terça-feira, 16 de agosto de 2011

Voilà, Marcel Duchamp!

O mais novo projeto de arte conceitual não poderia ser mais coerente com seu próprio umbigo. Foi criado em Manhattan, EUA, um “Museu” (pasme-se!) de Arte Invisível! E não é brincadeira! O MONA ( Museum on Non-Visible Art) “apresenta” (a quem quiser arriscar de pagar esse mico) uma série de “obras” que não existem e só podem ser imaginadas quando o visitante lê o texto onde o “artista” descreve sua “obra”.


Acredite: dentro desta moldura tem uma obra de arte! Tenha fé!
Nesses arrazoados espalhados em espaços vazios pode-se ler que aquilo que não está lá e nem existe é uma escultura ou uma imagem qualquer. O corajoso visitante desse “Museu”,ao ler o texto, imagina que ideia estaria por ali, num “espaço” que deve pertencer ao mundo dos espíritos. Vejam que para este tipo de arte, até mesmo a psicografia já está superada! Nem o espírito de Van Gogh precisa mais “baixar” num médium de pincel na mão. Neste “museu”, tudo só é possível de existir na mente do incauto visitante…

Nem Marcel Duchamp seria capaz
de imaginar uma Fonte invisível!
Parece muito ridículo? Pois tem gente que acha que não! Algumas pessoas gostam tanto da imagem que suas mentes produziram que COMPRAM isso! Uma abastada senhora “investiu” nessa asneira a cifra de U$ 10.000,00!

Quem teve a brilhante ideia de criar esse “museu” foi um ator chamado James Franco, porque queria elevar a arte conceitual a um patamar mais alto (ou o que isso queira dizer). Ou ele é a reencarnação de Marcel Duchamp – o rei da arte conceitual – ou nem Marcel Duchamp seria capaz de ir tão longe e ganhar dinheiro com… nada!

Pois é, mas o comprador das subjetividades do “museu” recebe um “certificado de autenticidade” e isso lhe transfere a propriedade sobre a “criação”, mesmo que ela não exista! (nunca usei tantas aspas e pontos de exclamação antes!) E o que o comprador leva para casa, além do certificado? Uma arenga escrita sobre a “grande ideia” do “artista” e uma moldura sem nada dentro. Então emoldura o que? Nada, meu amigo!

Mas essa iludida senhora, que tem por nome Aimee Davidson, é uma “produtora de novas mídias”. Vejam o que ela disse sobre sua compra:

“Como produtora de novas mídias, me identifiquei com a ideologia do projeto e fui particularmente inspirada na frase “Nós trocamos ideias e sonhos como moeda na Nova Economia”. Os meios de comunicação social, que são parte integrante da ”Nova Economia” da Internet, pós Web 2.0, revolucionou o modo como artistas criam, promovem e vendem as suas obras de arte. Senti que o ato de comprar “ar fresco” apoiou a minha tese sobre um conceito que denomino de “você-commerce”, que é o marketing e a monetização da própria persona, habilidades e produtos através do uso das mídias sociais e das plataformas de auto-difusão, como o uso da plataforma de financiamento público para financiar o Museu de Arte Não-Visível. Basicamente, eu queria colocar meu dinheiro onde minha boca está.”

Só para os desavisados:
isto daqui é uma obra de arte!
Entenderam?

Nem eu.

Mas o próprio “museu” explica…

“Como essas obras de arte invisíveis são compradas, trocadas e revendidas, elas abrem os nossos olhos para o universo invisível que existe em cada momento, e podemos compartilhar esse universo. Trocamos ideias e sonhos como moeda na Nova Economia.”

E os responsáveis por essa estúrdia ainda ameaçam fazer uma turnê pelo mundo apresentando… o que não existe!

Até que ponto o sistema capitalista é capaz de chegar: não satisfeito em transformar obras de arte em mercadoria agora é capaz até de transformar a nulidade, o não existente, o nonada em mercadoria! Isso nem Karl Marx seria capaz de prever! Este é o mundo dos espertos-expertos, de todo tipo de expertise possível! E para cada expertise, um/uma debilóide capaz de adquirir com cifras bem concretas a bobajada toda!

