo da Arte’


"Membros do movimento Mundo da Arte", pintura de Boris Kustodiev, 1916-1920
O grupo de artistas e intelectuais que se uniu no que ficou conhecido como “Mundo da Arte” (Mir Iskusstva, em russo), foi contemporâneo e bastante semelhante aos pintores simbolistas franceses, conhecido como “Les Nabis”. É o que aponta a pesquisadora Camilla Gray em seu livro “O grande experimento. Arte russa.”, que também narra:

“Emergiu de uma sociedade de colegiais, o ‘Pickwickianos do Neva’, que se tinha transformado numa ‘sociedade para a auto-educação’ sob a liderança de Alexander Benois em fins de 1880. A escola que todos frequentavam, o Colégio May, era uma instituição privada de classe média alta para os filhos da intelligentsia abastada de São Petersburgo, muitos dos quais de ascendência estrangeira”.

Era este o perfil dos membros do grupo que surgiu como um movimento no começo dos anos 1890, também paralelo ao movimento “Art-Nouveau” europeu. Eles desejavam representar “a vanguarda artística na Rússia” no final do século XIX e começo do XX. Era uma sociedade, que organizava exposições e depois editou uma revista.

Os artistas deste grupo - desenhistas, escritores, poetas e pintores - queriam influenciar a sociedade “e inspirar nela uma atitude desejável para com a arte - arte entendida em seu sentido mais amplo, o que vale dizer: incluindo literatura e música”.

"Alexander Benois", por Leon Bakst, 1898
Um de seus principais líderes foi Alexander Benois (1870-1960), desenhista teatral, produtor, crítico e historiador de arte. Nasceu em São Petersburgo, de família com ascendência alemã, francesa e italiana, e que pertencia a uma colônia estrangeira em São Petersburgo, criada na época em que o czar Pedro, o Grande, tinha trazido artistas do Ocidente para a Rússia, com o fim de ocidentalizar a cultura local, no século XVII.

A família Benois teve uma sucessão de artistas talentosos (incluindo arquitetos) que haviam dado uma grande contribuição à ocidentalização da Rússia. Os Benois não simpatizavam com as ideias de valorizar a cultura russa original, que consideravam bárbara e provinciana “e ao contrário de seus contemporâneos, seus membros não se desligaram do Ocidente”. Pelo contrário, por suas origens europeias, acompanhavam as ideias contemporâneas francesas e alemãs, assim como as italianas. Benois frequentou por apenas um ano as aulas de desenho - seu único aprendizado em arte - na Academia de Belas-Artes de São Petersburgo. 

Esta faceta internacional era a característica básica de o Mundo da Arte. Traziam a ideia da “arte como salvação da humanidade, o artista como sacerdote dedicado, e sua arte o caminho da verdade e beleza eternos.” O Mundo da Arte queria restaurar na Rússia a cultura que havia se perdido durante o período em que o movimento “Os Itinerantes”  (leia mais aqui) influenciou artistas e intelectuais russos. 

“Seu alvo era criar na Rússia um centro essencialmente internacional que contribuiria, pela primeira vez, com a corrente principal da cultura Ocidental.”

Retomaram o estudo das ideias alemãs, francesas e inglesas e fizeram uma reaproximação com o legado das reformas feitas por Pedro o Grande e por Catarina, que tinha sido totalmente desprezado pelos “Os Itinerantes”. 

Entre os “Pickwicknianos do Neva” (os fundadores do Mundo da Arte), estavam Dmitri Filosofov, Konstantin Somov e Walter Nuvel. Dmitri “Filosofov era um rapaz bonito e elegante”, filho de um importante membro do governo, um aristocrata - “era escritor, mas não muito criativo” - apresentou ao grupo o escritor Dimitri Merezhkovsky, “pensador religioso simbolista que contribuiu com a veia mística para as discussões do grupo.” Os membros do grupo se reuniam quase todos os dias, após as aulas, na casa de Benois. 

Revezavam-se em palestras, interrompidas por constantes risadas e gracejos, que as frequentes chamadas à ordem de Benois, sacudindo o sino de bronze da mãe, não conseguiam dominar totalmente”. Falava-se especialmente sobre artistas alemães, de Dürer a Liebermann e Corinth. Benois escreveu mais tarde que, nessa época, os impressionistas franceses não eram conhecidos na Rússia, sendo introduzidos somente após as exposições do Mundo da Arte no começo do século XX. Ele dizia que o livro de Émile Zola “A obra”, publicado em 1918, foi a primeira fonte de ideias impressionistas na Rússia.

Benois conheceu na Academia o estudante de arte Lev Rosenberg, que era pintor e desenhista teatral, mas cujo nome artístico ficou Leon Bakst, em homenagem ao avô. Apesar de ser o único que tinha origem mais pobre, Bakst se tornou líder do grupo e seu primeiro artista profissional - era dos “mais ferrenhos propagandistas do anti-academicismo, pois havia experimentado em primeira mão o frequente preconceito acadêmico contra qualquer coisa que ultrapassasse a fórmula tradicional”. 

