terça-feira, 19 de outubro de 2010

A Realidade e os urubus conceituais

“Meu conceito parece à primeira vista
um barrococó figurativo neo-expressionista
com pitadas de art-nouveau pós-surrealista
calcado na revalorização da natureza morta...”
(música “Bienal”, Zeca Baleiro)

A Bienal Internacional de Artes de São Paulo está em cartaz até dezembro. Excelente momento para algumas reflexões e questionamentos acerca da velha contenda entre arte figurativa e arte conceitual.

Um dia desses, lendo um texto do psicanalista Marco Antonio Coutinho Jorge, cujo título me chamou a atenção (“Despertar para o Real”), pude observar que pode existir uma confluência muito grande entre linhas de pensamento aparentemente distantes, quando estas direcionam o foco de suas pesquisas em uma mesma direção: a essência do Real.

Logo de cara, o autor cita uma frase do psicanalista francês Jacques Lacan, que pode ser o mote inicial para uma conversa sobre arte contemporânea. Eis a frase: "A realidade é aquilo sobre o que a gente repousa para continuar a sonhar."

Essa frase me saltou aos olhos como a lanterna salvadora que surge em momentos de solitária busca de sentido para algumas intuições. E vinha do campo da psicanálise, mesmo que a fonte esteja na antiga escola de pensamento grega.

Mas minha intuição fustiga meu pensamento e me faz constantemente a mesma pergunta: onde está presente a referência maior para qualquer ato de criação? E ela (minha intuição) insiste: não é no céu, nem no inferno, é aqui, agora, em contato direto com a realidade. É para o Real que apontam nossos olhos; é no embate diário com a realidade que vamos engendrando nossos caminhos. E nossos sonhos.

Coutinho Jorge faz uma distinção interessante entre o mundo da subjetividade e o contato com o Real. O mundo da abstração subjetiva é o mundo daqueles que, buscando se distanciar da realidade, se voltam para dentro de si mesmos, criando uma espécie de isolamento narcisista. Ilustro essa ideia de “isolamento narcisista” usando como exemplo um artista conceitual presente na Bienal de Artes de São Paulo: Nuno Ramos, cuja atual instalação ficou famosa após a pichação que solicitava a liberdade dos três urubus. Urubus que já tomaram seu rumo, após a intervenção do Ibama...

Nuno Ramos, a partir dos anos 90, dedicou-se a instalações de grande porte, como esta dos urubus. E como “Mar Morto”, uma instalação formada por uma canoa e um barco de pesca cobertos de sabão. E como “Fruto Estranho”, dois aviões monomotores presos em árvores e, mais uma vez, revestidos de sabão. “Pra entender um trabalho tão moderno”, diz Zeca Baleiro na canção, nada melhor do que ouvir a opinião do professor da USP, Lorenzo Mammi: “Nuno sempre procura o limite de cada linguagem, até sair dela e cair em outra coisa. Essa tensão permanente faz dele não apenas um grande artista, mas um dos principais pensadores do país.” (!)

Essa arte onde apenas meia dúzia se refestela, me remete ao que Coutinho Jorge diz sobre o sujeito com problemas psicóticos: ele enxerga o mundo a partir de suas neuroses, fazendo com que sua descrição do mundo seja pobre. O máximo que a pessoa imersa dentro das nebulosidades de seu mundo subjetivo consegue, é viver num mundo onde predomina a fantasia, distante do Real.

Mas o Mundo – o Real – é tanto mais atraente quanto mais se deixa revelar em formas diferentes para cada indivíduo, para cada grupo social, para cada período histórico. A Realidade é que é verdadeiramente infinita, por permitir mil modos de enxergá-la e de traduzi-la. No contato com o real, o sujeito pode expressar-se de infinitas maneiras: seja na música, na pintura, na poesia, no teatro, na fotografia, no cinema... A realidade é a potencialidade de tudo acontecer.