Mas isso também lembra o que Affonso Romano de Sant’Anna fala em seu livro “Desconstruir Duchamp”: a tal da arte contemporânea se aproxima do misticismo e da religião: “Na religião há que ter fé. Em relação às obras contemporâneas, há que “acreditar” nas intenções do artista”.

Ou você, que não é capaz de se emocionar com tanta criatividade, vai queimar no fogo do inferno conceitual cheio de diabinhos conceituais!

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A escolha do que ver no museu: John Singer Sargent ou Damien Hirst?

O jornalista Philip Hensher, que é também crítico de arte e escritor, publicou em março deste ano uma matéria no jornal londrino Daily Mail, fruto de uma pesquisa que ele fez no museu britânico Tate Britain. Como essa pesquisa traz aspectos bem interessantes e atuais, achei interessante reproduzi-la aqui neste blog.



Carnation, Lily, Lily, Rose, pintura feita entre 1885-1886 pelo pintor realista John Singer Sargent

Mas antes de entrar no texto dele, vale falar um pouco mais de quem é Philip Hensher, um inglês nascido no sul de Londres em 1965. Hensher estudou em Cambridge, onde fez doutorado em pintura satírica do século XIX. É também romancista e crítico literário dos jornais londrinos The Guardian e The Independent. Recentemente ele foi o editor de obras clássicas da literatura inglesa, publicando romances de Charles Dickens, por exemplo. É considerado um dos promissores romancistas ingleses da nova geração.

Segue um resumo do que Hensher escreveu:

As artes plásticas dão ao espectador uma decisão que as outras formas de arte não dão: você pode escolher quanto tempo quer ficar olhando para um quadro ou uma escultura. Uma sinfonia pode durar 40 minutos, um filme pode durar duas horas, uma peça de teatro duas ou três horas… Mas você pode escolher se quer olhar para uma pintura ou escultura por 10 segundos ou por 10 minutos. E essa é uma boa medida do quanto você está interessado por ela.

Minha preocupação inicial era saber se há uma diferença entre o tempo que uma pessoa observa uma obra de arte clássica e uma obra de arte contemporânea.


Obra de Damien Hirst intitulada "Colours: Anthraquinone -1 Diazonium Chloride" - 5 segundos de observação!
Para esse meu experimento científico, o Museu escolhido foi o Tate Britain. A coleção do museu vai desde obras de pintores como William Hogarth e John Singer Sargent até artistas contemporâneos como Tracey Emin, Damien Hirst e Rachel Whiteread. 

Estes últimos são a nova geração de artistas que explodiram na arte contemporânea fazendo coisas extravagantes: exibindo a própria cama desfeita (Tracey Emin) ou um tubarão morto imerso em formol (Damien Hirst). O que pode convencer as pessoas a correr imediatamente para o “outro lado” do Museu, onde estão os pintores.

Mas essas coisas feitas por artistas contemporâneos rapidamente chegam aos jornais e torna famosas essas pessoas mesmo entre os que não se interessam por arte. Nestes dias, pintores como William Turner e John Constable (grandes nomes da pintura inglesa) parecem menos excitantes do que esses artistas-celebridades. Minha pergunta: esses pintores clássicos sobreviveriam a um teste simples a respeito do interesse das pessoas?


Fotografia com Tracey Emin, intitulada Monument Valley - paisagem do oeste norteamericano: a maioria nem parou aqui!
Por isso, fomos ao museu e passamos um dia inteiro sentados entre quatro pinturas clássicas e as obras de quatro dos renomados artistas britânicos contemporâneos. Contamos quantos visitantes pararam em frente de cada um, por quanto tempo ficaram olhando as obras, que exame foi mais longo e que tipo de visitante cada obra parecia atrair.

Surpreendentemente, apesar de toda a promoção pública dos artistas atuais, estes tiveram tanta atenção quanto os do século XVIII e XIX.