Antes, ele também tinha sido aluno de Pavel Chistyakov e estava plenamente convencido do valor do realismo na pintura. Havia feito uma madona como uma velha de olhos vermelhos, vertendo lágrimas sobre o filho morto. Esta tela estava participando de um concurso com o tema “Pietá”. Quando Bakst foi chamado pelo júri, viu sua tela riscada com duas linhas de giz. Ficou furioso! Resolveu, depois disso, se juntar ao grupo Mundo da Arte por sua posição radical contra a Academia (mas que também era contra “Os Itinerantes”).

No final dos anos 1890, chegou a São Petersburgo um primo de Filosofov, Sergei Diaghilev, que logo foi apresentado ao grupo, com o qual não se identificou de imediato, comparecendo às reuniões com pouca frequência.

Após a formação escolar no Colégio May, a maioria dos alunos, como era de costume, foi para a Europa passar um ano, antes de entrar na Universidade de São Petersburgo: Benois tinha ido para a Alemanha, para se familiarizar com a arte contemporânea de Munique; Filosofov e Diaghilev tinham ido para Paris e voltaram bastante impressionados com as obras de Zuloaga, Puvis de Chavannes e do pintor escandinavo Anders Zorn.

Em 1893, um diplomata francês, Charles Birlé, que estava a serviço do consulado francês em São Petersburgo, foi apresentado aos “Pickwicknianos do Neva”, com quem ficou durante um ano e apresentou a eles os impressionistas franceses, em especial Gauguin, Seurat e Van Gogh.

Sergei Diaghilev era o menos criativo de todos do grupo, mas o mais prático. Por isso, logo que surgiu a ideia de publicar uma revista, como nenhum dos outros tinha aptidão prática para coordenar uma empresa como esta, o escolhido foi Diaghilev, que também era o responsável pela organização das exposições de arte. Em 1895 ele havia ido ao exterior e adquirido muitas pinturas para sua coleção.

O ano de 1896 foi um ano de dispersão do grupo. Benois, formado na universidade e casado, mudou-se para Paris, assim como outros que também foram para o estrangeiro.

Mas em 1897, Diaghilev retomou o grupo e organizou duas exposições: “Aquarelas inglesas e alemãs” e “Pintores escandinavos”. Em 1898 organizou a “Mostra de pintores russos e finlandeses”. Estas exposições foram grandes eventos artísticos e marcaram o Mundo da Arte como uma “sociedade de exposições”. 

Resolveram que era chegada a hora de ter uma revista, também intitulada Mundo da Arte. Mais uma vez o papel de organizador principal coube a Sergei Diaghilev, que, aliás, não era artista. Mas como o custo de produção era muito alto, procuraram o apoio da princesa Tenisheva, que tinha um centro de artes instalado em sua propriedade e era muito amiga de Benois; assim como o de Sava Mamontov, que havia se recuperado da falência e dirigia uma indústria cerâmica. O primeiro número de Mundo da Arte saiu em 1898, uma edição caprichada, que levou um ano para ser produzida, com clichés feitos na Alemanha.

Benois havia voltado de Paris e escreveu dois artigos iniciais: sobre os impressionistas franceses e sobre o pintor alemão medieval Pieter Brueghel. Este último artigo foi recusado, por não ser “suficientemente moderno”.

O grupo já havia se dividido em duas visões distintas: uma de esquerda, que “eram pelo ‘novo’ acima de tudo, e que, por princípio, atacavam tudo o que consideravam limitado, provinciano ou antiquado”; outros membros se posicionavam mais à direita, eram conservadores.

Na revista, Filosofov também publicou textos de representantes da primeira geração de simbolistas da literatura russa. 

Capa da revista Mundo da Arte, 1899,
por Jelena Dmitrijewna Polenowa
O Mundo da Arte, observa Gray, “inspirava-se na ideia de uma arte que existisse autonomamente, não subserviente a um tema de propaganda religioso, político ou social. (...) A Arte era vista como uma forma de experiência mística, um meio através do qual a beleza eterna poderia ser expressa e comunicada - quase um tipo novo de religião.”

O Simbolismo estava em alta em vários países da Europa Ocidental, como a França, e também tinha alcançado a Rússia. Na literatura, os escritores religiosos Merezhkovsky e Rosanov eram comparados aos franceses Baudelaire, Verlaine e Mallarmé.

No primeiro número da revista, incluiu-se ilustrações dos artistas do “Art-Nouveau” de vários países. Entre eles, os franceses Puvis de Chavannes (que teve muitos seguidores na Rússia), Monet e Degas. 

