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quinta-feira, 11 de junho de 2015

Francisco de Goya


"La maja desnuda", Francisco de Goya, 1790-1800, óleo sobre tela, 191 x 98 cm, Museu do Prado
Fruto de minha última viagem à Espanha, nos próximos posts deste blog pretendo trazer um pouco sobre a vida e a obra dos maiores mestres daquele país, os conhecidos e os desconhecidos. Os pintores espanhois são, para mim, os melhores exemplos de artistas em que vida e obra não se podem separar; assim como não é possível separá-los da cultura de seu país, tão diversa quanto a nossa, e tão profundamente arraigada na alma daquele povo como, por exemplo, as tradicionais touradas. Como enfatiza Antonio López, pintor contemporâneo, a pintura espanhola está ligada à vida, nem sempre à beleza.
Comecemos por Francisco de Goya.
"Retrato de Goya", Antonio López, 1826
Francisco José de Goya y Lucientes nasceu em Fuendetodos, Saragoça, na Espanha, em 1746. Faleceu em Bordeaux, França, em 1828.
Filho de um mestre dourador, Goya teve suas primeiras lições de pintura em Saragoça, por volta dos anos 1760. Na sequência ele mudou-se para Madrid, onde continuou sua formação. Fez uma passagem por Roma, Itália, em 1770, e se deixa influenciar pelo neoclassicismo vigente, como pode ser visto na imagem abaixo, que mostra uma tela pintada por ele nesta época (“Hanibal atravessando os Alpes”).
Goya voltou à Espanha em 1771, quando começou a receber as primeiras encomendas: a decoração da abóboda da basílica do Pilar em Saragoça, entre outras. Em 1773 casa-se com Josefa, a irmã do pintor Francisco Bayeu, que era pintor oficial na época. No ano seguinte, outro pintor, o flamengo Anton Raphael Mengs o convida para mudar-se para Madrid. Mengs viveu na Espanha e lá produziu uma série de pinturas, que podem ser vistas atualmente no Museu do Prado.
"Hanibal atravessando os Alpes", Goya
O período entre 1776 e 1792 marca a ascensão social de Goya. No começo, ele produziu algumas gravuras estudando a partir de pinturas de Diego Velázquez, que sempre foi considerado por ele seu verdadeiro mestre. Em 1779 ele pintou um primeiro retrato da família real, do rei Carlos III, e no ano seguinte foi eleito por unanimidade para a Academia Real de Belas Artes de São Fernando. Mas seu trabalho na abóboda da basílica de Pilar em Saragoça precisava ser terminado, e, com isso, Goya voltou para lá para acabar a obra.
Após seus retorno a Madrid, acabou se tornando o pintor oficial da aristocracia, executando diversos retratos, onde já expressava sua força e seu jeito pessoal de pintar. Fez também pinturas de paisagens, mas se dedicou principalmente a criar tapetes para a Real Fábrica de Santa Bárbara, nos quais Goya utilizou temas populares.
"Ainda aprendo", Goya
Mas desde 1792 Francisco de Goya começou a perder a audição. Especula-se que ele ficou surdo por causa da grande quantidade de chumbo presente nos pigmentos que usava para pintar. Angustiado, ele transmite para sua pintura os seus próprios medos, pintando nesta época cenas obscuras de Madrid, uma série de estudos de Tauromaquia e as gravuras da série “Caprichos”, cheios de figuras monstruosas e demoníacas. Mas a Santa Inquisição ameaçou-o, e teve que interromper esta série de gravuras.
Goya chegou ao século XIX completamente surdo. Isto fez com que ele penetrasse cada vez mais em seu mundo interno. Ele foi se tornando, à medida em que envelhecia, uma espécie de profeta solitário, pintando suas pinturas negras nas paredes de sua própria casa. Mas antes, em 1805, terminou seus dois quadros - que acabei de ver em Madrid, no Museu do Prado - “La maja nua” e “La maja vestida”, duas grandes telas, colocadas lado a lado. Foi o primeiro nu pintado na Espanha após a “Vênus do Espelho”, de Velázquez, pintada em 1650. Na Espanha católica, esta pintura da Maja nua foi completamente condenada. O quadro foi confiscado e Goya foi obrigado a dar explicações ao tribunal da Inquisição em 1814.
A invasão francesa na Espanha, pelos exércitos de Napoleão, em 1808, também inspiraram no pintor uma série de gravuras feitas em água-forte (técnica de gravação sobre metal com ponta-seca e complementada com a utilização de um ácido sobre a chapa). Goya intitulou esta série “Os desastres da guerra”. Mas pintou principalmente o quadro, bastante conhecido, uma tela muito grande intitulada “O três de maio” (abaixo), assim como outra que ele deu como título “O dois de maio”, que celebram a resistência do povo espanhol às investidas de Napoleão. Em especial na pintura abaixo, "O assassinato do três de maio, Goya inova na pintura tanto em termos de composição, como de técnica.
"O assassinato do três de maio de 1808", Goya, óleo sobre tela, 1814
Mas o pintor Goya não podia descansar… O rei absolutista Fernando VII, com sua política de relações submissas ao governo francês, considerava-o perigoso para seus planos e o obrigou a deixar a Espanha. Em 1824 Goya se instalou na cidade francesa de Bordeaux, juntamente com dezenas de exilados espanhois. Ele foi obrigado a abandonar sua recém comprada casa de campo perto de Madrid, por causa da perseguição de Fernando VII.
"O afiador", Goya,
óleo sobre tela, 1808-1812
Em Madrid ainda, Goya se refugiou inicialmente na casa de um médico a quem tinha feito um retrato, o doutor Duaso. Mas lhe pareceu melhor fugir para a França. Inicialmente em Bordeaux, ele resolveu seguir até Paris, onde passou alguns meses, vivendo completamente só, mas sem parar de pintar e desenhar. Desde seus últimos tempos em Madrid, Goya já vinha realizando desenhos que mostravam suas inquietudes psicológicas e suas preocupações sociais.
O exílio para um homem com 78 anos de idade, e doente, era um golpe muito pesado. Sem se adaptar a Paris, resolveu voltar a Bordeaux em setembro de 1824. Lá estavam seus amigos, entre eles o poeta Moratín, de quem fez um retrato a óleo. Deu aulas de pintura e desenho para Rosario Weiss, filha de uma conhecida, Leocadia Zorrilla. Mas seu temperamento lutador não se acalmava. A partir de 1825 começou a fazer a série de gravuras intituladas “Los toros de Bordeaux”, junto com mais quatro telas a óleo sobre o mesmo tema. Mas também fez miniaturas sobre marfim, aguadas, desenhos.
"A obra", Goya, óleo sobre tela,
1786, 127 x 169 cm
Em 1826 Goya fez uma viagem a Madrid, onde obteve uma anistia. Continuou pintando, mas voltava para sua casa em Bordeaux. Uma de suas últimas pinturas foi “A leiteira de Bordeaux”, em 1827. Entre 1824 e 1827 ele fez muitos desenhos, entre os quais o famoso “Ainda aprendo”, onde talvez ele tenha se auto-retratado, pensando em sua permanente inquietude.
Em 1828, Francisco de Goya piorou de saúde. Há uma carta, de 17 de janeiro, que ele escreveu a seu filho, já demonstrando como sua saúde só se deteriorava. Sua nora e seu neto foram para Bordeaux, ao encontro dele; seu filho, Mariano, e sua mãe, somente chegaram no mês de março, quando ele já estava muito mal. Faleceu na noite de 15 para 16 de abril de 1828 e foi sepultado num pequeno cemitério da cidadezinha francesa, longe de sua terra. Mas em 1927 seus restos mortais foram trasladados para Saragoça, aonde até hoje se conserva seu túmulo.
Um dos maiores mestres espanhois estava com 82 anos de idade, enfermo, surdo e começando a ficar cego. Mas apesar disso tudo, se expressava cada vez com mais liberdade, força e inspiração, usando todo o seu tempo para se dedicar a seus desenhos e suas pinturas. Ainda antes de ser exilado, ele havia deixado nas paredes de sua casa de campo as marcas do seu pincel inquieto e de sua mente repleta de angústias e questionamentos sobre a vida: suas “pinturas negras” maravilhosas, que pude admirar de novo no Museu do Prado há alguns dias.