Mas as pessoas não ficam muito tempo olhando para essas obras. O Monument Valley, DE e COM Tracey Emin, teve uma média de observações que duraram 5 segundos. A maioria dos visitantes não parou para olhar.

Apesar da fama de Damien Hirst (que conserva animais em formol e expõe como obra de arte), em nossa pesquisa ninguém parou mais do que 5 segundos para olhar para ele. Um único visitante mais entusiasta parou durante 4 minutos em frente a uma ovelha em conserva. Mas você também vai encontrar pessoas olhando para uma vitrine de moscas que pululam em volta de um pedaço de carne apodrecendo, também de Damien Hirst, em exposição na Academia Real de Escultura.


Banheira escura, de Rachel Whiteread, feita em poliuretano: ver uma banheira preta por 5 segundos já foi tempo demais!
Alguns visitantes de fato demonstram entusiasmo em relação a obras contemporâneas, como a "Blak bath" de Rachel Whiteread. Teve um fã que passou quase 5 minutos em frente a ele!

Mas, em sua maior parte, essas obras de expoentes da cena artística atual atraíram apenas olhares de passagem.

É importante ressaltar que essas observações foram feitas numa segunda-feira, quando a maioria dos visitantes de exposições e museus são provavelmente os mais bem informados. Mas nós voltamos também na quarta-feira, onde há mais público, incluindo estudantes que vieram com a intenção de aprender sobre arte.

As pessoas pareciam estar realmente interessadas nas artes visuais. Mas de alguma maneira não pareciam muito interessadas nesses artistas contemporâneos, pois foi a pintura tradicional e clássica que despertou o interesse da maior parte das pessoas em visita ao Tate Britain.

As pessoas gastaram em média 2 minutos em frente ao Roast Beef de William Hogarth, um quadro pintado em 1749. O mesmo aconteceu com a tela de John Everett Millais, “Ophelia”, um dos mais populares enquanto estivemos lá: três visitantes passaram uma meia hora olhando para essa pintura maravilhosa!


O rosbife da Velha Inglaterra, pintura de William Hogarth, pintada em 1749 - 2 minutos em média de observação
Como observamos, as pessoas parecem mais dispostas a estar entre 2 e 6 minutos observando pinturas clássicas como a “Carnation, Lily, Lily, Rose”, pintada entre 1885-1886, pelo pintor realista John Singer Sargent. Esta pintura já foi o cartão postal mais vendido pela loja do Museu. Por que será?


Noturno: Azul e Prata, de James Abbott McNeil Whistler, pintura - os japoneses ficaram aqui 6 minutos
E um grupo de japoneses passou 6 minutos em frente ao “Nocturne” de James Whistler! (tente passar 3 minutos olhando para uma imagem para perceber quanto tempo é isso).

Essa apatia dos freqüentadores de galeria em relação às obras contemporâneas devia ser algo que fizesse com que os curadores profissionais ponderassem sobre o valor real de tudo o que ajudam a mostrar ao público.

Abaixo uma tabela com os resultados da pesquisa de Philip Hensher:
Obra:Total de visitantesTempo médio de visitaTempo máximo
Blach bath
Rachel Whiteread – Escultura em poliuretano
2855 segundos4 min 40 seg
Roast Beef
William Hiogarth – Pintura
2192 min 15 seg6 min 30 seg
Monument Valley
Trace Emin
1775 segundos2 minutos
Carnation, Lily, Lily, Rose
John Singer Sargent –  Pintura
3491 minuto3 minutos
Colours: Anthraquinone -1 Diazonium
Damien Hirst
3795 segundos30 segundos
Ophelia
John Everett Millais – Pintura
5622 minutos30 minutos
Nocturne: Blue and Silver
James Abbot McNeill Whistler – pintura
1042 min 5 seg6 minutos
Animal: Damien Hirst romm
Damien Hirst
47838 segundos4 minutos
 "A heroína de Shakespeare: Ophelia", de John Everett Millais, pintada entre 1885-1886 - teve gente que passou meia hora somente observando esta pintura

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Um Museu para as Artistas

Pintura da holandesa Clara Peeters, de 1611, uma representante da arte barroca europeia

Existe em Washington, DC, Estados Unidos, um Museu Nacional, único no mundo, dedicado exclusivamente a reconhecer as contribuições das mulheres artistas. O National Museum of Women in the Arts (NMWA) foi criado em novembro de 1981 como uma empresa privada sem fins lucrativos.

