terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Natureza morta


Acabei de terminar a pintura dessa natureza morta com pastel colorido. É um dos estudos do atelier para treinar a aplicação da cor intensa, sem opacidade, em camadas que vão trazendo o efeito de cor local. Uma coisa importante sobre isso é que quando se pinta um quadro usando o esquema rígido da cor local, a tendência é que a pintura saia dura, estática. Mas com o movimento das massas que ultrapassam a forma do objeto e essa movimentação de cores que se repetem em vários pontos, dão o ritmo e criam a sensação de movimento, de brilho e de mais realidade. Não é necessário descer ao detalhismo extremo do modelo observado, para que o efeito geral traga a quem observa uma sensação de que tudo aquilo que está ali apenas sugerido, seja o suficiente para formar um todo coerente. David Leffel, pintor norte-americano, sempre atenta para isso: o pintor não está pintando um pão, um peixe, uma faca, um vaso... Está pintando relações de espaço, ritmo e principalmente está pintando a Luz.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

As dores da Colômbia segundo Fernando Botero

A exposição "dores da Colômbia" do artista colombiano Fernando Botero, já passou por Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo. Mas ainda pode ser vista em Porto Alegre, cuja inauguração se deu em 21 de janeiro, no centro Cultural Érico Veríssimo, lá ficando até o dia 8 de março próximo. A mostra reúne 67 obras do pintor, doadas por ele ao Museu Nacional da Colômbia entre 2004 e 2005.


Fui ver essa exposição no Museu do Olho de Curitiba, no ano passado. O conjunto da obra mostra como a arte pode levar a uma reflexão sobre nossa sociedade, sobre os dramas da guerra, sobre a morte. Assim como o fez Portinari, com seus paineis Guerra e Paz", que estão expostos aqui em São Paulo, no Memorial da América Latina.


A exposição de Botero não é fácil de se ver. São telas aonde ele pintou pessoas mutiladas, assassinatos e todo tipo de violência, físicas e morais. As figuras apresentam pessoas angustiadas, desesperadas. Lembra um pouco o que fizeram os artistas expressionistas alemães, no período entre as duas guerras mundiais, quando criaram obras de arte que mostravam basicamente o desespero humano diante da tragédia da guerra e da existência difícil num mundo onde falta o básico para a sobrevivência e sobra muito medo do futuro.



Na exposição de Botero, cujos quadros foram colocados sobre paredes cinzas, mostra a ideia do artista que disse que queria deixar “um testemunho de artista que viveu seu país e seu tempo. É como dizer: vejam a loucura em que vivemos (...). Meu país tem duas caras. A Colômbia é o mundo amável que eu pinto sempre, mas também tem essa cara terrível da violência” Nessa exposição, Botero dá um destaque especial às mulheres, na série “Las Madres” que retratam mães chorando a perda de seus filhos.


“Dores da Colômbia” é parte de uma corrente artística que vincula a arte e política, em contextos onde o artista se dá o papel de interpretar e denunciar fatos históricos em suas telas. São inúmeros os exemplos, como Delacroix, Francisco Goya e Pablo Picasso (com sua “Guernica”). Como um gesto de solidariedade ao seu povo, Botero doou a coleção ao Museu Nacional da Colômbia, quando declarou: “Não vou fazer negócio com a dor do meu país”.



Em geral, com suas figuras gordas que são sua marca pessoal, Botero satiriza figuras de destaque da sociedade contemporânea.



Fernando Botero, ao lado de uma escultura
Mas quem é Fernando Botero? Um pouco de sua biografia:


Ele nasceu na cidade de Medellin, na Colômbia, em 19 de abril de 1932. Ele é pintor e escultor e sua maior reputação dá-se pela forma voluptuosa e arredondada de sua figuras gordas. Ainda vivo, ele é um dos raros artistas que gozam de fama e glória, em vida. Oficialmente, sua carreira começou em 1958, quando ele ganha o prêmio do Salão dos Artistas Colombianos.


Botero fez inúmeras viagens aos Estados Unidos e Europa, desenvolvendo um estilo que lhe é muito próprio, que já podia ser visto em 1957 com sua pintura “Natureza morta à La mandoline”. Por esse estilo tão característico, Botero não se enquadra em nenhum movimento ou corrente estilística passada ou atual. Sua obra é, ainda, inspirada basicamente na arte pré-colombiana.


Fernando Botero passa sua infância em Medellin, onde faz seus primeiros estudos. Para seguir com os estudos secundários, ganha uma bolsa para o Colégio Jesuíta Bolivar. Passou um período estudando numa Escola de Touros, paga por seu tio apaixonado por touradas. Mas Botero ficou traumatizado com essa experiência e desenvolve medo de touros. Mas seus primeiros desenhos tem como tema principal os touros e as touradas.