"A leiteira de Bordeaux", 1827, talvez uma das últimas pinturas de Goya
"O parassol", Goya, óleo sobre tela, 1777
"A pradaria de São Isidro", Goya, óleo sobre tela, 1788
"La maja vestida", Goya, óleo sobre tela, 1802-1805
"Cachorros e instrumentos de caça", Goya, óleo sobre tela, 1775
"As parcas", uma das pinturas negras de Goya, 1820-1823, 266 x 123 cm
"Os estragos da guerra", Goya, gravura

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Foi bom ver El Greco

Estaçãozinha de trem de Toledo
A viagem de Madrid a Toledo se faz de trem, a partir da estação Atocha. Dura meia hora. Primeira capital espanhola, Toledo fica entre muralhas, no alto de uma elevação. Já a tinha visitado em 2001, mas voltei hoje para ver o museu de El Greco.

O museu fica em uma casa grande, com um jardim interno bem cuidado. Neste lugar o pintor Domenikus Teotokopoulos, seu nome, viveu até sua morte em1614.

El Greco, como muitos artistas em todos as épocas, foi buscar sua formação artística em outro país. Foi para a Itália e aprendeu o jeito italiano de pintar. Mudou-se para Toledo, mudou seu jeito de pintar, com o tempo. Suas pinceladas inicialmente imitavam os italianos, mas aos poucos ele foi criando seu próprio jeito de usar as cores, os pincéis, os empastos, as imprimações, as camadas de tinta. Sua figuras tornaram-se esguias, compridas. Sua pintura antecipou o expressionismo, ente outras coisas.