Durante toda a história da arte, pouco se ouve falar de artistas do sexo feminino. Mas elas existiram em grande número!

É o que mostra a coleção permanente do Museu, composta por mais de 3.000 obras de artistas desde o século 16 até o presente. São pinturas, esculturas, desenhos, gravuras e muitos outros trabalhos em papel. A coleção representa uma ampla gama de estilos dessas artistas, que vão desde Lavinia Fontana, pintora italiana do século XVI até Käthe Kollwitz, gravadora alemã do século XX, sem falar nas artistas mais recentes e contemporâneas. O Museu também tem várias importantes coleções especiais, incluindo a joalheria em prata feita por mulheres ourives inglesas e irlandesas dos séculos XVIII e XIX.

Museu Nacional das Mulheres Artistas,
Washington DC, EUA
A história do museu está ligada a dois estudiosos e pesquisadores da arte norte-americanos: Wilhelmina Cole Holladay e Wallace F. Holladay. Nos anos 1960 eles começaram sua coleção de obras de arte e se interessaram pelo debate em torno da sub-representação das artistas mulheres e de vários grupos raciais e étnicos em coleções de museus e exposições de arte.

Por mais de 20 anos os Holladays foram em busca da arte feita por mulheres. Foi a partir de 1980, que Wilhelmina Holladay começou a dedicar suas energias e recursos para a criação de um museu que iria mostrar mulheres artistas e suas obras.

Em 1983, adquiriram um prédio onde funcionou um antigo Templo Maçônico, que foi remodelado e adaptado para funcionar um museu de arte. Em 1987, o Museu Nacional de Mulheres Artistas foi aberto com a exposição inaugural “Mulheres Artistas norte-americanas” do período de 1830 a 1930. Essa mostra teve a curadoria da historiadora de arte e militante feminista Eleanor Tufts, que fez pesquisas sobre trabalhos produzidos por artistas mulheres nos EUA.

Importância

Pintura de Lavia Fontana,
Itália, século XVI

“Se fosse costume enviar as meninas para a escola e ensinar-lhes as mesmas matérias que são ensinadas aos meninos, elas aprenderiam tão plenamente quanto eles e entenderiam as sutilezas de todas as artes e ciências.”

Esta frase foi dita em 1405 por Christine de Pisan, filósofa e poeta, nascida em Veneza, Itália, em 1364. Ela morreu no mosteiro de Poissy, na França, por volta de 1430. Christine de Pizan é considerada a primeira mulher dedicada à literatura de língua francesa e viveu de seu trabalho como escritora. Era muito erudita, acima da média de mulheres e de homens de sua época. Compôs desde tratados de política e filosofia, assim como poemas. Retirou-se para um convento no final da vida.

A arte tem desempenhado um papel muito importante em nosso mundo, desde sempre. Mas em especial no século XVI, a sociedade aristocrática e eclesiástica europeia possuiu pintores homens altamente treinados, assim como gravadores e escultores, que tiveram como patronos líderes políticos e religiosos, além de intelectuais da época. No entanto, as mulheres que praticavam as artes plásticas eram limitadas a estudar com seus pais e esposos. Eram geralmente proibidas de praticar as técnicas de maior prestígio artístico, tais como pintura em afresco, ou estudar anatomia e perspectiva e outras informações necessárias para se obter sucesso como artistas profissionais. Além disso, não tinham, como os homens, liberdade para viajar, para conhecer outros países, estudar com os mestres italianos, por exemplo, como fizeram tantos artistas do sexo masculino, de variadas regiões do mundo.

