São Paulo na tarde de ontem: Parque da Luz, centro. |
Foi assim que fui parar na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Fui visitar a exposição "Paulo Werneck, Muralista brasileiro". A Pinacoteca vem trazendo a público um programa de exposições temporárias com a finalidade de apresentar a produção de artistas brasileiros que ainda não tiveram seus trabalhos devidamente reconhecidos ou estudados. Um desses artistas - um dos grandes criadores do período do Modernismo brasileiro - é o carioca Paulo Cabral da Rocha Werneck.
Paulo Werneck |
Foi um desenhista e ilustrador incansável até 1928, quando aprendeu desenho de arquitetura com o arquiteto Celestino Severo de San Juan. Parte, dessa forma, a trabalhar com desenhos de perspectivas arquitetônicas, sendo o desenhista do projeto do arquiteto Marcelo Roberto para o prédio da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), considerado o primeiro edifício modernista brasileiro, construído a partir de 1938.
Ilustração para o livro "Negrinho do Pastoreio" |
De 1942 em diante, Paulo Werneck começa a realizar grandes paineis de mosaico para inúmeros edifícios e construções, inclusive residenciais, como o da casa de Juscelino Kubistchek, a pedido do arquiteto Oscar Niemeyer. Também para Niemeyer, ele produz os paineis de azulejos do conjunto arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte, Minas Gerais, que inclui a Casa do Baile, o Iate Clube e o Cassino, além da Igreja da Pampulha, também do arquiteto Niemeyer, de quem se tornou um grande amigo.
Igreja da Pampulha, de Niemeyer, com painel de Werneck |
Foi como muralista que Paulo Werneck se destacou nas artes brasileiras, como dizia Darcy Ribeiro: "O Paulo não foi um pintor de cavalete de quadros. Ele emprestava sua arte às construções, com seus murais, dava dignidade às paredes... ”
Ilustração do jornal Tribuna Popular, cuja uma das capas foi ilustrada por ele para saudar um comício de Luís Carlos Prestes em Salvador, na Bahia |
Era um nacionalista militante. Durante mais de 20 anos, Werneck ilustra inúmeros jornais e revistas do Rio de Janeiro. Era sua maneira pessoal de participar das mudanças políticas que estavam em curso no Brasil. Seu atelier, no bairro das Laranjeiras no Rio, era também um ponto de encontro dos companheiros de Werneck, militantes, como ele, do Partido Comunista do Brasil. Paulo Werneck foi desses artistas que, não satisfeito apenas com sua vida pessoal e artística, resolve ser um ator também das lutas pela liberdade e pela democracia. E pelo socialismo.
Werneck "marcou a paisagem arquitetônica brasileira com centenas de murais", diz o catálogo da exposição, que é também uma iniciativa da família do artista, que faleceu em 1987, doente de câncer.
A exposição vai até o dia 7 de julho de 2011, na Pinacoteca de São Paulo.
A exposição na Pinacoteca de São Paulo. |
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