Vou pesquisar mais sobre El Greco quando voltar pra casa. Ele foi a boa surpresa do dia.

Parte muito antiga da casa do Museu El Greco
Lembrei-me da conversa com Juan ontem na Plaza Santana, enquanto o vento gelado fustigava minha garganta, que já estava sensível com a gripe que peguei em São Paulo. Mas a conversa com Juan girava em torno do mundo de hoje. Ele é professor de História da Arte, além de formado em Arqueologia. Falávamos do Brasil, da América Latina, da Europa, da África. Juan disse: o velho mundo, a Europa, está em crise e nunca mais vai ser o que representou antes para o mundo. A Europa já era! O mundo ficou muito pequeno e tudo está muito igual em todos os lugares, os costumes, as vidas das pessoas, as velhas práticas políticas. Temos que romper com as velhas estruturas, mas com práticas e formas novas. Em todos os sentidos, inclusive na arte.

Falei, concordando com muita coisa do que ele falou, observando que hoje para o artista não há mais um centro inspirador e formador, como foi Paris até o começo do século XX, como foi a Itália durante séculos, como foram até mesmo países como a Holanda, que nos deu Rembrandt, Vermeer, Hals e tantos outros. Hoje parece que o centro está em qualquer lugar ou em lugar nenhum!

Tudo isso, desde a idéia de mudar o mundo até o caminho pictórico que eu deva seguir, eu ou qualquer outro, gera medo na maioria das pessoas. É boa a segurança de voltar pra casa, de ver nossos filhos crescerem, nossas vidas prosperarem, saber que amanhã e depois de amanhã e sempre estaremos voltando para casa. Somos tão conservadores em tantos sentidos da vida! Tudo o que não queremos é uma boa novidade que revire nossas vidas de ponta-cabeça! Preferimos caminhar por lugares seguros, conhecidos, já traçados anteriormente...

Vista de Toledo de dentro da casa de El Greco
Juan lembrou uma frase de um amigo dele: o revolucionário é aquele que tem um pé fincado no passado, na tradição, e outro pé no futuro que ele prega. Mas a situação é complicada, porque o passado já passou, fez seu papel; o futuro nem existe ainda. Então é um equilíbrio "de loucos"!

El Greco foi completamente revolucionário! Ribera também, Velázquez idem, assim como Goya. Poderiam ter seguido no caminho seguro aprendido com os italianos e aquela sua pintura de decoração de palácios e igrejas. Tudo muito lindo, como num conto de fadas. Rafael então... Queria trazer a beleza do céu para a terra!

Mas que fizeram estes pintores espanhóis? Abandonaram o caminho seguro, criaram seu próprio caminho. Sofreram muitas críticas em seu tempo, claro! Mas hoje quando os vemos aqui nas igrejas de Toledo e no Museu do Prado, dá uma vontade muito grande de agradecer a eles: obrigada por não terem trilhado caminhos velhos! Obrigado por terem mostrado novas formas de expressão! Lembrei agora de uma história que li num autor espanhol que contava que Velazquez teria dito que preferia seguir outro caminho do que ficar em segundo lugar se tentasse imitar Rafael!

Mas, deixemos estas reflexões para outro momento. Sigamos na viagem.

Sinagoga sefaradita
Após sair do museu, fui numa antiga sinagoga, que tem séculos de história e tem a ver com parte da história dos moradores de Toledo: parte cristãos, parte muçulmanos, parte judeus. Todos convivendo em harmonia. Mas esta Sinagoga não é uma casa de oraçãoqualquer. Os judeus sefardis - segundo me informou Juan, que habitaram esta região da Espanha, além da Andaluzia, eram pessoas de nível intelectual muito avançado, diferentemente dos judeus do norte da Europa, que eram de origem camponesa e mais obedientes aos dogmas da ortodoxia hebraica.

Os judeus sefarditas da Espanha conviviam bem com cristão e muçulmanos. Os sefarditas, como tinham uma sólida formação intelectual, foram grandes pensadores, gramáticos, matemáticos, geógrafos, literatos, poetas, filósofos. Esta é a origem de Spinoza, por exemplo.

Nada a ver com os judeus que estão no poder no Estado de Israel, mais ortodoxos, fanáticos, que vivem o sonho da Jerusalém celeste onde não cabem, por exemplo, os palestinos. Mesmo os judeus sefarditas sofrem preconceito por parte dos judeus ortodoxos. Um jovem porto-riquenho, judeu por parte de mãe, amigo de Juan, passou por isso.