No último ano de publicação da revista, em 1904, ela se voltou mais para os artistas franceses, publicando-se nela imagens de obras pós-impressionistas. Mas os membros do grupo também nutriam ainda mais simpatia para com os artistas secessionistas de Viena, Böcklin e da Escola de Munique. O grupo publicou o último número da revista Mundo da Arte com a certeza de que havia cumprido o papel de restabelecer contato com a vanguarda artística europeia ocidental, preparando o terreno para uma “cultura internacional” na Rússia. 

Eles também haviam se voltado para a moda francesa recente de admirar a arte folclórica e primitiva, coisa que já havia atraído o interesse dos artistas do Círculo de Mamontov

“Contatos entre o movimento nativo de Moscou e o trabalho de Gauguin, Cézanne, Picasso e Matisse começaram em 1904 e continuando até 1914. Seu trabalho foi marcado por uma sucessão de exposições históricas, continuação lógica do movimento Mundo da Arte”.

Desde a exposição de 1900, as mostras de arte do grupo se voltaram mais para os artistas russos. Mas “havia duas tendências nesse estilo novo que poderiam ser, grosso modo, definidas como as escolas de S. Petersburgo e a de Moscou: a escola da linha e a escola da cor.” Falaremos delas mais abaixo.

Da escola de São Petersburgo, com artistas mais jovens, estavam: Benois, Somov, Lanseray, Dobuzhinsky e Bakst. Da escola de Moscou: Igor Grabar, Pavel Kusnetsov, Utkin, os irmãos Miliuti Sapunov e os líderes da futura vanguarda da década seguinte Larionov e Goncharova, que participaram pela primeira vez de uma exposição do Mundo da Arte em 1906. 

Tendo saído do movimento, Sergei Diaghilev a partir de 1905 passou a organizar por conta própria eventos que elevassem a arte e a cultura russa ao status merecido, dentro e fora da Rússia. Realizou em primeiro lugar uma exposição de pinturas de retratos do século XVIII, “o que significava recolher e juntar obras de arte completamente esquecidas e desprezadas, de remotas casas de campo do país inteiro.” Foi o que ele fez. O resultado foi brilhante. A exposição aconteceu no Palácio Taurida em São Petersburgo, e na inauguração estava o czar Nicolau II (lembremos que este foi o ano da primeira grande revolução que abalou o Império russo, e terminou com o assassinato em massa de uma manifestação de trabalhadores, executado pelas forças czaristas. O episódio ficou conhecido como “domingo sangrento”. Camilla Gray se cala sobre isso...)

Em 1906, Diaghilev organizou a seção de arte russa no Salon d’Automne em Paris, no Grand Palais. Eram 12 salas dedicadas à arte e cultura russas e a montagem foi organizada por Bakst. Foi uma mostra bastante ampla, apresentando desde a pintura de ícones a exemplos de todos os períodos da arte russa - com exceção das obras dos artistas do grupo “Os Itinerantes”. Foi desta exposição que participaram Mikhail Larionov e Natalia Goncharova.

Diaghilev também levou para Paris uma apresentação do “Balé russo” em 1909, que se apresentou no Teatro Châtelet e teve grande sucesso. Até 1914, Diaghilev levou anualmente a Paris alguma mostra ou apresentação musical:

“em que se pode localizar os vários temperamentos e linguagens que iriam compor o ‘Mundo da Arte’: o ressurgimento clássico favorecido por Benois; Roerich e a evocação de remotas culturas pagãs por Igor Stravinsky; o ressurgimento helenístico, refletido nos desenhos de Bakst (...); o impressionismo ornamental-decorativo de Golovin na tradição de Vrubel; os desenhos impressionistas de Korovin; e nos últimos desenhos de Larionov e Goncharova que, não só recuperam, em seus coloridos brilhantes e motivos formais, o retorno à arte folclórica dos artistas de Abramtsevo, mas antecipam o movimento futurista na pintura do qual eles foram os pioneiros na Rússia”
"O fantasma", Victor Borissov-Mussatov, 1903
O pintor mais importante desse período inicial da arte moderna russa, depois de Vrubel, foi Victor Borissov-Mussatov (1870-1905). Natural de Saratov, no Volga oriental, que era o principal centro de arte de província desta época até 1920. O Museu de Saratov ostentava uma coleção bastante erudita para a época e Mussatov , ainda criança, passou a frequentar as aulas de desenho no Museu. Foi depois para a Faculdade de Pintura, Escultura e Arquitetura de Moscou. Em 1891 transferiu-se para a Academia de Belas Artes de São Petersburgo, sendo um dos últimos alunos a estudar com Pavel Chistyakov.

Em 1895 foi para Paris, trabalhando durante 4 anos no estúdio de Gustave Moreau “famoso por sua breve acolhida aos futuros pintores ‘fauves’”. Mas seu interesse principal foi pela obra de Puvis de Chavannes e por causa dele,Mussatov passou a trabalhar num estilo “historicista”: seu fascínio pelo passado foi uma constante em seu trabalho, “o momento irrecuperavelmente perdido do qual ele parece lamentar-se para sempre”. Ele tornou a figura humana mais distante e misteriosa “uma visão secreta e ensimesmada da existência.”