Quando o artista cria uma obra de arte, está fornecendo uma parte do real vista por ele, que apresenta à visão do público, com quem cria um diálogo, mesmo que silencioso. É como se a obra do artista fosse uma espécie de janela para ver o mundo, uma "irrupção do real" através da obra de arte.

Essa ideia já deu muito pano pra manga. Desde o começo do século XX, com as pesquisas do pintor russo abstrato Vassili Kandinski, a discussão entre arte figurativa e abstrata foi objeto de longas polêmicas. O pintor russo dizia que o retorno ao mundo da espiritualidade era capaz de produzir uma nova arte. Baseada não na realidade do mundo (que na época era das piores possíveis, com o advento das guerras), mas na subjetividade do indivíduo, bem distante do Real. Era assim que pensava Kandinski. Devia ter suas razões.

Mas tinha suas razões também o imperialismo estadunidense quando decretou, na década de 40, que estava estabelecida a hegemonia e o reinado da arte abstrata, considerada a arte moderna verdadeira. Para contrapor-se aos russos figurativos, a CIA patrocinou as principais exposições de Arte a partir da década de 40, nos EUA e na Europa. Assim como na nossa latina América.

Jackson Pollock – um dos ícones atuais dessa arte – parecia entrar em transe quando jogava baldes de tinta enlouquecidamente sobre suas telas gigantes, torcendo para que os movimentos da força gravitacional fossem coadjuvantes em sua fúria criativa. Era o começo de um tempo em que os pobres pintores figurativos amargaram um exílio dentro de seus ateliês, num ostracismo que dura até hoje. Em menor escala no exterior do que aqui no Brasil, onde a mentalidade colonizada tupiniquim ainda segue o que “bomba” na cultura branca.

A arte conceitual surgiu como co-irmã da arte abstrata, a partir de Marcel Duchamp. Ela considera a Ideia, o Conceito por trás de uma obra artística, como sendo superior ao próprio resultado final. Basta um bom discurso, a obra pode até ser dispensável. Diz o artista João Werner: A arte conceitual (...) dará primazia não à obra de arte enquanto ser material, mas à concepção desta. Na arte conceitual, o espaço teórico toma frente à práxis.”

Ou seja, usando um termo que fará fremir de êxtase qualquer artista conceitual: não, o ovo não veio antes da galinha, a IDEIA do ovo é que veio antes da IDEIA da galinha! É o cúmulo da abstração! Nem Kandinski conseguiu ir tão longe!

Essas idéias – pasmem! – são ensinadas com todo o rigor da Nova Academia que surge aí, nas escolas e faculdades de artes, da USP à FAAP! Ensina-se essas concepções e convicções fechadas quanto à Arte, com apologias à modernidade pós-moderna, buscando a diminuição da função do ato artístico enquanto transformador do status quo para alimentar a ideia da superioridade do conceito estético: o fazer pelo fazer. Questionar a sociedade e a arte contemporânea, a desfiguração cultural causada pela cultura de massas e a globalização cultural, isto não se faz!

Para concluir, cito o poeta e crítico de arte Afonso Romano de Sant’Anna, que se lançou há alguns anos na peleja crítica dessa concepção de arte. Diz ele: “É preciso tirar as artes do gueto em que a instalaram como se fosse um produto totalmente solto no tempo e no espaço” e fazer “um esforço para afastar o entulho e descortinar outros caminhos”.

O Real é sempre a bússola que aponta mil caminhos outros...

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Aos mineiros do Chile


O Poeta PABLO NERUDA, em um discurso em 1947 (!), no Senado do Chile, denunciava as condições de vida dos mineiros de seus país e perguntava indignado: "Como é possível, Senhor Presidente, tolerar que nossos compatriotas estejam entregues a esta exploração ignominiosa?" E dedicou a esses mineiros o poema abaixo, que consta de seu livro CANTO GERAL. 