Pátio da sinagoga
A sinagoga sefardita em Toledo tem uma energia boa, tranqüila. Em seu pátio interno, onde tem nove lápides sepulcrais, está escrito em hebraico e traduzido para o espanhol:

"Son tumbas viejas, de tiempos antiguos, en las que unos hombres duermen el sueño eterno. No hay en su interior ni ódio ni envidia, ni tampoco amor o enemistad de vecinos. Al verlas mi mente no es capaz de distinguir entre esclavos y señores." - assinado Moisés ibn Ezras, daqueles séculos atrás.

Também entrei na Catedral de Toledo. Aqui, como em muitos lugares de influência cristã, se pode ver de perto obras de arte feitos por grandes artistas. Aqui nesta catedral, imensa, gótica, suntuosa, vi pinturas destas pessoas aqui:

Uma pintura de El Greco
Ticiano
Van Dick
Velazquez
El Greco
Goya
Rafael
Mengs
Caravaggio
Antiveduto Grammatica
Luís de Morales
Bernardo Strozzi
Luís Tristan
Giovanni Bellini
Jacobo Bassano

Este é só um dos exemplos do poder imenso da igreja que fazia com que os melhores artistas de várias épocas trabalhassem para ela. Depois deste dia intenso, as idéias fervilham na mente. Mas o corpo pede descanso.

Catedral de Toledo
Dentro da catedral

Dentro da catedral
Toledo






O rio Tejo, em Toledo

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Chegando em Madrid

A Puerta del Sol, local central em Madrid, por onde passam todos os madrilenhos todos os dias
A viagem de São Paulo para cá foi tranqüila, sem turbulência de espécie alguma! Mas, claro, cansativa! São cinco horas de diferença de fuso e isso deixa o corpo cansado.

Hoje tomei meu desayuno em um café do século XIX, perto do metro Tribunal. Quando venho para Madrid é impossível não pensar nos artistas que caminharam por estes mesmos sítios por onde estou passando. Andei um pouco de metro pra fazer hora, por causa do fuso horário. Fui até a Estação Atocha de manhã e lá vi duas esculturas de Antonio Lopez e um monumento às vítimas do atentado terrorista que teve por aqui há poucos anos atrás. Meu amigo Juan Argelina, com quem me encontrarei amanhã, quase morreu neste atentado. Sobreviveu.

Rua central de Madrid
Depois segui de metro até a Estação Chamartin, um outro ponto de onde saem não só os trens de metro, mas trens para algumas cidades, em especial do noroeste da Espanha. Eu estava muito cansada, mas fui observando as pessoas. A crise econômica do capitalismo europeu atingiu os espanhóis de forma cruel! Em apenas três trens de metro que tomei hoje apareceram jovens pobres pedindo esmola ou vendendo tranqueiras. Lembrei que no avião eu li no jornal El Pais que 20% dos jovens espanhóis entre 15 e 26 anos são da famosa geração "nini": ni trabajan, ni estudian! No hay grandes espectativas de vida acá, carajo! Nas ruas de Madrid, mais pedintes, mais moradores de rua. Incluindo um aqui da minha rua, a Calle Fuencarral, que é jovem, loiro, deve ter olho azul (não olhei muito pra ele não ficar achando que eu ia liberar uma grana) com cara de vagabundo e critica os ricos enquanto pede esmolas para beber "vino, wisky o cerveza"... Ta certo, cada um sabe das próprias necessidades.... Né, Luiz?

No metro em direção a Chamartin entrou um espanhol com um violão pedindo desculpas "si yo los molestaré" pero vendendo seu peixe: uma música....... Ahhhhhhh....... Tais, você vai gostar de saber! Roberto Carlos em bom espanhol, aquela lá "yo quiero tener un million de amigos"...

No metro, pessoas mal vestidas, muito tristes. Aquela tristeza espanhola, não qualquer tristeza! Dói na alma! E eu parecia reconhecer cada um "de aquellos rostros". La vida pulsa, triste pero pulsa!

Comi muito bem no almoço por menos de 10 euros! Se come muito bem aqui nesta Madrid de Dios! Despues, fui na lojinha de materiais artísticos que conheci em 2013. A vontade.... Ou melhor, a fissura de pintar tá grande. E ainda é o começo de tudo.

Em dois dias vou a Toledo, de novo, mas desta vez para ver o Museo El Greco.

Por hora, me quedo acá, en lo hostal Palacios, cerca de Gran Via.

Yo voy descansar más temprano... El primer día ha sido intenso! En la tierra de Velazquez y Goya y Greco y Sorolla y tantos otros!

Hasta mañana!
Puerta de Toledo, Madrid

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Pinturas Negras de Goya

Os desenhos acima, e abaixo,
foram feitos com base nas
Pinturas Negras
de Goya, no Museu do Prado,
Madrid, abril de 2013
No Museu do Prado, em Madrid, há uma ala especial para o pintor espanhol Francisco Goya, a Ala Goya. Nessas salas estão inúmeras das pinturas deste grande artista espanhol, incluindo as conhecidas Pinturas Negras.