Em 1895, morre Gustave Moreau e Mussatov volta à Rússia, indo para sua terra natal, Saratov. Um proprietário de terras cedeu a ele um parque abandonado com uma casa velha de estilo clássico, com colunas brancas e cúpulas arrendondadas, que aparecem várias vezes em seu trabalho. “Os azuis suaves e os verdes acinzentados, que Mussatov sempre usou, são as cores dos simbolistas por excelência”, observa Camilla Gray.

Os estilos pictóricos de São Petersburgo e Moscou

SÃO PETERSBURGO
MOSCOU
Ênfase na linha
Ênfase na cor
Influência dos cenários do teatro sobre a pintura de cavalete
Novas maneiras de criar o espaço, sem se ligar na perspectiva
Passaram das formas fechadas a formas abertas, rejeitando a modelagem tradicional
Sentimento simbolista
O sentido da distância se sobrepunha ao explícito senso de distância entre o espectador e o mundo
“o intangível, o misterioso, e não o defnido e compreendido, representam a realidade mais profunda”

O uso de silhuetas mais exageradas, que se pareciam mais a caricaturas do que figuras humanas, exibidas de perfil ou de costas para o espectador
Influência dos impressionistas franceses
Redução da figura humana a uma forma apenas ornamental-decorativa
Uso de cores lisas em tudo, como na pintura de ícones
Eloquência da linha divorciada da cor e da forma
distanciamento do realismo na cor e na forma
..................................................
Referência bibliográfica:
Gray, Camilla. O grande experimento. Arte russa. 1863-1922. São Paulo: Worldwhitewall Editora Ltda, 2004

"A senhora na cadeira de balanço" (esboço para um filme não realizado),
Mussatov, 1897
"A carta de amor", Konstantin Somov, 1911
"Tipos da cidade", Mstislav Dobuzhinsky, 1915 
"Nemetskaya", Alexander Benois, 1911
"Elizabeth Petrovna", Eugene Lanceray, 1905

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Os demônios que assustavam Vrubel


As pinturas de Mikhail Vrubel foram umas das maiores inspirações para os artistas da vanguarda. Vrubel, artista talentoso e trágico, conseguiu transmitir sua complexa vida interior através de seu trabalho incomum.

"Demônio derrotado", Mikhail Vrubel, 1902, Galeria Tretyakov
Mikhail Aleksandrovich Vrubel nasceu em 17 de março de 1856, em Omsk, província da Sibéria. Seu pai serviu no exército e participou da guerra da Crimeia, se tornando depois advogado militar. Devido ao trabalho paterno, a família teve que mudar de residência várias vezes, vivendo em Omsk, Astrakan, São Petersburgo e Odessa.

Mikhail Vrubel, 1898
Vrubel teve mais três irmãos. Sua mãe, Anna Basargin, morreu de tuberculose quando ele tinha apenas 3 anos de idade. Ele mesmo tinha a saúde frágil e somente começou a andar no mesmo ano da morte da mãe. Já adulto, Mikhail lembrava dela doente deitada na cama, que ele expressou em vários desenhos onde incluía crianças, cavalos e outras figuras da sua imaginação.

Ele começou a frequentar aulas de desenho e pintura com 8 anos de idade, em Saratov, inicialmente. Em Odessa, concluiu sua educação escolar e depois entrou na Universidade de São Petersburgo, como aluno do curso de Direito. Paralelamente, frequentava aulas na Academia de Belas-Artes onde se tornou amigo de Valentin Serov, mais de dez anos mais velho.

Assim como seu pai, após se formar em Direito foi servir ao exército, mas trabalhando na administração da marinha. Mas era insuportável para ele a rotina diária de trabalho na marinha. Largou tudo e entrou para a Academia. Logo seus mestres perceberam seu estilo pessoal e interpretação original de temas clássicos. Assim como Ilya Repin e Vassily Surikov, estudou com o mestre Chistyakov, grande desenhista e admirador do pintor italiano Mariano Fortuni.

O método de ensino de Chistyakov, dentro da Academia e sendo ele mesmo um artista acadêmico, era o de dar liberdade individual para cada aluno. Segundo Camilla Gray, enquanto Repin seguia um caminho mais realista, Mikhail Vrubel mantinha seu estilo próprio, muitas vezes discordando dos pontos de vista dos colegas que consideravam a arte como uma forma de retratar a vida real:

Autorretrato, 1885
O artista não deveria tornar-se escravo do público: ele próprio é o melhor juiz dos seus trabalhos, cujo significado lhe cumpre respeitar e não rebaixar a um truque publicitário… Roubar aquele encantamento que diferencia uma abordagem espiritual de uma obra de arte daquela com que se olha uma página impressa aberta, pode atrofiar a capacidade de encantamento: e isso é privar o homem da melhor parte da sua vida…”

Gray também diz que Vrubel passou a estudar a teoria estética do filósofo alemão Kant, ele que era um leitor ávido dos livros clássicos, que lia em latim, língua que ele dominava, coisa rara na Rússia.