Em 1948, com apenas 16 anos de idade, Botero consegue publicar seus desenhos no suplemento dominical El Colombiano, um dos jornais mais importantes de Medellin. Já nessa época, sua influência principal era a arte pré-colombiana, mas também lhe atraíam as obras dos muralistas mexicanos, como Diego Rivera, José Orozco e David Siqueiros. Os cursos que fez de História da Arte lhe fizeram descobrir os pintores europeus, especialmente Pablo Picasso. Em 1949, recebeu uma reprimenda da direção de sua escola por causa dos desenhos de nus que fazia para El Colombiano, sendo, em seguida, expulso da mesma escola porque havia escrito um artigo sobre arte contemporânea europeia, intitulada “Picasso e o incoformismo na Arte”.


Em janeiro de 1951, muda-se para a capital do país, Bogotá. Começa a ler os poemas de Pablo Neruda (1904-1973), Federico Garcia Lorca (1898-1936) e se interessa pela corrente literária do realismo mágico. Em junho do mesmo ano, ele faz sua primeira exposição individual, composta de 25 desenhos, aquarelas, guaches e telas pintadas a óleo. A exposição foi um sucesso e ele vendeu algumas obras. Nova exposição em 1952, ele apresenta as obras que fez na costa das Caraíbas. Em agosto do mesmo ano, ele ganha um prêmio no Salão dos Artistas Colombianos e, com o dinheiro do prêmio em mãos, resolve viajar para a Europa.


Chega em Barcelona em agosto de 1952, mas logo vai para Madri, onde se inscreve na Academia Real de Belas Artes de São Fernando. No Museu do Prado, ele estuda as obras dos mestres espanhóis, como Diego Velázquez e Francisco Goya.


Em 1953 faz uma pequena viagem a Paris. Fica decepcionado com as obras contemporâneas expostas no Museu de Arte Moderna de Paris e resolve ir estudar os mestres no Museu do Louvre. Em seguida, vai para Florença, Itália, e é admitido na Academia São Marcos. Lá, ele estuda a técnica do afresco, atraído pela arte do Renascimento italiano. Copia diversas obras, entre elas de Giotto di Bondone e Andrea Del Castagno. No período noturno, aprende pintura a óleo num atelier da Via Panicale que havia pertencido ao pintor Giovanni Fattori. Em 1954 assistiu a diversas conferências sobre arte, com o historiador de arte italiana Roberto Longhi, na Universidade de Florença. Isso faz com que Botero se interesse ainda mais pela arte do Quattrocento italiano, especialmente fascinado pelas obras dos pintores Paolo Uccello e Piero della Francesca.


Em março de 1955, resolve voltar para casa, em Bogotá. Dois meses depois, faz mais uma exposição com 20 pinturas trazidas da Itália. Mas essa exposição chocou o público, e ele não vendeu nada. Os críticos condenaram duramente seu trabalho. Sem dinheiro e precisando cuidar da vida, Botero trabalho algum tempo como vendedor de pneus e, em seguida, aceitou fazer trabalhos gráficos para a imprensa. Casa-se com Gloria Zea e em 1956 vai morar no México.


Foi em 1957, com sua pintura “Natureza morta à La mandoline” que Botero descobriu que podia dilatar as formas e exagerar os volumes de suas figuras, sua característica de estilo até hoje. Em abril, vai para Washington, EUA, fazer sua primeira exposição em território norte-americano. Aproveita para visitar diversos museus em Nova Iorque, e lá descobre o expressionismo abstrato, que já estava em voga desde o fim da década de 1940. Consegue o apoio de uma galerista em Washington, o que lhe permite sustentação financeira.


A exposição, no Museu do Olho de Curitiba, em 2011
Em maio de 1957 ganha novamente o Prêmio dos Artistas Colombianos. No ano seguinte, foi nomeado professor de pintura na Academia de Belas Artes de Bogotá, aonde fica até 1960.
Nesse ano, faz ilustrações para um livro do escritor Gabriel García Márquez, que serão também publicadas no jornal El Tiempo, de Bogotá. Mas em 1960 ainda, ele resolve deixar a Colômbia pela terceira vez, para ir viver em Nova Iorque. Ele expõe, no mês de outubro na Galeria Gres, a série “Menino de Vallecas após Velázquez”, que causou surpresa àqueles acostumados com pinturas mais coloridas do começo da carreira de Botero. Em novembro, ele ganha o prêmio “Guggenheim International Award”, pela Colômbia, com a tela “A batalha do arqui-diabo”.


A partir de 1867, já com a segunda esposa, Botero viaja regularmente entre a Colômbia, os EUA e a Europa. Vai para a Alemanha ver de perto a obra do artista alemão da Renascença Albrecht Durer, que lhe dão inspiração para fazer uma série de desenhos com carvão. Também faz no mesmo período diversas pinturas a partir do quadro “O café da manhã sobre a grama” do pintor francês Édouard Manet. Fez sua primeira exposição em Paris em setembro de 1969, na galeria Claude Bernard.


Em 1970, nasce seu terceiro filho, Pedro, em Nova Iorque, inspirando o pintor a fazer uma série de quadros que representam os primeiros anos de vida de seu filho. Em 1973, Botero deixa os EUA e vai morar em Paris. O filho pequeno, com quatro anos, morre num acidente de carro, o que abala fortemente o pintor. Em homenagem a ele, o Museu Zea de Medellin inaugura uma nova sala e lhe dá o nome de Pedro Botero, onde estão dezesseis obras doadas pelo pintor em memória de seu filho.