É bom lembrar das condições reais em que vivem os mineiros do Chile neste momento em que a midia mundial quer transformar a vida dos 33 mineiros resgatados, em um espetáculo. Porque a vida deles irá continuar, logo passe essa fase em que eles são notícia...


El Maestro Huerta 


De: PABLO NERUDA


De la mina “La Despreciada”, Antofagasta)*

Cuando vaya usted al Norte, señor,
vaya a la mina “La Despreciada”,
y pregunte por el maestro Huerta.

Desde lejos no verá nada,
sino los grises arenales.
Luego, verá las estructuras,
el andarivel, los desmontes.
Las fatigas, los sufrimientos
no se ven, están bajo tierra
moviéndose, rompiendo seres,
o bien descansan, extendidos,
transformándose, silenciosos.

Era “picano” el maestro Huerta.
Medía 1.95 m.
Los picanos son los que rompen
el terreno hacia el desnivel,
cuando la veta se rebaja.

500 metros abajo,
con el agua hasta la cintura,
el picano pica que pica.

No sale del infierno sino
cada cuarenta y ocho horas,
hasta que las perforadoras
en la roca, en la oscuridad,
en el barro, dejan la pulpa
por donde camina la mina.

El maestro Huerta, gran picano,
parecía que llenaba el pique
con sus espaldas. Entraba
cantando como un capitán.
Salía agrietado, amarillo,
corcovado, reseco, y sus ojos
miraban como los de un muerto.

Después se arrastró por la mina.
Ya no pudo bajar al pique.
El antimonio le comió las tripas.
Enflaqueció, que daba miedo,
pero no podía andar.

Las piernas las tenía picadas
como por puntas, y como era
tan alto, parecía
como un fantasma hambriento
pidiendo sin pedir, usted sabe.
No tenía treinta años cumplidos.

Pregunto dónde está enterrado.
Nadie se lo podrá decir,
porque la arena y el viento derriban
y entierran las cruces, más tarde.

Es arriba, en “La Despreciada”,
donde trabajó el maestro Huerta.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Estamos bien en el refugio, los 33

Da escuridão, a vida emergiu

Minha homenagem aos 33 operários chilenos que ficaram 69 dias presos dentro de uma mina de cobre, a 700 metros de profundidade, aguardando o resgate, que se iniciou na madrugada de hoje, 13 de outubro.

Torcendo para que seu sacrifício não tenha sido em vão, e que os capitalistas cuidem um pouco mais do salário, da segurança e da saúde dos operários mineiros em todo o mundo, assim como de suas famílias.

Em tempo: (O Globo, 19/10/2010) "O Sucesso do resgate dos mineiros que estavam presos a 700 metros do solo no Chile acabou suplantando uma importante discussão. Afinal, só em 2009 o país registrou mais de 191 mil (!) acidentes de trabalho em todo o país, com 443 mortes. (!) E no primeiro trimestre deste ano foram 155 mil mortos. (!) Em entrevista à rede de notícias IPS, sindicalistas do setor de mineração ressalataram que os mineiros não são heróis, mas vítimas de uma situação desigual em relação às empresas para a qual trabalhavam. Para sindicalistas chilenos, "a lamentável irresponsabilidade empresarial abriu uma grande oportunidade para que os trabalhadores denunciem e mostrem tudo o que se esconde."

Nuestras mujeres - lápis carvão sobre papel cartão

Mejores condiciones de trabajo! - carvão e pastel sobre papel cartão

 Aquí estoy a salvo - carvão e pastel sobre papel cartão

Dile que estaré de vuelta! - carvão sobre papel cartão

Volveremos! - carvão sobre papel cartão

Estoy vivo - carvão sobre papel cartão

Ayúdenos - carvão sobre papel cartão

Os operários desenhados a carvão
surgem do preto mineral com seus olhos de minério,
com suas carnes de minério,
com suas esperanças superminerais.
No oco da mina aguardam como fetos o momento da expulsão um a um.
Sob esse aspecto, gêmeos univitelinos do mesmo útero e do mesmo carvão,
chegarão à superfície chilena desejados e amados
e cegos da escuridão placentária.
Lavaremos seus corpos com a água salgada de nossas lágrimas e de nossa espera.
Ao saírem do chão, estou feérico, é a nós que desenterram,
e à metáfora de uma nova classe operária
brotada para um novo tempo a partir da cova funda
onde homens-sementes-minerais foram plantadas.