Em 1884, foi para Kiev, a convite do professor Andrian Prakhov, para trabalhar na restauração de ícones e de afrescos antigos e criar novas composições para a igreja de São Cirilo, que havia sido construída no século XII. Por causa desse trabalho, passou um ano e meio na cidade italiana de Veneza estudando a arte dos pintores medievais, onde descobriu a cor dos pintores venezianos e se impressionou muito com elas. Na volta a Kiev, usou estes conhecimentos para criar quatro ícones para a igreja.

Ícone de Nossa Senhora, Mikhail Vrubel,
igreja de São Cirilo, Kiev 
Vrubel sabia que essa “co-autoria” com os mestres do século XII era completamente inédita entre os artistas do século XIX. Foi só depois de 1880 que alguns historiadores começaram uma pesquisa da tradição da pintura de ícones, assim como de traços da cultura antiga da Rússia. Mas essa pesquisa, que começou no campo arqueológico, acabou resgatando, em alguns artistas, a ligação com sua tradição cultural. Vrubel, de acordo com o estudioso N.A. Dmitriev, “se sentia cúmplice desses antigos mestres e seu fervoroso trabalho, e tentou ser digno deles”.

Andrian Prakhov também o convidou para criar pinturas para a catedral de São Vladimir, construída em 1882. Prakhov reuniu uma equipe de pintores, incluindo Vrubel. Este dedicou bastante tempo fazendo esboços e estudos para as pinturas de parede, como “Ressurreição”, “Lamento” e “Anjo com a vela”. Mas seus esboços não foram aprovados pela comissão da igreja, que consideraram suas obras muito incomuns e sem correspondência com os cânones ortodoxos. Dizem alguns especialistas que, se as pinturas de Vrubel tivessem sido aprovadas, a catedral teria um aspecto muito diferente, “mais místico”, “mais cósmico”.

Seus biógrafos contam que ele foi demitido da equipe do professor Prakhov porque tinha se apaixonado pela esposa deste (conta-se que ele usou ela, Emilia, como modelo para pintar o ícone de Nossa Senhora na igreja de Kiev). Foi imediatamente substituído por outro grande pintor, Victor Vasnetsov. Mas entristecido, Vrubel pediu a Prakhov que pelo menos o deixasse fazer os trabalhos mais simples; então apenas alguns ornamentos dessa catedral foram pintados por ele. E seu nome nem mesmo aparece na lista daqueles que trabalharam na pintura da catedral…

"Anjo com a vela", Mikhail Vrubel,
esboço para a catedral de
São Vladimir, 1887
 
Após estas experiências, Vrubel descobriu a diferença da pintura bizantina em relação à arte em três dimensões. Sobre a pintura bizantina, ele observou: “Toda a sua essência reside no arranjo ornamental da forma que enfatiza a platitude da parede”. E isso feito em linhas, de forma bidimensional, observava.

Em 1885 foi para Odessa, mas não encontrava quem lhe encomendasse nada e passava grande necessidade. Seus problemas mentais começaram a se intensificar, o que também interferiu para ser rejeitado na equipe principal de pintores. Esses sintomas se agravavam em diversos períodos e ele, que era profundo admirador da imagem de Jesus Cristo, passou a ter uma espécie de atração e obsessão, que foi crescendo ao longo de sua vida, pela imagem do Demônio. Satanás foi o tema dominante em numerosas de suas obras.

Em seu período de Kiev, também pintou um autorretrato, “O conto oriental” e “Retrato de uma menina contra um tapete persa”, entre outras obras. Nestas pinturas, vê-se como ele era hábil com cores saturadas e com motivos florais. Seu modo de trabalhar era de forma muito concentrada. a Pintura era sua vida, mesmo em tempos de grande carência de recursos.

Em 1889 se mudou para Moscou.

Em 1890, seu amigo Valentin Serov o apresentou a Savva Mamontov, na mansão de Abramtsevo, coisa que significou uma “virada na vida artística de Vrubel”. Criou vários cenários para o teatro de Mamontov, como o pano de fundo “Noite na Itália”. Em 1890 passou a fazer esculturas em cerâmica sobre temas da mitologia russa e eslava. Ele passou a ser o chefe da oficina de cerâmica de Abramtsevo. Mamontov o convidou para acompanhá-lo em uma turnée pela Europa, passando por Roma, Florença, Veneza, Milão e Paris. Nesta viagem, Vrubel pintou algumas aquarelas, técnica que dominava muito bem e que usou para fazer inclusive retratos.

Em 1896, Mikhail Vrubel se casou com a cantora de ópera Nadezhda Zabela. A beleza de sua esposa lhe inspirou uma série de obras, e seu rosto pode ser reconhecido em obras como “Hansel e Gretel” (1896), “Princesa Volkhova” (1898) e “A princesa e o cisne” de 1900.