Entre 1976 e 1977, Botero se dedica mais à escultura e ganha vários prêmios na Colômbia e Venezuela.
Em 1983, Fernando Botero faz uma série de ilustrações para o livro “Crônica de uma morte anunciada” de Gabriel García Márquez. Em 1984, doa diversas esculturas ao Museu Antioquía de Medellin e 18 pinturas ao Museu Nacional de Bogotá. E passa os dois anos seguintes pintando telas com o tema das touradas, que ele expõe na Alemanha, Espanha, Itália, Japão e Venezuela.


Em 2000, ele faz uma doação de sua coleção particular para as cidades de Medellín e Bogotá, uma coleção que compreende mais de duzentas pinturas, desenhos e esculturas suas, assim como cerca de cem obras de artistas como Picasso, Monet, Renoir, Matisse, etc.


Em 2004, Fernando Botero se revolta contra os maus tratos sofridos pelos prisioneiros da prisão de Abou Ghraib no Iraque e produz uma série de trabalhos inspirado nesses fatos. Em 2008 foi nomeado Doutor Honoris Causa pela Universidade Autônoma de Nuevo León, onde ele apresentou uma exposição com as obras inspiradas na polêmica de Abou Ghraib.


Fernando Botero ainda é vivo e alterna sua morada entre a Colômbia, Itália, França e Nova Iorque.



domingo, 19 de fevereiro de 2012

Guerra e Paz - para não esquecer

Milhares de paulistanos foram ver os paineis de Portinari, Guerra e Paz
Hoje, segunda-feira de carnaval, milhares de paulistanos foram ao Memorial da América Latina. Não que lá tivesse alguma grande programação carnavalesca. Não. A programação era ver arte mesmo, a arte presente nos paineis "Guerra e Paz" de Candido Portinari.

Sol forte, dia quente, e mesmo assim a fila não parava de crescer no Memorial. A cada 20 minutos, uma leva de 300 pessoas entrava de uma vez para ver os dois paineis de perto. Enquanto isso, a fila do lado de fora se mantinha em torno das 500 pessoas. E isso o dia inteiro, me disse o guarda. O horário de visita começa as 9h da manhã e vai até às 18h.

Os paineis foram pintados entre 1952 e 1956 e ficam instalados na sede da ONU em Nova Iorque, no hall de entrada do prédio. Mas o acesso a eles é restrito a autoridades do mundo todo. Por isso também, é bom fazer um esforço para ir vê-los, aqueles que estão aqui em São Paulo. Aqui eles estarão expostos até 21 de abril. Depois que voltarem ao prédio das Nações Unidas, em 2013, provavelmente ficarão durante décadas, bem longe do acesso público. Os paineis só puderam vir ao Brasil desta vez porque uma grande reforma está sendo feita no prédio da ONU e muito esforço foi feito, por parte do Projeto Portinari com o apoio do governo brasileiro, para que eles viessem para cá e pudessem ser restaurados aqui e mostrados ao povo.

Ao fundo o painel Paz.
Nada mais justo. Portinari é paulista, Portinari pintou o povo brasileiro, Portinari é do Brasil. Como podemos ver pelas cores e pelas figuras que ele escolheu para ilustrar esses dois temas sempre tão atuais da história da humanidade: Guerra e Paz. Os mesmos esquálidos seres humanos, em desespero diante da morte, diante das atrocidades da guerra. E os mesmos meninos e meninas, brasileiros em suas cores e suas brincadeiras, que aparecem por todo o painel Paz.

Não há como não sair de lá emocionado com o que se vê, diante da grandiosidade da tarefa aceita pelo pintor já doente, intoxicado pelo chumbo das tintas. Mas ali está a sua própria alma brasileira, ali pintada a sua alma caipira, e a marca da sua alma socialista: o sonho dele era maior do que ele, maior do que sua doença, que uma simples tela, tão grande quanto um painel: o sonho de um mundo de paz, de um mundo justo, de um mundo bom para todos.

Um sonho que ele via com o coração, como ele mesmo disse:

"A pintura que não fala ao coração não é arte, porque só ele a entende. Só o coração nos poderá tornar melhores e é essa grande função da arte. Não conheço nenhuma grande Arte que não esteja intimamente ligada ao povo”.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A arte realista de John Singer Sargent

El Jaleo, John Singer Sargent
John Singer Sargent nasceu em Florença, Itália, em 12 de janeiro de 1856, mas era filho de pais norte-americanos, originários da Filadélfia e por isso, ele é considerado de origem norte-americana. A família de John Singer Sargent vivia modestamente em Florença, Itália, e sem contato com outros norte-americanos que viviam naquele país. Recebiam apenas as visitas ocasionais de alguns amigos artistas.

