A Pinacoteca do Estado de São Paulo e o Instituto Moreira Salles inauguraram neste fim de semana (19/02/2011) em São Paulo , uma exposição com cerca de 300 obras do fotógrafo russo Aleksandr Ródtchenko.
Aleksandr Mikhaïlovitch Ródtchenko nasceu em 3 de dezembro de 1891 em São Petersburgo. Filho de pai cenógrafo e decorador de um pequeno teatro e de uma mãe lavadeira, ele é um dos grandes artistas daquela que ficou conhecida como a Vanguarda Russa do começo do século XX, junto com outros nomes célebres como Maliévitch, Kandinsky, Wladimir Tatlin e o próprio poeta Mayakovsky, seu amigo pessoal.
Entre 1910 e 1914 Ródtchenko freqüenta a Escola de Belas Artes na pequena cidade de Kazan, a 720 km de Moscou, onde conhece sua futura esposa, a artista plástica Várvara Stepanova. Ao concluir seus estudos, se instala em Moscou e em 1915 começa a trabalhar em suas primeiras composições geométricas em preto e branco. Conhece o artista Vladimir Tatlin e outros artistas da época. Em 1917 ele funda, junto com outros artistas, o Sindicato dos Artistas Pintores, ditos “de esquerda”. Ródtchenko também fará parte de diversas entidades soviéticas e, como a maior parte dos artistas da Vanguarda Russa, ensinará nas escolas de arte criadas pela Revolução de 1917.
Em 1921 ele participa de diversas exposições de pintura, mas logo em seguida, ao assinar o manifesto construtivista ele abandona a pintura e parte para a produção de objetos. O Construtivismo nasce como uma nova corrente artística com o sentido de fazer experiências concretas a partir da vida real. De 1922 em diante, ele desenha numerosos cartazes de propaganda política, de filmes ou mesmo publicitários, influenciado pelas idéias do Construtivismo. A ideia dos construtivistas era tornarem-se artistas-engenheiros, plenamente atuantes na revolução socialista que estava em curso na União Soviética. Para ele havia uma necessidade absoluta de ligar o processo criativo à produção e organização prática da vida.
Em 1923 começa a colaborar com diversas editoras, realizando ilustrações e mesmo capas de revistas, como a da revista futurista LEF, que depois se chamou Novi LEF, que era dirigida por Vladimir Maïakovski. A partir de 1924, se consagra inteiramente à Fotografia, onde ele realiza seus experimentos pictóricos. Em 1925 ele monta o pavilhão soviético numa exposição internacional das Artes e da Indústria modernas em Paris. Ródtchenko também trabalha para o cinema e o teatro, criando móveis e objetos de decoração.
Em 1933, foi encarregado de ir fotografar a construção de um canal que liga o mar Branco ao Báltico, inaugurado por Stalin, para uma revista soviética. Em 1939 Ródtchenko e sua esposa Stepanova produziram juntos diversos álbuns de fotografias, como Quinze Anos de Cinema Soviético, Aviação Soviética e Dez Anos do Uzbequistão. Durante a II Guerra Mundial, o casal se afasta de Moscou, se refugiando na vila de Perm, aos pés dos Montes Urais, na companhia de outros artistas. Lá ele trabalha em cartazes com o tema da guerra. Após esse período, ele continua publicando seus álbuns fotográficos, agora fazendo experimentos com fotos coloridas, sempre tendo como tema a União Soviética. Ródtchenko morreu em Moscou em 3 de dezembro de 1956.
Aclamado internacionalmente por suas qualidades como pintor, escultor e desenhista de cartazes, Ródtchenko deixou sua marca também como grande inovador nas artes gráficas, com suas famosas fotomontagens, além de suas reportagens fotográficas. Mas é como fotógrafo que ele se torna uma das maiores referências mundiais. Nesta exposição que chega à Pinacoteca de São Paulo, podem ser vistas obras como Corrida de cavalos (1935), Campeões de Moscou (1938), Coluna da Sociedade Esportiva Dinamo, 1932 (1935), Crise (1923), Autocaricatura (1922), A Primeira Cavalaria (1935), Barcos (1926), Degraus (1929), Banho (1929), Varvara Stepânova (1937) e Retrato da mãe (1924), além dos famosos retratos do poeta Vladimir Maiakóvski, seu amigo pessoal.
Retrato da mãe do artista |
Segundo Olga Svíblova, “em 1924, a fotografia foi invadida por Ródtchenko com o slogan ‘Nosso dever é experimentar’ firmado no centro de sua estética. O resultado dessa invasão foi uma mudança fundamental nas ideias sobre a natureza da fotografia e o papel do fotógrafo”. Ródtchenko aliou a experimentação formal à sua preocupação em documentar a vida política e social da União Soviética.
De uma forma original, ele mudou a perspectiva da fotografia, movendo suas lentes para outra direção, especialmente descobrindo novos pontos de vista, novos ângulos, novo enquadramento. Ródtchenko descobriu ângulos inéditos na fotografia: de baixo para cima ou de cima para baixo, criando os famosos “ângulos de Ródtchenko” como pode ser visto em Pioneiro (1930), Escada de incêndio (1925) e Reunião para uma manifestação (1928).
Essa exposição que se inaugura em São Paulo já foi apresentada em Londres, Berlim, Amsterdã e Rio de Janeiro. Com curadoria de Olga Svíblova, diretora da Casa de Fotografia de Moscou, a mostra recebeu o título de “Aleksandr Ródtchenko: a revolução na fotografia”. Nela, podem ser vistas também as séries de fotomontagens feitas para capas de revistas como Novi LEF, citada acima, e a Dal ochi Pionier, assim como cartazes e anúncios.
Local: Pinacoteca do Estado de São Paulo
Endereço: Praça da Luz, 2 São Paulo, SP
Telefone: (11) 3324-1000
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