Ao chegar à sala das Pinturas Negras, que me impressionaram muito, resolvi começar a desenhar, com lápis-carvão e grafite. Os desenhos ilustram este post. Neles, tentei captar essas expressões.

As 14 pinturas que formam o conjunto denominado de Pinturas Negras foram feitas na fase final da vida do pintor, pintadas diretamente sobre as paredes de sua casa, conhecida como a Quinta del Sordo, nos arredores de Madrid e às margens do rio Manzanares. São chamadas assim porque Goya usou pigmentos escuros e negros em temas que também são sombrios. Ele pintou diretamente sobre as paredes de sua casa, com óleo. Depois de sua morte, anos depois, estas pinturas foram trasladadas das paredes para telas, um trabalho que durou anos e foi realizado por Salvador Martinez-Cubells, que era restaurador do Museu do Prado.

Goya já estava velho e doente. E como tinha sido um ativo militante dos ideais explicitados pela Revolução Francesa, ele também era perseguido. Talvez o peso das expressões, dos gestos e da temática geral deste conjunto de pinturas tão carregadas de preto estejam na própria fragilidade de um corpo doente e que envelhecera, o que fazia sofrer Goya. Em 1819 ele foi atingido por uma grave doença que lhe deixou muito prostrado e à beira da morte. Mas sua fragilidade se devia também ao fato de que a instabilidade em que se via a Espanha após o levante constitucional de Fernando Riego, o fizera se resguardar. Ele tinha sido um grande crítico da vida política e social de seu país, não só através da sua pintura, mas principalmente como gravador e caricaturista. Satirizou a religião com suas romarias, procissões e rituais incentivados pela Santa Inquisição; reagiu contra a invasão do exército francês na Espanha em 1808; criticou o Estado espanhol.

Um de seus quadros mais conhecidos - que esté em outra sala no Prado, pois não faz parte das Pinturas Negras - é a grande tela "Os assassinatos de 3 de maio de 1808", onde um grupo de espanhois presos que serão executados se deixa mostrar na figura de um jovem líder de camiseta branca e braços abertos que recebe o foco principal de luz do quadro. Em oposição a ele, de armas apontadas, o pelotão francês de fusilamento, uma massa opaca e rígida como uma máquina de guerra. O peso dessa máquina ameaça o frágil indivíduo, que ao mesmo tempo, de braços abertos, mostra que não teme a máquina, o sistema. 

As Pinturas Negras foram feitas por Francisco Goya entre 1820 e 1823. Nelas há figuras de homens em duelo, padres, freiras e os esbirros da Inquisição. Para ele este mundo já tinha sido ultrapassado pelos ideais novos, pelo tempos novos trazidos pela Revolução Francesa. Talvez pintando estas cenas dentro de sua casa estava livre da censura de qualquer tipo, podendo fazer o que bem entendesse, como entendesse. Por isso que essas imagens, essas 14 pinturas, são tão fortes e parecem significar um manifesto do artista contra todo conservadorismo.

Em maio de 1823, tropas de soldados invadem Madrid com o objetivo de restaurar a monarquia de Fernando VII. A repressão foi imensa a todos os que se opunham à monarquia.   Francisco Goya, temendo por sua vida, resolveu ir embora da Espanha, se refugiando na cidade de Bordeaux, na França, chegando lá em 1824. Desenhou muito ainda nesse período de exílio, que durou até sua morte. Nos desenhos dessa fase final de sua vida há o predomínio de figuras das classes mais humildes e dos marginalizados, assim como figuras de velhos, como um que caminha com a ajuda de uma bengala, barba longa, ar cansado. Dizem que seria seu autorretrato da época, pois o título deste desenho Goya colocou como "Ainda aprendo".

Francisco de Goya y Lucientes morreu em Bordeaux, França, no dia 16 de abril de 1828.

Sobre ele, escreveu Charles baudelaire no poema "Os Faróis", presente na coletânea As Flores do Mal:

(...)

Goya, lúgubre sonho de obscuras vertigens,
De fetos cuja carne cresta nos sabás,
De velhas ao espelho e seminuas virgens,
Que a meia ajustam e seduzem Satanás
(...)




Desenho com lápis-grafite - pintura original de Francisco Goya,
intitulada "O cão semi-submerso"

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Alguns outros desenhos de observação feitos no Museu do Prado:
Um rápido sketch (o Museu ia fechar) em frente ao quadro "Os assassinatos de 3 de maio de 1808"


segunda-feira, 8 de abril de 2013

Diário de Madrid VII

Sala interna do Museu do Prado
O Museu do Prado estava logo ali, muito perto da Plaza Santa Ana. Mesmo sendo domingo não tinha mais fila, porque cheguei às 15h e o museu fecha às 19h. Fui mais tarde de propósito, para não entrar junto com a multidão de turistas. Como voltarei mais vezes, vou com mais calma.

