Óleo sobre tela, 50 x 40 cm, abril 2013 |
Antonio López, pintor realista espanhol
Terminei este estudo, sob a arientação do professor Maurício Takiguthi, de uma das naturezas-mortas de um aluno da escola do pintor norte-americano David Leffel. Não se trata somente de uma simples cópia minha. Trata-se de aprender como essa escola realista pensa a pintura. Nesse sentido, isto não é simplesmente uma natureza-morta, mas um conceito, um pensamento sobre o que é pintar. Para o pintor realista, o mundo à sua frente possui uma cadeia de relações que estão - e devem estar - presentes numa boa pintura. Não se trata só de desenhar, dar pinceladas, colorir, ver a incidência da luz, as sombras, etc.
É preciso ver além da aparência, penetrar profundamente no real à nossa frente, permitindo que ocorra essa relação dialética entre o pintor e seu mundo. Por isso Leffel também insiste que além de aprender a pintar é muito importante aprender a "pensar visualmente". Pintar imagens, ensina ele, significa também "resolver tecnicamente problemas estéticos", para fazer com que a pintura possa ser também simples e compreendida por qualquer pessoa. As grandes pinturas dos mestres são evidentes por si mesmas, não têm nada de esotéricas. Falam com todos.
Mas o olhar do artista traz ao mundo seu modo pessoal de vivenciar a realidade, em seu
É preciso ver além da aparência, penetrar profundamente no real à nossa frente, permitindo que ocorra essa relação dialética entre o pintor e seu mundo. Por isso Leffel também insiste que além de aprender a pintar é muito importante aprender a "pensar visualmente". Pintar imagens, ensina ele, significa também "resolver tecnicamente problemas estéticos", para fazer com que a pintura possa ser também simples e compreendida por qualquer pessoa. As grandes pinturas dos mestres são evidentes por si mesmas, não têm nada de esotéricas. Falam com todos.
Mas o olhar do artista traz ao mundo seu modo pessoal de vivenciar a realidade, em seu
“sublime assombro diante da sabedoria da ordenação do mundo”, como disse Nietzsche. O exercício de observar o mundo, de pintar a realidade pode ser comparado ao momento do despertar, ou, dizendo de outro modo, o momento da tomada de consciência. Não o despertar automático, de todo dia, mas o daquele momento em que de repente algo no mundo se apresente absolutamente NOVO a nossos olhos. E até pode ser um NOVO que já foi visto antes: a luminosidade matutina que colore a sala da nossa casa com uma luz nova; um movimento do seu gato, silencioso e harmônico; o rosto envelhecido da pessoa amada; a mão jovem de sua filha; uma flor que começa a se abrir; uma lua fosforescente num céu de outono... enfim, o Real está aí todo o tempo à nossa frente para ser apreendido, absorvido, percebido de forma profunda e nova.
É preciso, às vezes, recusar as certezas em benefício do espanto! O dia a dia nos encerra no obscurecimento das coisas; tudo se torna trivial, comum, normal, em nossa rotina diária. Por isso é bom esse exercício de buscar outros sentidos nas coisas do mundo, dar uma outra cara a tudo, aumentar nossa capacidade de enxergar, expandir o nosso gradiente de percepção. Buscar novos sentidos, não nos satisfazer com a aparência. Um pintor que pinta só a aparência do mundo está perdendo a possibilidade de deixar que o real seja alcançado de um jeito novo. O que o pintor realista David Leffel ensina e mostra é que há modos diversos de acesso ao real.
É preciso, às vezes, recusar as certezas em benefício do espanto! O dia a dia nos encerra no obscurecimento das coisas; tudo se torna trivial, comum, normal, em nossa rotina diária. Por isso é bom esse exercício de buscar outros sentidos nas coisas do mundo, dar uma outra cara a tudo, aumentar nossa capacidade de enxergar, expandir o nosso gradiente de percepção. Buscar novos sentidos, não nos satisfazer com a aparência. Um pintor que pinta só a aparência do mundo está perdendo a possibilidade de deixar que o real seja alcançado de um jeito novo. O que o pintor realista David Leffel ensina e mostra é que há modos diversos de acesso ao real.
O pintor realista é aquele que busca produzir sentidos novos aos sentidos já dados e conhecidos. O pintor realista é como o poeta que usa a matéria-prima da linguagem para falar de algo que muitas vezes nem tem linguagem... Não tem palavras para tudo no mundo... Mas há o sentido, e ele sempre pode ser novo! E é preciso falar dele. Para que as pessoas possam ver o que o artista viu.
Por isso este estudo acima não é só uma cópia de uma natureza-morta de um outro artista. Sou eu mesma querendo entender os modos de acesso ao real que pinto, enquanto aprendo a manejar meus pinceis...
Por isso este estudo acima não é só uma cópia de uma natureza-morta de um outro artista. Sou eu mesma querendo entender os modos de acesso ao real que pinto, enquanto aprendo a manejar meus pinceis...
Gostei do seu blog. Esse post é o melhor. Parabéns.
ResponderExcluirQuando puder visite http://www.cristinajaco.art.br
Abraços e sucesso.