Sargent, desde pequeno, viajava com sua família por países europeus, visitando museus e igrejas, pois sua mãe considerava isso fundamental para a educação dos filhos. Ela era uma artista amadora, enquanto seu pai fazia ilustrações para uso na medicina. Por isso, desde cedo ele ganhava cadernos de desenho e era encorajado a desenhar em suas viagens. Fazia, então, desenhos detalhados das paisagens que via e chegou a copiar as imagens de uma revista londrina ilustrada. Adorava desenhar navios, o que fez seu pai achar – e desejar – que o menino fosse acabar seguindo uma carreira de marinheiro.

Quando ele completou 13 anos, sua mãe achou que era hora de levar o filho, que já desenhava muito bem, a um estudo mais sistemático, e ele recebeu suas primeiras lições de aquarela com Carl Welsch, pintor paisagista alemão. Sargent já sabia muito de arte, literatura e música. Também falava fluentemente francês, italiano e alemão. Aos 18 anos já conhecia de perto, e bem, os grandes mestres italianos como Tintoretto, Ticiano e Michelangelo.

Lady Agnew, Sargent
Sargent é considerado um dos maiores retratistas de sua época, mas se dedicou também à pintura de paisagem e pinturas urbanas. São muito conhecidas as aquarelas que ele pintou da cidade de Veneza, Itália.

Ele trabalhava intensamente em sua arte, de manhã à noite, diariamente, sete dias por semana. Entre 1877 e 1925 ele pintou mais de 900 telas a óleo e mais de duas mil aquarelas, além de incontáveis desenhos com carvão e lápis-grafite. 

Sargent começa seus estudos na Academia de Florença, mas foi na França que ele recebeu sua formação mais densa. Com apenas 18 anos de idade foi admitido no Atelier do pintor realista Carolus-Duran, em Paris, um artista que se inspirava na obra do também pintor francês Gustave Courbet. Sargent passou também pelo atelier de outro pintor francês, Léon Bonnat. Sua educação foi fortemente influenciada na pintura do mestre espanhol Diego Velázquez e na do holandês Franz Hals.
Seus estudos no atelier de Carolus-Duran compreendiam desde desenho de anatomia até perspectiva. Mas também passa grande parte de seu tempo desenhando nos museus de Paris. Nessa época ele partilhava um atelier com seu amigo pintor e norte-americano James Carrol Beckwith, seu primeiro contato com os inúmeros norte-americanos que no século XIX foram viver no estrangeiro, para aprender pintura.

Carolus-Duran exigia muito empenho no desenho, ao qual Sargent se submeteu. Lá ele aprendeu a pintar alla-prima (com o pincel diretamente na tela, sem preparação anterior), como era o estilo de Diego Velázquez.

Esboço para Dama Ethel Smyth

Rapidamente Sargent se tornou o aluno favorito de Carolus-Duran, que considerava seus desenhos e suas pinturas dentro da “mesma veia” dos velhos mestres. Logo, o jovem pintor passou a ser admirado em Paris. Ele passou a conviver com artistas do nível de Degas, Rodin e Monet, entre outros.Com 23 anos de idade, pinta o retrato de seu mestre Carolus-Duran. Em seguida expõe no Salão de Paris.

Em 1879, Sargent se despede do atelier de Carolus-Duran e viaja para a Espanha, com o desejo de estudar as pinturas de Velazquez. Lá, ele se apaixona pela música e pela dança espanhola. Ele sempre foi um apaixonado por música durante toda a sua vida. Da Espanha, foi para a Itália onde realizou inúmeros esboços e anotou ideias para diferentes pinturas que ele fará depois.

Em seu retorno a Paris, recebeu uma enxurrada de pedidos de retratos e sua carreira deslancha. Sargent tinha uma grande capacidade de concentração e disciplina, que o manteve pintando durante os próximos 25 anos de sua vida. Ele já era, então, a grande vedette em meio aos artistas em Paris, inclusive por sua maneira refinada e seu francês perfeito.

Nos anos 1880, Sargent expõe regularmente no Salão de Paris. Os críticos da época o comparavam a Velázquez, especialmente após o quadro “As filhas de Edward Darley Boit”, pintado em 1882, baseado em “As meninas” do pintor espanhol.

Claude Monet pintando ao ar livre, óleo sobre tela, John Singer Sargent, 1885

Tudo ia muito bem para John Sargent, quando ele pinta e expõe seu quadro “Madame X”, em 1884. Atualmente, ela é considerada sua obra-prima e era sua preferida, segundo seus biógrafos. Ele teria dito em 1915 que aquela pintura era a melhor coisa que ele já tinha feito. Mas quando a tela é apresentada ao Salão de Belas Artes de 1884, a reação de críticos e público foi tão negativa que obrigou o pintor a se mudar de cidade, indo se instalar em Londres. Ocorre que a senhora retratada por ele não havia encomendado essa pintura e isso causou muito escândalo em Paris. E ela própria se envolveu, causando muito incômodo para Sargent. Para o público, era difícil aceitar uma pintura de uma mulher com tanta diferença entre a cor do seu vestido e a de sua pele. Foi um golpe difícil pare ele, que chegou a pensar em parar. Mas, diante da reação escandalosa de todos, Sargent resolveu ir embora de Paris.