"Hamlet e Ofélia", Mikhail Vrubel, 1884
Com muito gosto pela leitura, Mikhail Vrubel fez várias interpretações gráficas de obras de Shakespeare, Lermontov e Pushkin. Evidentemente, se sentia atraído pelas imagens dramáticas como Hamlet e Ofélia, e obviamente pelo “Demon”.

Seu estado emocional era sempre instável. Sofria alterações de humor, se irritava facilmente, suas reações emotivas eram dramáticas. Em 1901, sua saúde mental foi piorando e, avaliado pelos médicos, estes concluíram que ele era “incurável”. Mesmo assim não parava de pintar e em 1902 terminou seu quadro “Demônio derrotado”. Conta-se que ele era obcecado com esta pintura e até mesmo quando ela estava exposta num Salão em São Petersburgo, ele ainda fazia alterações na imagem, indo vê-la até “40 vezes num único dia”.

Mais os problemas mentais se intensificavam mais essa pintura assombrava-o. Ele dizia: “é espírito que une em si as aparências masculina e feminina, um espírito quase maligno quando sofre e é magoado, mas também um ser poderoso e nobre”.

Em 1903, Vrubel sofreu um grande golpe, do qual jamais se recuperou: a morte de seu filho. A partir de então passava ainda mais tempo internado em clínicas de saúde mental. Por causa de uma sífilis foi perdendo a visão e seu último trabalho, um retrato de Valery Bryusov, foi pintado quando ele praticamente não enxergava mais nada… Viveu seus últimos quatro anos de vida cego. Imagine-se a tragédia que significa se tornar cego para um pintor!...

"Retrato do meu filho", Mikhail Vrubel
Mikhail Vrubel faleceu em 1910 após ter deliberadamente ficado muitas horas do lado de fora da clínica onde estava internado, exposto ao frio do inverno russo. O resultado foi uma profunda pneumonia que o matou. Seus biógrafos chegam mesmo a falar que foi “praticamente um suicídio”.

As pinturas de Mikhail Vrubel foram umas das maiores inspirações para os artistas da vanguarda “durante os vinte anos seguintes”. Diz Camilla Gray: “Embora não tivesse formulado nenhum vocabulário pictórico novo e não houvesse fundado nenhuma escola, tornou possível as experimentações das ousadas décadas seguintes”. Vrubel, artista talentoso e trágico, conseguiu transmitir sua complexa vida interior através de seu trabalho incomum.

Sua obra mostra também um aspecto do mistério presente na arte russa, desde os primórdios. Tendo uma tradição de pinturas de ícones, voltadas a retratar o mundo espiritual, a Rússia - pode-se dizer - apresenta a maior variedade estilística que qualquer país possa ter tido, passando pela pintura acadêmica, pela realista, pela simbólica, pela pintura abstrata de Vassily Kandinsky e Kasimir Malevich, chegando à Vanguarda russa com seus inumeráveis “ismos” e até ao Realismo Socialista…

Mantendo o meu foco atual de pesquisa na arte russa, quanto mais me aprofundo neste estudo mais me surpreendo com a imensa capacidade criativa desse povo que, em 1917, abriu uma perspectiva tão nova e tão grande para os povos do mundo inteiro, mudando a história ocidental desde então.

A arte russa, dentro da arte mundial - em especial da Ocidental - ainda não recebeu o destaque que merece na História da Arte e seus livros, seus textos, seus estudos. Uma boa parte disso deve-se ao fato da Revolução de Outubro ter feito tremer as bases do establishment capitalista que, temeroso de tão alta influência, preferiu fazer verdadeiras campanhas que embotassem as mentes em relação à cultura russa. Mas este pequeno esforço que tenho feito durante esta minha pesquisa, disponibilizando-a neste Blog, talvez ajude a trazer alguma luz aos que se interessem pelo tema…

Aguardem, pois vem muito mais pela frente.


"Demônio sentado", Mikhail Vrubel, 1890, Galeria Tretyakov
"A manhã", Mikhail Vrubel, 1897, Museu Estatal Russo
"Lamento", Mikhail Vrubel, 1887, esboço em aquarela para a igreja de Kiev
"O vôo do demônio", Mikhail Vrubel, aquarela, 1891
"Lilás", Mikhail Vrubel, 1900, Galeria Tretyakov
"Ezrael, Serafim de 6 asas", Mikhail Vrubel, 1904, Museu Estatal Russo
"A ostra e a pérola", Mikhail Vrubel, 1904, Galeria Tretyakov
Retrato de Mikhail Vrubel, por seu amigo Valentin Serov

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Arte em construção, o sonho de Tatlin - final


Cartaz de propaganda de autoria de Alexander Rodchenko, que começou a usar suas fotografias na criação de cartazes
Arte em construção, o sonho de Tatlin - final