Logo na entrada, o Museu do Prado já se escancara de uma forma impressionante: Tiziano, Tiziano e mais Tiziano! O grande pintor italiano que segundo Heinrich Wölfflin deu as primeiras pinceladas sem linha (isto é mais difícil de explicar, mas quem tiver interesse em saber mais, em outro post está mais claro (clique aqui). E logo em seguida, Rubens, Peter Paul Rubens, uma sala só para ele. E Veronese, Tintoretto, Bassano, Caravaggio, Annibale Carracci, Orazio Gentileschi, muitos italianos. E muitos holandeses, flamengos, franceses e especialmente espanhois.

O Museu do Prado possui o maior acervo de obras de arte espanhola do mundo, com uma coleção que vem desde o século XII. O edifício foi projetado em 1785 por ordem do rei Carlos III para abrigar o Gabinete de Ciências Naturais. Mas outro rei, Fernando VII, incentivado por sua esposa Maria Isabel de Bragança, resolveu destiná-lo a ser mesmo um museu que abrigaria a rica coleção dos reis espanhois.

O Prado foi aberto ao público pela primeira vez em 1819 e em seu primeiro catálogo, havia uma lista com 311 pinturas mas, diz a página informativa do Museu, que na verdade havia um total de 1510 obras que procediam das famílias reais daqui. Esta coleção atual começou a se formar no século XVI, sob a administração do rei Carlos V e enriquecida sucessivamente pelos reis que lhe seguiram depois. Então esta coleção atual teve como berço as coleções reais. O escritor espanhol Ortega y Gasset, numa biografia de Velázquez que estou lendo no Brasil, afirma que Diego Velázquez viajou algumas vezes à Itália, por ordem do rei, para adquirir as mais belas obras da pintura que encontrasse. E o Prado guarda, então, verdadeiros tesouros da arte.

Após ver algumas salas com os pintores italianos, vi que precisava ir direto a dois espanhois e aproveitar as duas horas até o Museu fechar. Vou fazendo assim: organizo minhas idas ao Prado para ver por partes mesmo e não tudo de uma vez. Então fui ver Diego Velázquez em primeiro lugar.

Há uma sala que concentra as obras deste pintor espanhol, mas em muitas outras ele se encontra presente. Esta sala principal é onde fica, em lugar de destaque, seu quadro mais conhecido: "As Meninas". Mas como é mais famoso, atrai as maiores atenções. Fui vendo devagar os outros quadros. A gente não tem muita ideia  de como pinta um artista a não ser quando estamos diante do original. Velázquez é muito mais impressionante do que eu podia imaginar! Seu modo de pintar solto, sem desenhar a forma e os detalhes das coisas está muito implícito no quadro As Meninas. Há nele uma simplicidade impressionante e por isso Joaquín Sorolla estudou tanto Velázquez. Os detalhes das roupas, os pinceis na mão do pintor do quadro, o cachorro deitado no chão, o menino que pisa em cima dele... pinceladas soltas, sem se prender aos detalhes. Mas quando se olha de longe tudo salta aos nossos olhos, tudo se encaixa. Fiquei fazendo esse movimento de me aproximar e me distanciar do quadro, estudando cada pedaço dele.

O quadro é muito grande. E mais da metade da parte superior é uma parede escura de pé direito alto, de onde se vêem vultos de pinturas que se atribuem a Rubens. Ortega y Gasset diz que Rubens ficou 8 meses aqui em Madrid e conheceu Velázquez. Ao fundo há a porta aberta com um homem saindo - ou entrando - no compartimento. Aquilo brilha de forma impressionante! Por algum motivo Velázquez faz nossos olhos irem na direção do pequeno homem no fundo, numa porta aberta. E o grande cavalete do pintor à esquerda também parece querer dizer algo sobre a pequenez da Infanta, da realeza, cujos perfis apenas se vêem em vultos num espelho do fundo.

Mas vi também e me impressionei muito com o quadro "A forja de vulcano", que já tinha visto uma tela antes de mesmo título que foi pintada pelo italiano Jacopo Bassano. Também é uma grande pintura de Velázquez, onde dá para ver que ele usou empasto especialmente no ferro ardente nas mãos do forjador e nos brilhos da roupa do anjo.

Antes de ir até às salas de Francisco Goya, dei uma olhada nas pinturas de José Ribera, o espanhol que foi morar na Itália. A pintura dele é muito intensa, com grandes sombras, pintura que lembra Caravaggio.

Mas cheguei em Goya, em suas pinturas, que estão espalhadas em várias salas, numa ala do Museu dedicada a ele. Lembrei-me de Tereza Costa Rêgo, pintora brasileira de Olinda que me disse que Goya é sempre sua grande referência de trabalho.