Carnation, Lily, Lily, Rose, Sargent
Se instala em Londres. Mas os críticos de arte inglesa resistiram a aceitar a pintura dele, acusando-o de pintar de maneira muito francesa. Um de seus críticos dizem inclusive que sua maneira de pintar era dura e quase metálica. Mas com o tempo Sargent foi atraindo a atenção dos ingleses para seu trabalho e logo começou a receber muitas encomendas para retratos.

Na Inglaterra, Sargent passou bastante tempo pintando no campo. Em 1885, visitando Monet em Giverny, França, ele pintou aquele que é considerado um de seus quadros mais impressionistas, representando Monet pintando a céu aberto (plein-air). Nessa década de 1880, Sargent chega a participar de várias exposições impressionistas. Ainda que os ingleses chegassem a classificar Sargent como impressionista, os franceses, como Monet, não concordavam com isso porque viam na pintura dele uma influência muito grande de seu mestre realista Carolus-Duran.

O primeiro grande sucesso de Sargent na Inglaterra teve lugar na Academia Real em 1887, com seu quadro “Lily, Lily, Rose” representando duas meninas com lanternas num jardim inglês. Essa pintura é parte do acervo da Tate Gallery de Londres.

Sua primeira viagem aos EUA foi entre 1887-88, indo para Nova Iorque e depois Boston, onde ele faz sua primeira exposição individual nos EUA, apresentando 22 obras. E recebe novos pedidos de retratos.


Uma rua em Veneza, Sargent
Para pintar os retratos, Sargent solicita de oito a dez sessões com o modelo a ser pintado. Muitas vezes na casa da pessoa que solicitou, mas a maioria das vezes em seu atelier, bem sortido de móveis e objetos que ele mesmo escolhia para que o efeito fosse bom. Normalmente ele entretinha seus clientes com alguma conversa e algumas vezes interrompia a sessão para tocar um pouco no piano. Muito raramente fazia esboços preparatórios. Como tinha aprendido com Carolus-Duran, a maior parte das vezes ia diretamente com o pincel na tela. Sargent nunca teve assistentes. Ele mesmo preparava suas telas, envernizava suas pinturas, além de se ocupar pessoalmente com a papelada e documentos do atelier. Ele era tão famoso retratista que diversos clientes norte-americanos ricos iam a Londres apenar para serem pintados por Sargent.

Durante os anos 1890, ele chegava a receber catorze encomendas de retratos por ano, o que lhe valeu o título de “o Van Dyck” daqueles tempos. Agora viajava com bastante freqüência aos EUA, sobretudo por causa das encomendas que recebia.

Entre 1900 e 1907, Sargent produziu num ritmo intenso, mais de doze retratos a óleo por ano, mas também fazia dezenas de retratos apenas desenhados, que ele vendia por preço mais baixo. Com 51 anos de idade, em 1907, Sargent fecha seu atelier de retratos. Nesse mesmo ano, pinta seu próprio retrato. Se concentra em pintar apenas paisagens.
Os intoxicados, óleo sobre tela, Sargent, 1918
Mas em 1917, a maior parte da crítica já o considera um pintor do passado. Os artistas modernos o consideravam desconectado da realidade da vida norte-americana e das novas tendências nas artes. Ele aceita as críticas calmamente, mas se recusa a mudar sua opinião negativa sobre as novas tendências artísticas. Ele teria dito que “Ingres, Rafael e El Greco possuem atualmente toda a minha admiração. Eles são o que eu amo”.

Durante a sua carreira, Sargent pintou centenas de aquarelas, mais de duas mil. Do campo inglês à cidade de Veneza, ele era infatigável aquarelista. As de Veneza, por exemplo, muitas delas ele pintou sentado dentro de uma gôndola. Nelas, ele expressava sua atração pela natureza, pela arquitetura, pelas paisagens com montanhas. Mas também pintou seus amigos, sua família, os jardins de sua casa.

A primeira vez que ele expôs essas aquarelas foi em 1905, na Carfax Gallery de Londres. Em 1909, expôs 86 aquarelas em Nova Iorque. De seus retratos feitos com carvão, ele expôs 46 deles – realizados entre 1890 e 1916 – na Sociedade Real de Pintores de Retratos em Londres, em 1916.
John Singer Sargent morreu em 14 de abril de 1925, em Londres, Inglaterra.
As filhas de Edward Darley Boit - inspirado em As Meninas, de Velázquez

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Artistas realistas no Rio de Janeiro

Céu da China, 2010, óleo sobre tela, dos três artistas da Guilda de São Francisco
Eu estava pesquisando em sites de museus, quando me deparei com uma novidade que acabava de passar pelo Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro: uma exposição de desenhos de Cláudio Valério Teixeira e outra de pinturas de um grupo chamado Guilda de São Francisco.


Desenho de Cláudio Valério Teixeira
Aos poucos fui descobrindo tudo. Cláudio Valério Teixeira, um dos artistas da Guilda de São Francisco, é um artista plástico com longa carreira e que, na época da ditadura militar no Brasil, havia exposto desenhos onde ele retratava as situações de prisão, tortura e mortes sofridas por pessoas que se opunham ao regime militar. Ele refez todos os desenhos de 1978 - os daquela época foram perdidos - e os expôs no Museu Nacional de Belas Artes, num momento inclusive bastante propício, pois foi recentemente instituída a "Comissão da Verdade" para apurar crimes políticos cometidos pelos militares naquela época e, com isso, "torna-se ainda mais pertinente a remontagem desta exposição", diz ele em seu site.