Tatlin trabalhando na maquete
do Monumento à III Internacional
Vladimir Tatlin nasceu em 1885. Perdeu a mãe ainda bebê e era muito maltratado por seu pai e madrasta. Fugiu de casa aos 18 anos para se tornar marinheiro e sua primeira viagem levou-o ao Egito. Nessas viagens desenhou portos e pescadores. Em 1904, quando seu pai morreu, voltou e entrou na Escola de Arte Penza, onde estudou com um pintor. Em 1910 foi para Moscou e entrou na Faculdade de Pintura, Escultura e Arquitetura. Sua primeira exposição foi em 1911, organizada pela União da Juventude. Conheceu e trabalhou muito próximo a Larionov e Natalia Goncharova. Em 1913 fez uma viagem a Paris e Berlim.


Tatlin participou ativamente do processo revolucionário soviético e se tornaria um dos principais artistas executores dos programas de arte para a sociedade nova que surgia. Foi dele também a criação de um outro monumento, o “Projeto para a Tribuna de Lenin”, que não saiu do papel. Assim como outros, projetou cenários para teatro, vestuário, peças de mobiliário, mesas de trabalho, fez ilustrações, desenhou cartazes. Junto com Rodtchenko, seu impulso era “fazer das ruas seus pinceis e das praças sua paleta”, como disse o poeta Maiakovski.


Em 1920, Tatlin e outros “artistas esquerdistas” criaram o Instituto de Cultura Artística. Sua preocupação era “desenvolver um enfoque teórico da arte sob uma sociedade comunista”, observa Camilla Gray. Inicialmente o programa a ser seguido era o desenvolvido por Kandinsky, que incluía o Suprematismo de Malevich, o Construtivismo de Tatlin e as teorias do próprio Kandinsky. O programa foi publicado em 1920. A segunda parte do curso seria dedicada à criação de arte monumental, incluindo um estudo aprofundado das cores e da geometria das formas.


Capa do manifesto do
"Cavaleiro Azul", movimento
criado por Kandinsky, 1912
“Essas ideias, que deveriam logo depois formar a base do curso da Bauhaus de Kandinsky”, ressalta Gray, foram recusadas pelos “futuros construtivistas” do Instituto. Estes tinham uma concepção mais racional da criação artística. As ideias de Kandinsky eram, para eles, muito subjetivas para serem aceitas. Kandinsky deixou o Instituto. Em 1922 foi convidado para ensinar na escola Bauhaus de Weimar, na Alemanha, e para lá se mudou.


No começo da Revolução, as exposições de arte eram basicamente dominadas pelo estilo abstrato. A V Exposição Estatal, acontecida em 1919, foi intitulada “Sindicato dos Artistas Pintores da Arte Nova - Do Impressionismo à Pintura Abstrata”, ocorrida no Museu de Belas Artes de Moscou. Kandinsky, assim como Rodchenko e as artistas Varvara Stepanova e Liubov Popova expuseram obras abstratas. Tatlin e Malevich não participaram. Na X Exposição Estatal, Malevich expôs uma série intitulada “Branco sobre branco”. Rodtchenko, em contrapartida, enviou sua pintura “Preto sobre preto”, acompanhada de um manifesto onde dizia: “As cores caíram fora, está tudo misturado em preto”, entre outras frases de efeito mescladas com citações do poeta Walt Whitman. Foi a última exposição de pintura coletiva realizada pela vanguarda na Rússia.


O Proletkult


Capa de "Fornalha",
órgão oficial do Proletkult, 1922
Proletkult é a sigla em russo da “Organização para a Cultura Proletária”. Começou a atuar efetivamente após a Revolução de 1917. Sua visão da arte era assim declarada: “Arte é um produto social, condicionado pelo ambiente social. Também é um meio de organizar o trabalho… O proletariado tem de ter sua própria arte de classe, a fim de organizar suas forças na luta pelo socialismo”.


Seu principal teórico era Alexander Bogdanov, um marxista que sempre disputava com Lenin sobre a doutrina, observa Camilla Gray em seu livro. Bogdanov exigia que o Proletkult tivesse autonomia em relação ao partido bolchevique e fosse o “verdadeiro representante da cultura proletária”. Lenin discordava. Gray observa: “Segundo dizem, Lenin chegou a declarar que um tal monopólio do título de arte proletária oficial por parte de uma escola, era prejudicial, ideológica e pragmaticamente”. Lenin não veria o outro erro, na década de 1930, quando se impôs a estética do “Realismo Socialista”...


Em 1918 a capital russa voltou a ser Moscou e para lá se mudaram os principais artistas “esquerdistas”. Para eles foi um tempo de profícua atividade. Estavam obcecados com a ideia do papel que estavam sendo chamados a desempenhar nesta nova Rússia. “A arte não era mais algo remoto, um vago ideal de sociedade, mas a própria vida”, diz Camilla. Eles sonhavam com este novo mundo cheio de arranha-céus, máquinas, foguetes e automatização. Todos os seus projetos se voltavam para ajudar a criar este novo mundo.