"Retrato de mulher em vermelho",
pintura de Marianne Loir, França, séc. XVIII
A maioria dessas mulheres que pintavam, desenhavam e esculpiam eram em geral filhas ou esposas de artistas, com quem adquiriam as habilidades. Mas a elas só era permitido pintura de “estilo menor”, como paisagens, cenas de gênero, etc.
Mas no norte europeu, durante os séculos 16 e 17, por conta da religião calvinista e luterana, as artistas da Holanda e da Alemanha, especialmente, tinham algumas vantagens sobre as mulheres do sul. Um país mais voltado ao comércio, a Holanda especialmente se tornava uma nação poderosa, tendo vencido a Espanha, de quem se tornou independente, e mesmo a França, países de tradição monárquica e católica.

Na Itália, a Igreja Católica era a principal provedora da arte e pagava altas comissões aos trabalhos de artistas homens. A Igreja não aceitava a arte de mulheres. Mas no Norte da Europa, após a Reforma Protestante, as mulheres desempenharam um papel extremamente importante no desenvolvimento da vida e também da pintura, a partir de 1600.

Algumas delas, flamengas e holandesas, se tornaram tão proeminentes que conseguiam até ganhar a vida pintando naturezas-mortas e cenas domésticas, como é o exemplo de Rachel Ruysche e Judith Leyster.

Autorretrato de Rosalba Carriera
com sua irmã, Itália, século XVII
E Clara Peeters, que viveu entre 1594 e 1659. Ela foi uma pintora bastante ativa em sua época. Esta holandesa, precocemente começou a mostrar talento e entrou para a história da arte como uma das representantes da arte barroca europeia. Ela foi uma das precursoras da pintura de gênero holandesa.

Mas no sul da Itália, especialmente em Bolonha, surgiu também uma série de artistas notáveis. Bolonha tinha tradição de ser uma cidade com longa história de atitudes progressistas em relação às mulheres. Os registros mostram que 23 pintoras e pelo menos uma escultora estavam ativas em Bolonha entre 1500 e 1600. Entre elas, Lavinia Fontana, filha de um pintor de sucesso, que desenvolveu uma carreira ilustre como retratista. Elisabetta Sirani foi pintora de temas religiosos e mitológicos antes de atingir a idade de vinte anos.

Sem estender muito mais, na França do século XVIII, Rosa Bonheur se especializou na pintura de animais, apresentando uma técnica surpreendente. Ela nasceu em 16 de março de 1822 e foi uma pintora realista francesa, muito admirada em seu país, assim como na Inlgaterra e nos EUA.

Escultura de Camille Claudel
Camille Claudel, nascida em Paris em dezembro de 1864, foi uma grande escultora, aluna do escultor Auguste Roudin. Ela começou bem pequena ainda a se interessar em fazer esculturas, e recebeu muito incentivo de seu pai. Hoje ela é considerada uma das principais artistas francesas do século XIX.

Aqui no Brasil, as artistas mulheres também sofreram preconceito e discriminação, apesar de terem tido uma participação bastante razoável na pintura brasileira.

Sabe-se que muitas delas estudaram na Academie Julian, de Paris, a principal escola privada, em nível internacional, a aceitar mulheres como alunas a partir do final do século XIX. Berthe Worms, Nicolina Vaz, Julieta de França, Nair de Teffé, Georgina de Albuquerque, entre outras, foram estudar em Paris e tiveram sucesso em seu tempo, ganhando medalhas e prêmios. A Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, por onde passaram muitos importantes pintores da nossa história, entre os quais Candido Portinari, somente no final do século XIX passou a aceitar mulheres como estudantes.

Somente depois da Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo, é que a artista brasileira passou a ter seu lugar reconhecido. Anita Malfatti e Tarsila do Amaral, as pioneiras do modernismo brasileiro, abriram caminho para todas as gerações de artistas seguintes.

Sabemos que neste primeiro semestre de 2011, com o apoio da presidenta Dilma, houve uma exposição de mulheres artistas no Palácio do Planalto. Pinturas, esculturas, obras em cerâmica, desenhos, gravuras, fotografias e tapeçarias feitos por artistas brasileiras como Tarsila do Amaral, Djanira, Anita Malfati, Georgina de Albuquerque, Noêmia Mourão, Collete Pujol, Lygia Pape, Mira Schendel, Tomie Ohtake, Edith Behring e Renina Katz.