Através do sítio da exposição "1978 - Desenhos", eu cheguei ao da Guilda de São Francisco, onde pude ver que três artistas plásticos se reuniram para recuperar a pintura que era feita no século XVII, dando uma atenção especial ao pintor flamengo Peter Paul Rubens, assim como a Nicolas Poussin, pintor francês. São eles: Celio Belem, Milton Eulalio e o próprio Cláudio Valério Teixeira. Todos se dizem pintores realistas, que buscam trazer para nossos tempos o modelo de mestres como Velázquez, o mestre de todos os pintores realistas, como diz Cláudio.


Desenho de Cláudio Valério
para a exposição "1978 - Desenhos"
O nome dado ao grupo, Guilda de São Francisco, remete ao jeito antigo dos artistas se reunirem juntos num atelier, em guildas. O nome deve-se ao fato do atelier deles estar localizado no bairro de São Francisco, em Niterói, Rio de Janeiro. Celio, Cláudio e Milton pintam juntos a mesma tela, um continuando o que o outro começou, construindo as pinturas juntos. Os três são amigos, os três compartilham o mesmo gosto estético e a mesma paixão pelas obras dos velhos mestres da pintura. Eles também trabalharam juntos em diversas restaurações de obras de arte, como nos paineis "Guerra e Paz" de Portinari.


Nestes tempos de predomínio e imposição acadêmica onde reina quase absoluta a arte conceitual, parece que um vento sopra novamente para a arte figurativa. Foi esse frescor que senti ao ver duas exposições dessas em um dos principais museus brasileiros, o Museu Nacional de Belas Artes. Pode ser sinal de que nem tudo está perdido, ou dizendo melhor: num mundo onde tudo parece perdido, artistas trabalham em seus ateliês, na calada do dia ou da noite, no silêncio quieto do pincel sobre a tela, debruçados sobre as grandes questões da arte pictórica.


A exposição "1978 - Desenhos", assim como a de pintura "Guilda de São Francisco" ficaram em cartaz de 30 de novembro de 2011 até hoje, dia 5 de fevereiro.


Abaixo, transcrevo um artigo do professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp Jorge Coli, que foi publicado no site do grupo. Ele fala sobre o significado de artistas como estes em meio ao estado atual das Artes Visuais:


A Guilda de São Francisco


Jorge Coli


É bem sabido que a arte de vanguarda, ou moderna, como se quiser, ergueu seus fundamentos no princípio das libertações. Libertação da disciplina escolar, dos cânones acadêmicos, das regras, dos mestres, da tradição. Liberar o solo, dizia Le Corbusier, para a arquitetura. Liberar os poemas de suas rimas e metros. Liberar a prosa de qualquer narrativa. Liberar a música que a velha harmonia aprisionava. Liberar os quadros de toda figura, ou representação.


Tal liberdade era determinante para que o artista pudesse criar, e criar queria dizer: inventar o novo. A dupla liberdade e novidade moveu a criação moderna. Ela determinava que o retorno ao passado só poderia ocorrer ou como “releitura”, para empregar um termo hoje na moda, ou como alusão distante, inspiração remota.


Celio Belem, Cláudio Valério Teixeira e
Milton Eulálio trabalhando juntos na mesma tela
Boa fórmula axiológica: liberdade + novidade = modernidade. Porém, todas as proclamações, todas as invenções, originalidades, choques, não eliminam desses imperativos sua dimensão profundamente autoritária. O artista é livre para o que quiser, menos para uma coisa: não ser moderno. A fórmula de São Cipriano, caracterizando o universal da Igreja poderia ser aplicada aqui: fora dela, da modernidade, não há salvação. Trata-se de uma opressão que condenou os artistas apegados às tradições; as palavras que os caracterizaram fizeram-se insultantes: “passadista”, “acadêmico”.


Hoje, os valores, e mais que eles, as intuições e sentimentos modernos entraram em crise. Seus poderes, no entanto, ainda são fortes. Poderes que a Guilda de São Francisco desacata. Num formidável prazer de trabalhar juntos, abolindo o princípio de autoria individual, colaborando com gosto e alegria numa camaradagem cúmplice, eles decidiram voltar às lições dos de outras eras. Não como citações, embora um conjunto de nus possa remeter a Manet, e por trás dele, a Rafael; ou um grupo encaminhe a memória para algum Poussin. Mas, ao conceber o quadro como construção refletida, em que a figura humana, o nu, a paisagem, a natureza morta monumental retomam seus direitos esses artistas tentam encontrar antigos caminhos. Ao descobrir feituras técnicas, processos de representação e de composição que ocorreram no passado, ao avançar pondo o pé nas pegadas dos velhos mestres, escaparam à tirania já meio caduca da modernidade.