"Contra-relevo", escultura de Tatlin, 1916
Em meio a apaixonados debates nasceu o Construtivismo. O centro principal era a sede do antigo “Instituto de Cultura Artística” em Moscou, mas as discussões aconteciam em qualquer parte e qualquer hora. Destes debates, surgiu mais uma cisão: de um lado o grupo de Malevitch, para quem a arte era uma atividade essencialmente espiritual, “cuja tarefa consistia em ordenar a visão de mundo do homem”. Do outro lado, se enfileiravam Vladimir Tatlin, Alexander Rodtchenko e Vladimir Maiakovski, dizendo que o artista deveria se tornar um técnico, aprender a usar as ferramentas e os materiais de produção. “Arte para a vida!”, era seu slogan.


Os seguidores de Tatlin, Rodtchenko e os outros, abandonaram por completo a pintura de cavalete para trabalhar na “arte da produção”. Os Construtivistas desejavam criar uma “ponte entre arte e indústria”, mas também negavam o passado, a tradição. Para estes artistas, o passado era a arte burguesa, que não servia à nova sociedade. Seu manifesto era tão doutrinário quanto foi doutrinária na década de 1930 a visão jdanovista da arte...


Eles se dedicaram ao desenho industrial. Vladimir Tatlin foi até à metalúrgica Lessner, perto de São Petersburgo, para se tornar um artista-engenheiro. Popova e Stepanova trabalharam numa fábrica têxtil, onde criaram tecidos. Rodtchenko e Maiakovski passaram “a desenhar cartazes de propaganda e desenvolveram um método construtivista de desenho para tipografia”. Rodtchenko passou a utilizar a fotografia como ilustração dos seus cartazes.


"Dança", pintura de
Alexander Rodchenko
Com a política da NEP implementada por Lenin, que industrializava o país, os artistas passaram a ser contratados para desenhar emblemas, selos, slogans, cartazes. No Clube dos Trabalhadores “tudo, das mesas e cadeiras aos slogans nas paredes e à montagem da iluminação, era projetado em estilo construtivista”, aponta Gray. Tatlin projetava fogões, mesas, cadeiras, pratos, canecas, objetos de uso social.


Mas havia uma divisão em relação à proporção ideal dos objetos. Alguns construtivistas, como Rodtchenko, defendiam a ideia de que o objeto deve seguir uma medida de proporção geométrica. Tatlin discordava e criava objetos mais orgânicos. Nas roupas dos operários que ele desenhava, se preocupava com que as peças dessem o máximo de movimento e calor com um mínimo de peso. “O movimento natural e a medida do homem ditavam seus desenhos”, diz Gray. Os outros construtivistas “trabalhavam os materiais, mas de modo abstrato, como um problema formal, aplicando mecanicamente a técnica à sua arte. O construtivismo não levou em conta a relação orgânica entre o material e a capacidade elástica, sua característica de funcionamento”, teria dito Tatlin, segundo um catálogo de sua exposição feita em Moscou em 1932, onde apresentou pela primeira vez o seu planador Letatlin.


O Construtivismo foi um movimento estético amplo, que atingiu também a Arquitetura e o Desenho Gráfico. Mas como as condições iniciais da URSS eram difíceis, os arquitetos quase só conseguiam ver seus projetos realizados em cenários de teatro e estandes de exposições, como o pavilhão russo da Exposição de Artes Decorativas de Paris, em 1925, projeto do arquiteto Konstantin Melnikov. Além dele, e o mais famoso de todos, foi construído em modelo também construtivista, em 1924: o Mausoléu de Lenin, na Praça Vermelha em Moscou, desenhado por Aleksei Shchusev. Foi construído inicialmente em madeira, depois em granito vermelho e ainda hoje é um dos lugares mais visitados do mundo.

Vladimir Tatlin morreu aos 68 anos de idade em Moscou. Após o endurecimento das políticas soviéticas em relação às artes e aos artistas, ele continuou na URSS desenhando cartazes. Depois voltou à pintura figurativa de cavalete. Pioneiros em muitas áreas, das artes às ciências, poderíamos dizer que os russos são os verdadeiros inventores da modernidade do século XX. O maior feito moderno da história recente, a Revolução Socialista de 1917, mudou a face do planeta e seus efeitos permanecem, mesmo que a propaganda e o marketing ideológico capitalista ainda hoje tentem esconder este fato. As artes russas - da pintura ao cinema - ainda hoje inspiram artistas e estudantes de arte pelo mundo a fora...
Projeto de Alexander Vesnin para o "Palácio do Trabalhador" em Moscou, 1922-23
Mausoléu de Lenin, na Praça Vermelha, Moscou - estilo construtivista
"Supremus 58", pintura suprematista de Kasimir Malevich