(Um comentário que virou poesia - de Jeosafá Fernandes)

sábado, 2 de outubro de 2010

Os revólveres, os urubus, a Bienal e as polêmicas do momento

Reproduzo abaixo artigo do poeta AFONSO ROMANO DE SANT'ANNA sobre a Bienal de São Paulo.

Artista, acima de qualquer suspeita?


Gil Vicente contra Gil Vicente
(do blog do Afonso Romano)
A 29ª Bienal de São Paulo está propiciando uma discussão que não pode ficar na superfície dos fatos. Com efeito, a Bienal anterior, que denominei de "a bienal do vazio" não se interessou em discutir a fundo o problema que levantou, e tudo terminou como uma questão policial. 

Agora surgiu a polêmica em torno dos desenhos do artista pernambucano Gil Vicente, nos quais ele aparece atirando em Fernando Henrique Cardoso, cortando a garganta de Lula e matando outros lideres mundiais como Nethanyahu, Armadinejad, Rainha Elizabeth e o Papa atual.

Formaram-se logo dois grupos opostos. A OAB, exercitando seu discurso jurídico, prometeu processar o artista e/ou a Bienal por incitação ao crime e à violência, e do outro lado os curadores afirmando que isto é censura. E alçaram a palavra "censura" como um talismã que os protegesse.

A questão me parece mal colocada. E quando se coloca mal uma discussão, deriva-se para outros mal entendidos. Consideremos primeiro que esse episódio remete para algo conhecido no mundo antigo como "morte em efígie". Não se podendo destruir o réu, destruía-se sua imagem, arrasando sua memória.

Mas não é a primeira vez que dentro da modernidade ocorre um crime semelhante. Em 1965 três pintores mataram Marcel Duchamp. Gilles Aillaud, Antonio Recalcati e Eduardo Arroyo pintaram oito quadros realistas nos quais surpreendiam Duchamp subindo uma escada, esmurravam-no, torturavam-no e jogavam-no escada abaixo nu.

Duchamp, que propunha a morte da arte, não gostou de se ver morto ali. E analisando esse quadro/episódio no livro "O Enigma Vazio" (Ed.Rocco) eu dizia que não é matando, mesmo em efígie, o ícone da arte de nosso tempo que o entenderemos. O desafio é ir a fundo na sua vida&obra (que foi o que tentei fazer). Além do mais, a violência dos três pintores insere-se no quadro violento dos anos 60/70 quando o pensamento totalitário à esquerda e à direita achava que pela força resolveriam problemas sociais e políticos.

Portanto, preservando-se o direito do artista se expressar, mas alertando para as consequências disto, não se pode deixar de ver na obra daquele artista pernambucano um paradoxal exercício da violência. A meu ver, deveríamos ter aprendido com a Revolução Francesa, com a russa, a chinesa e cubana, que cortar a cabeça dos lideres é inócuo. Por outro lado, ressurge aí a síndrome voluntarista, perversa e autoritária do "justiceiro" - figura que a sociologia estuda pertinentemente.

Acima de qualquer suspeita?

Isto posto é crucial trazer à discussão uma pergunta: É o artista um cidadão acima de qualquer suspeita? Esta é uma clara alusão ao filme de Elio Petri ("Indagine su un Cittadino al di Sopra di Ogni Sospetto"- 1971). Naquela película, um policial comete um assassinato, e por pertencer aos altos escalões do sistema julga-se tão incólume que até participa das investigações. Transpondo para o caso da Bienal e da arte atual, pergunta-se: estaria o artista acima de todas as leis sociais?