Pintura de Rosa Bonheur, pintora realista do século XIX, França

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Leia também, neste Blog:

- KÄTHE KOLLWITZ, UMA ARTISTA EM BERLIM
- ANITA, A MULHER QUE MODERNIZOU AS ARTES BRASILEIRAS

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Salve o artista, salve o escritor!


Retrato de Baudelaire, por Gustave Courbet, 1848-1849, óleo sobre tela, 54x65cm

Hoje, 25 de julho – quase não se sabe – é o Dia do Escritor. O dia daquele e daquela que tem o poder de agarrar o poder de uma palavra solta juntando-a a outras, dando-lhe uma trama, uma tecelagem, um tecido-sentido, um algo que faz com que o ser humano converse com a alma de outro ser humano…

Como um artista, o escritor escolhe letras, palavras, frases. Escreve prosa, poesia, teatro, compõe. Conversa através da mágica criada pelas folhas do livro – ou pelo toque das mãos na tablet fria. E tudo se passa ali entre o olho e o texto, criando um canal que penetra olho a dentro, alma a dentro, mudando o homem, mudando a vida.

Há algo na magia de ser escritor e artista que transcende a persona. O “eu” que tem um nome se transforma muitas vezes num nome que mexe e remexe profundamente na simbologia individual de cada um: Dostoievski, Dostoievski, Dostoievski… Esse nome faz parte de mim, tem histórias comigo, me traz lembranças, pensamentos, sentimentos, tristezas boas.

Fernando Pessoa, Carlos Drummond, Vinicius de Moraes, Walt Whithman, Balzac, Victor Hugo, Hemingway, Charles Dickens, Graciliano Ramos, Jorge Amado, Affonso Romano, Clarice Lispector, Edgar A. Poe, E.T.A. Hoffmann, Kafka, João Cabral de Melo Neto, Baudelaire, Balzac, Stendhal, Gustave Flaubert…

E Guimarães Rosa, Guimarães Rosa, Guimarães Rosa…

São mais do que pessoas, são minha própria alma em formação.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Lucien Freud morreu, viva Lucien Freud!


O pintor realista Lucien Freud
Morreu na noite do dia 20 para 21 de julho (anteontem), o pintor realista naturalizado inglês, Lucien Freud, uma grande figura da arte contemporânea. Após uma breve enfermidade, morreu aos 88 anos de idade.

Lucian Michael Freud nasceu em 8 de dezembro de 1922 na cidade de Berlim, na Alemanha. Filho de pais judeus,  Ernst Ludwig Freud, arquiteto, e de Lucie Brasch, ele era neto do psicanalista Sigmund Freud. Lucien emigrou com sua família para a Grã-Bretanha, após a subida dos nazistas ao poder. Logo após a II Guerra ele começou a ser conhecido como pintor, graças aos retratos de personalidades da época.

Os temas de suas pinturas são geralmente a vida de pessoas comuns, que levam uma vida comum: seus amigos, famílias, amores, crianças, nus, mulheres gordas, rostos marcados. Ele passava a impressão de não dar nenhuma concessão à estética contemporânea, pintando essas cenas comuns da vida de pessoas comuns, muitas das quais seus amigos íntimos. Fez muito retratos, entre os quais o da rainha Elizabeth da Inglaterra, mas do seu jeito, com sua visão pessoal.

Certa vez, Lucien Freud disse ao crítico de arte Robert Hughes: “Eu jamais poderia colocar numa pintura nada do que não esteja ali, à minha frente. Isso seria uma mentira deslavada, um golpe baixo.” Isso explica sua escolha pela pintura figurativa, realista.

Ele morreu em sua casa em Londres, onde vivia de maneira simples: uma casa com jardim situada no bairro de Notting Hill onde ele tinha instalado também seu atelier.