Depois de ver todas as salas, fui ver suas pinturas conhecidas como "Pinturas Negras". São denominadas assim porque ele usou muitos tons escuros para pintá-las. Foram feitas diretamente sobre as paredes de sua casa, nos arredores de Madrid. Depois foram transplantadas para telas especiais, restauradas e colocadas no Museu. Fiquei todo o resto do tempo que me sobrava nesta sala impressionante.

Resolvi desenhar. Essa coisa de ficar vendo esses grandes pintores vai dando na gente uma necessidade de aproveitar o momento e registrar em desenho. Peguei detalhes dos quadros, pés, expressões, mãos, rostos. Peguei meu caderno de desenho e um lápis-carvão e fiquei estudando e desenhando. Infelizmente não posso postá-los aqui agora porque não tenho scanner e as fotos da câmera ficam tremidas. Prefiro fazer isso depois, em São Paulo.

Algumas pessoas vieram ver o que eu fazia. Duas senhoras espanholas conversaram comigo: queriam saber que lápis eu estava usando, de onde eu era, o que eu fazia. Quando disse que era "brasileña", elas sorriram e me disseram que foram num evento em Alcalá de Henares, cidade de Miguel de Cervantes, onde o brasileiro Ziraldo ganhou um prêmio como caricaturista equivalente ao Prêmio Cervantes da literatura. Elas elogiaram meu trabalho, se despediram e eu voltei ao meu desenho. As expressões das figuras nas pinturas negras são dramáticas, pesadas, assim como as pinceladas que Goya deu sobre elas. Nesta fase de sua vida, parece que ele já não estava nem aí para as opiniões alheias sobre sua forma de ver e pensar o mundo e sobre sua forma de pintar. Ele expressava o medo, a angústia, o sofrimento das pessoas diante dos acontecimentos do mundo que tocam a alma de qualquer pessoa mais sensível.

Tentei captar essas expressões.

Uma família se aproximou de mim, porque uma menina queria ver o que eu desenhava. Mostrei a ela. Uma menininha menor ainda também ficou na ponta dos pés para ver. Eu me abaixei e mostrei a ela: te gusta? Ela riu e olhou para mim com cara de espanto. A mãe lhe mostrou no quadro a figura que eu estava fazendo. Ela olhou de novo para mim com espanto. Se despediram e sairam. Eu agradeci os elogios. Dois segundos depois a menininha pequena veio até mim e falou sorrindo: "Tu dibujas mui bien!"

A opinião dela será levada em conta o resto da minha vida! Porque há momentos em que uma angústia nos domina, a dúvida toma conta, e muitas vezes um olhar de fora nos reequilibra e nos traz de volta ao centro, ao foco. Desenhei ainda mais segura após a opinião da pequena espanhola.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O sketchbook de Goya

Mendigo recostado, Goya
No livro que estou lendo, “Goya”, de Robert Hughes, a certa altura o autor fala do Caderno Italiano de desenhos que o artista espanhol carregou consigo e fez diversos registros em sua viagem pela Itália. Em sua época, nenhum artista que não fosse italiano ou que não tivesse tido uma formação naquele país era reconhecido na Espanha. Por isso, Goya foi para a Itália, seguindo os passos de gerações de artistas estrangeiros que iam se formar na “escola do mundo”, como era considerada a Itália “desde a época de Albrecht Dürer, no final do século XV”, observa Hughes.

Alegoria da Prudência
Esse “Cuaderno italiano” foi adquirido pelo Museu do Prado, de Madrid (Espanha) em 1993. Assim que veio a público, diz o Portal do Museu na internet, seu impacto foi grande não só entre os especialistas mas também entre o público geral. O Caderno de desenho de Goya tinha uma encadernação simples, assinada por ele várias vezes, tanto dentro quanto fora e tem um tamanho confortável para a pessoa carregar consigo. O papel, conforme informa o Museu, é de boa qualidade e apresenta uma espécie de marca d’água do famoso papel Fabriano, uma manufatura de papel italiana que vem desde o século XIV.

Nesse caderno, Goya fez os desenhos mais antigos que se conhece dele, inclusive desenhos preparatórios para pinturas que foram feitas na Itália ou imediatamente após sua temporada por lá. Além dos desenhos, como todo caderno de registro de artista que hoje são conhecidos como sketchbooks, Goya também fez anotações à mão como a lista de cidades por onde teria passado e até dados biográficos. Entre essas anotações o rascunho de uma carta a Mengs (pintor alemão), amigo do artista polonês Taddeo Kuntz com quem Goya compartilhou uma moradia em Roma. Nessa carta, Goya expressava sua vontade de voltar a Roma na companhia de Mengs. Também há a anotação do nascimento do seu primeiro filho, Antonio Juan Ramón y Carlos, no dia 29 de agosto de 1774. Ele teria anotado também: “me case el beinti cinco de Julio del año de 1773, y era Domingo / oy 15, de decienbre”.