Nas obras da Guilda, há discretas referências ao nosso tempo, como essas pequenas centrais nucleares perdidas que se perfilam diante de um pôr-do-sol; ou esse skyline de cidade contemporânea. Mas essas referências discretas, um pouco bizantinas ou cabalísticas, não são necessárias para sabermos que esses quadros foram feitos hoje. Há neles não sei que espírito de malícia e de júbilo que os denuncia.


De qualquer modo, o grande equívoco dos modernos, aquilo que não entenderam é a impossibilidade de não ser atual. A marca deixada pelo agora em qualquer obra que seja, incorpora-se a ela de modo indelével: Borges enunciou com humor esse princípio no seu paradoxo de Pierre Ménard.


O torniamo all’antico que segue a Guilda de São Francisco revela, por tudo isso, uma considerável novidade. Graças ao domínio técnico exigente, graças ao evidente prazer que seus pintores demonstram em expandi-lo nessas telas de belo formato, graças à cumplicidade reforçada pelo trabalho coletivo e pelo estímulo que dele resulta, produzem uma arte que desafia – sem nenhuma intenção militante – as estéticas conformadas.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

"Por ti, Portinari"

“Vim da terra vermelha e do cafezal. As almas penadas,
os brejos e as matas virgens acompanham-me
como o espantalho, que é o meu auto-retrato.
Todas as coisas frágeis e pobres se parecem comigo.”
(Candido Portinari)

Em 6 de fevereiro, há 50 anos, morreu o artista brasileiro de maior reconhecimento internacional: Candido Portinari. Duas homenagens à altura desse pintor acontecerão neste primeiro semestre de 2012: a escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel desfilará no sambódromo do Rio de Janeiro em homenagem ao artista, e o Memorial da América Latina em São Paulo passará a exibir os dois painéis “Guerra” e “Paz”, que depois passarão por outros países: Rússia, China, Índia e África do Sul.


Guerra e Paz


Após uma completa restauração realizada no Rio de Janeiro, os dois gigantescos paineis de Portinari serão exibidos ao público no Memorial da América Latina em São Paulo. É uma rara oportunidade de ver essas duas gigantescas telas de 14 metros por 10 cada uma, doadas pelo governo brasileiro à sede da ONU em Nova Iorque, Estados Unidos. Além de ser possível observar cerca de 100 estudos preparatórios que Portinari fez para os paineis, assim como uma amostra do Projeto Portinari, organizada pelo seu filho João Candido. No Memorial também está o painel Tiradentes, pintado por ele entre 1948-49.
Painel Guerra, de Portinari, 14 metros de altura por 10 metros de largura
Os paineis Guerra e Paz foram encomendados no final de 1952 ao pintor, para um espaço de 280 metros quadrados, maior do que o espaço que Michelangelo tinha para a pintura da Capela Sistina.


Portinari, em 1952, já havia sido proibido de pintar a óleo, por recomendação dos médicos, uma vez que ele já sofria com sintomas de intoxicação pelas tintas. Mesmo assim, Portinari aceitou o convite. Ele sabia que corria risco de morte ao aceitar esse trabalho, mas foi "uma decisão consciente e coerente com toda uma vida de militância", disse o filho do artista, João Candido Portinari, ao jornal Folha de São Paulo. "Foram nove meses pintando e ele saiu disso muito fragilizado."


Foi no auditório dos estúdios da antiga TV Tupi que durante 4 anos Portinari trabalhou na confecção de 180 estudos, esboços, maquetes e as pinturas para os murais, que foram entregues em 5 de janeiro de 1956 ao Ministro das Relações Exteriores Macedo Soares, para a doação à ONU.


Mas antes de embarcarem para os EUA, Guerra e Paz foram montados no fundo do palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e em fevereiro de 1956 foram inaugurados pelo então Presidente da República Juscelino Kubitschek. Na ocasião, ele entregou a Portinari a Medalha de Ouro de Melhor Pintor do Ano de 1955, concedida pelo International Fine Arts Council de Nova York. Logo depois os paineis foram enviados à sede da ONU, mas somente no dia 6 de setembro de 1957, Guerra e Paz foram inaugurados em cerimônia oficial.


Mas sem a presença do pintor. Portinari era ligado ao Partido Comunista do Brasil, e o macartismo terrivelmente anticomunista que dominava os Estados Unidos naquele período, impediu que fosse concedido o visto de entrada a Portinari. Ele foi representado pelo chefe da delegação brasileira, o embaixador Cyro de Freitas-Valle, que lamentou publicamente a ausência do artista.


Portinari, com tamanho desafio à frente, realizou, só para o painel Guerra, cerca de 150 desenhos e 14 telas a óleo, como informa a pesquisadora Annateresa Fabris, da USP. Com seu traço marcantemente expressionista, ele resume nesses dois paineis todo o seu modo de ver a realidade do mundo: mães em desespero por seus filhos mortos, crianças esquálidas, retirantes, camponeses e trabalhadores sofridos, fazem do painel Guerra uma verdadeira denúncia dos horrores cometidos pelas guerras que dominaram o século XX, considerado o século mais sangrento de toda nossa história.