Para começar a entender essa pergunta, lembre-se que a ditadura recente nos deixou uma marca deletéria: depois de tanta repressão, caímos na ânsia de repressão nenhuma. Mergulhamos no oposto. Por isto, o mote: "é proibido proibir", que tem o seu charme juvenil, é um paradoxo, pois proibir a proibição é exercitar a proibição e a censura, só que do outro lado.

Por sua vez, a ideologia da pós-modernidade alardeia que tudo é legítimo, que não há fronteiras, nem valores, que as coisas se esgotam em si mesmas sem qualquer outro compromisso que não seja hedonista e narcísico. Portanto, um vetor nacional e outro internacional se complementam em forjar uma ideologia de época, que deve ser analisada cautelosamente.

Isto nos leva a um outro aspecto já que esta 29ª Bienal tem como tema "Arte e política". Ora, falar da política convencional é fácil. Acusar políticos, verberar contra os militares, é uma banalidade. Eles são os "outros". No entanto, há um enfrentamento político, igualmente urgente, dentro das artes. É necessário questionar o sistema em que as artes se baseiam. Isto consiste em rever o poder dos curadores, o sistema das galerias, as premiações, a crítica universitária e jornalística, a publicidade, a bolsa de valores, enfim, o "deus ex machina" que hoje, mais do que nunca, controla as artes - o mercado.

E para esclarecer a esquizofrenia do sistema artístico e de nossa sociedade, leiamos esse poema do antipsiquiatra R.D. Laing:

“Ele estão jogando o jogo deles
eles estão jogando de não jogar o jogo
se eu lhes mostrar que os vejo tal qual eles estão
quebrarei as regras desse jogo
e receberei a sua punição.
O que devo pois é jogar o jogo deles
o jogo de não ver o jogo que eles jogam.”

Na última Bienal isto ficou claro: os grafiteiros que denunciaram o "jogo" do qual não podiam participar foram parar na polícia. Na atual Bienal já ocorrem reclamações semelhantes, comprovando que a arte oficial de nosso tempo não consegue resolver seu paradoxo fundamental: diz que não há fronteiras, que tudo é licito, desde, é claro, que sejam suas as fronteiras e desde que sejam "eles" a decidirem o sistema que tutelam.

Todo mundo é artista?
Grande parte da arte contemporânea se baseia em silogismos que nunca foram analisados detidamente. Se analisados, revelam-se como falácia. Falácias que levam a becos sem saída.


Retomemos a questão implícita no conceito de que o artista pode tudo, que ele é um cidadão acima de qualquer suspeita. Existe um silogismo básico na prática da arte oficialista (o governo deu R$ 46 mihões para a Bienal), silogismo originário de Duchamp, segundo o qual a arte morreu e todo mundo é artista.

Ora, vejamos o silogismo aí contido: todo mundo é artista / o artista está acima de qualquer suspeita / logo, todo mundo esta acima de qualquer suspeita. Como se sabe, essa verdade é mentirosa. Se todo mundo estivesse acima da lei, não existira lei, nem sociedade.

Esse silogismo é ainda falacioso, enganador, porque sabemos que nem todo mundo é artista e que uns são "mais" artistas que outros. Pior: dentro do sistema das artes que, hipócrita e espertamente decretou que tudo é arte e todos são artistas, grupos bem organizados e presos sobretudo às leis do mercado e do marketing controlam as leis éticas e estéticas que, paradoxalmente, dizem não existir.

Portanto, uma discussão radical sobre política e arte passa pelo exame interno do sistema das artes hoje e tem que enfrentar certos paradoxos, dilemas e sofismas. É uma operação tão arriscada e séria, que pode levar a um suicídio histórico, a um colapso do sistema. Ou, então, o que seria admirável, ao renascimento da própria arte de uma forma para nós ainda inimaginável.

Afonso Romano de Sant'Anna