Esse tipo de caderno era chamado, em italiano, de taccuini, e era ao mesmo tempo caderno de desenhos, de memórias ou de anotações várias. Eles foram muito utilizados pelos artistas desde que o papel se expandiu, a partir do século XV. Em suas páginas, pintores e escultores tomavam notas e faziam esboços para suas obras.

O sketchbook de Goya consta de 172 páginas, onde faltam algumas e outras estão incompletas ou rasgadas. Algumas folhas estão manchadas de óleo, pelo seu uso no ateliê onde se usava óleo de linhaça ou de nozes, na mistura dos pigmentos na pintura. Para os desenhos, ele usou lápis preto, e sanguínea (uma espécie de giz avermelhado e que existe numa só dureza, diferentemente do grafite). As tintas são de bistre, de tom castanho luminoso, fabricado com restos de fuligem e de madeira queimada das lareiras, mas também pó de carvão.

O “Cuaderno italiano” de Goya também contém cópias de pinturas e esculturas que ele teria feito em Roma, como, por exemplo o desenho da primeira página, cópia de “Alegoria da Prudência” de Corrado Giaquinto, assim como o desenho do “Hercules Farnesio” e o “Torso de Belvedere” de Pierre Legros, o Jovem, que são afrescos da basílica de São João de Latrão.

As figuras desenhadas na primeira página apresentam imagens e composições que seguiam o estilo neoclássico dos artistas romanos do século XVIII. Também estão lá os rascunhos que Goya fez para a pintura “Aníbal que vê a Itália pela primeira vez a partir dos Alpes”, com a qual ele concorreu na primavera de 1771 em um concurso da Academia de Parma, para o qual ele não teve êxito, segundo nos diz Robert Hughes.

Nas primeiras páginas do caderno também tem anotações curiosas, inclusive em italiano, como: materiais de pintura que ele adquiriu, número dos papas até 1771, notas sobre máscaras de carnaval ou de personagens da Commedia dell’Arte, o que mostra que ele teria assistido em 1771 ao carnaval em Roma, assim como pode ter visto apresentações de humoristas italianos.

Na sua lista de cidades pelas quais teria passado, estão também as cidades de Toulon e Marseille, na França, por onde ele deve ter passado em seu regresso à Espanha. Ele anotou que algumas dessas cidades ele viu “por fora”, como Turim e Milão. Mas parou em Gênova, Bolonha, Parma, Pádua e Veneza. Florença não está em sua lista, assim como Nápoles. Ao fim da lista, Goya completou com a frase:  “y otras muchas q. no me acuerdo”.

Lista das cidades
Nesse mesmo caderno, Goya registrou, já na Espanha, as primeiras encomendas que recebeu  como a “Virgem del Pilar”, “Morte de São Francisco Xavier”, para o Museu de Zaragoza, assim como os importantes afrescos que fez para o mosteiro cartusiano conhecido como Aula Dei, de Zaragoza, em 1774. Robert Hughes diz que esses monges pertencem a uma ordem “silenciosa e enclausurada, e o mosteiro nega a admissão a mulheres, sob quaisquer circunstâncias. Visitantes masculinos são recebidos, mas em termos estritamente limitados - um pequeno grupo, uma vez por mês, durante cerca de uma hora”. E essas pessoas continuam a ir até o mosteiro, ainda hoje, para ver de perto esses afrescos de Goya, os primeiros de sua carreira.

As últimas páginas, que datam de 1790, mostram alguns esboços de figuras claramente feitos por uma criança, assinados por “Xavi”, que pode muito bem serem atribuídas a seu filho Javier Goya, nascido en 1784.
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O Museu do Prado destaca que esse “Cuaderno italiano” de Goya se enquadra dentro do apreciado gênero dos “cadernos de artista”, dos quais há muitos exemplares, desde o século XV, que permitem algum conhecimento sobre seus autores, como pensavam, como desenhavam, como viviam.

Esse caderno resume o que deve ter sido a vida de Goya. Nessas páginas estão refletidas sua personalidade simples, seu senso de humor e até seu perfeccionismo. Falou de seu casamento, de seus filhos, das cidades que conheceu. Fez anotações sobre arte, assim como sobre suas contas; uma receita para a fabricação de verniz; registros de pinturas que lhe chamaram a atenção. Em seus desenhos, vê-se como lhe interessava muito o estudo da anatomia do corpo humano, os drapeados dos tecidos, os gestos e os rostos. Mas também desenhou um gato em cima de um muro, uma cabeça de burro entrando por uma janela, figuras enigmáticas cobertas com mantos da cabeça aos pés e uma cabeça humana meio mosntruosa que parece vomitar algo.


Algumas destas páginas do sketchbook de Goya aparecem neste post, mas mais podem ser vistas diretamente no portal Goya en el Prado, do Museu do Prado.

Anotação sobre nomes de aglutinantes e pigmentos
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