Nesse período, a resistência à guerra e ao nazismo e fascismo tinha alcançado também os artistas. Assim como Pablo Picasso e Bertolt Brecht, entre outros artistas humanistas, Portinari não podia se furtar a denunciar o que via em seu tempo: as consequências de duas sangrentas guerras mundiais, de massacres como nunca tinham sido vistos antes, quando homens mataram homens em conflitos bélicos, “acentuando climas de intolerância e regimes de terror, com a proliferação dos fascismos de diferentes formas - da Alemanha à Itália, da Espanha a Portugal”, como diz, em artigo, o sociólogo Emir Sader.


Não bastasse o sangue derramado nas duas guerras, duas bombas foram atiradas sobre Hiroshima e Nagasaki, o que levou o poeta Vinicius de Moraes a escrever “A rosa de Hiroshima”. Observando os detalhes da pintura de Portinari, nos sofrimentos ali expostos, nas mãos suspensas das mulheres em desespero, podemos lembrar dos versos do poeta: “Pensem nas crianças mudas telepáticas (...) Pensem nas mulheres, rotas alteradas...”


Emir Sader completa, em seu artigo: “Foi nesse marco - o da resistência e o do triunfo democrático - que uma geração notável de artistas e homens de cultura brasileiros se integraram a esse movimento internacional com o melhor de sua capacidade criativa. Os poemas de Carlos Drummond de Andrade sobre o assassinato de Federico Garcia Lorca, sobre a resistência de Stalingrado, ao lado das telas de Portinari Guerra e Paz se destacam como expressões maiores desse movimento”.
Painel Paz, de Portinari, 14 metros de altura por 10 metros de largura
No painel Paz, pessoas se movimentam, pessoas trabalham. Uma mãe está com seu bebê no colo, o filho de volta, pequeno, cheio de futuro. Um grupo de jovens canta. Muitas crianças brincam. É o recado do artista: a Paz deve ser para todos. As crianças representam o futuro da humanidade, um futuro de paz verdadeira, sem interesses bélicos que lancem as pessoas umas contra as outras, como nas guerras imperialistas.


Mas o mundo ainda não viveu esse dia. Estamos observando o desenrolar de uma crise que mais uma vez envolve os EUA e os países poderosos da Europa: há um cheiro de guerra no ar, quando ouvimos falar da Síria ou do Irã. A lição ainda não foi aprendida pelo senhores da guerra e os EUA, principalmente, ainda insistem na solução da morte para se imiscuir nos problemas internos da nações soberanas do mundo.


Guerra e Paz vão voltar à sede da ONU em 2013. Os poderosos do mundo vão continuar passando através deles, na entrada e na saída do prédio. E o recado do artista estará lá, em seu grito silencioso. Até que um dia os povos do mundo façam esse grito ser ouvido...


Serviço:
Exposição dos paineis GUERRA e PAZ
Memorial da América Latina
Barra Funda - São Paulo
De 6 de fevereiro a 21 de abril


O Samba para Portinari


Mas... como o mundo não é só guerra e o Brasil é também o país da celebração, a Mocidade Independente de Padre Miguel vai levar a arte de Candido Portinari para a Marquês Sapucaí no próximo carnaval, com o enredo “Por Ti, Portinari. Rompendo a tela, a realidade”.


O carnavalesco Alexandre Louzada pretende mostrar a infância do pintor em Brodowski, os grandes murais, pinturas como “Os retirantes”, as favelas e o carnaval que Portinari pintou. E lá também estarão representados os paineis "Guerra e Paz".


Este é o samba-enredo, de autoria de Diego Nicolau, Gabriel Teixeira e Gustavo Soares:


Por Ti, Portinari. Rompendo a tela, a realidade


Eu guardei
A mais linda inspiração
Pra exaltar em tua arte
A brasilidade de sua expressão
Desperta gênio pintor
Mostra teu talento, revela o dom
Deixa a estrela guiar
Faz do firmamento, seu eterno lar


Solto no céu feito pipa a voar
Quero te ver qual menino feliz
Planta a semente do sonho em verde matiz
Emoção, me leva...
Livre pincel a deslizar
Vou navegar, desbravador
Um errante sonhador
Voar pelas asas de um anjo
Num céu de azulejos pedir proteção
Vida de um retirante
No sol escaldante que queima o sertão


Moinhos vencer... Histórias de amor
Riscar poesias em lápis de cor
Você, que do morro fez vida real
Pintou nossos lares num lindo mural
Você, retratando a alma, se fez ideal
Meu samba canta mensagens de "Guerra e Paz"
Seu nome será imortal em nosso Carnaval
É por ti que a Mocidade canta
Portinari, minha aquarela
Rompendo a tela, a realidade
Nas cores da felicidade
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Mais textos sobre Candido Portinari neste blog:


 Candido Portinari no MAM de São Paulo
 Um samba para Portinari
 Portinari de todos os tempos


Links para o Projeto Portinari:


Projeto Portinari
Paineis Guerra e Paz


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Veja abaixo o video onde o presidente Lula, na ONU, apresentou os paineis GUERRA e PAZ de Portinari: