Acima e à direita de mim, os quadros premiados |
O XXX Salão de Artes Plásticas de Arceburgo foi aberto neste último sábado, dia 18 de junho, às 20 horas no Instituto Cultural e Histórico daquela pequena cidade do interior de Minas Gerais. Eu estava presente, pois fui uma das ganhadores dos prêmios principais, a Grande Medalha de Prata, com duas pinturas a óleo: “O clown” e “O violinista”. Viajei para lá com minhas amigas, Taïs Isensee e Virgínia Moraes. Nos hospedamos em Mococa, na casa acolhedora de Rose Souza e dona Teresa, sua mãe.
Instituto Cultural e Histórico de Arceburgo |
O prédio do Instituto Histórico e Cultural de Arceburgo é muito antigo, uma construção do começo do século XX, mas muito bem cuidada, preservada. Desde 1985 abriga o Instituto, mas inicialmente foi uma fábrica de cerveja, depois uma alfaitaria e residência. O prédio foi tombado como patrimônio cultural da pequena e linda cidade de Arceburgo.
A medalha e o certificado |
O tema do palhaço me toca pessoalmente, ainda mais quando conheci a verdadeira história dos saltimbancos e dos artistas de rua da Idade Média, em especial os da Commedia dell’Arte. O clown - palavra em inglês que tem um alcance maior do verdadeiro significado para o que chamamos de palhaço - é um personagem inspirado no Pedrolino das ruas da Roma do século XVI, que se transformou em Pierrot nas ruas do interior da França. Era um personagem melancólico, triste mesmo, porque amava Colombina, que preferia Arlequim… Eu tenho uma identificação qualquer com a melancolia do palhaço, aquele que faz rir...
Há anos este quadro reinava dentro de mim… Já tinha feito uns desenhos, pensado a respeito, pintado um ensaio num retrato de um menininho, filho de um casal de amigos, a quem presenteei com uma pintura em pastel. No ano passado vi uma foto do diretor do teatro Oficina, Zé Celso Martinez Correia, em atuação. Fiquei olhando para a foto… Zé Celso… Grande diretor e ator brasileiro, cuja personalidade intriga, incomoda, provoca, desnuda, escracha… Zé Celso é um grande palhaço. Passei meses procurando um pano com losangos coloridos que me servisse na composição do quadro. Ele veio… no carnaval! Estava na casa do meu amigo Jeosafá Gonçalves, poeta e também um pouco clown, e avistei o pano! Jeosafá me deu o pano e assim que voltei pra casa montei a composição, tracei os primeiros desenhos, coloquei a cara do Zé na cara do meu palhaço, pintei, pintei, pintei… Durante várias semanas. E o resultado veio agora: medalha de prata no XXX Salão de Artes Plásticas de Arceburgo!
Rose e "O violinista" |
Precisava pintar um músico e o primeiro foi este violinista. A luz era boa, a expressão do homem era de profundo mergulho em seu mundo. “Ele está de olhos fechados - me disse uma senhora lá em Arceburgo, admirando-o - mas eu vejo seus olhos abertos, são olhos de músico!” Fiquei feliz com a interpretação dela, agradeci. Este será o primeiro de uma série de instrumentistas que pintarei daqui pra frente. Mas só pintarei aqueles que, como o violinista, deem a impressão de que podemos ler sua alma, ou ouvir sua música… O violinista também ganhou medalha de prata!
Agora é só pintar mais e mais. Um quadro já está bem encaminhado, no cavalete. “Il fascismo” é o título provisório. Minha inspiração veio destes tempos nebulosos em que vivemos sob ameaças reais e tempos difíceis se gestando no horizonte. É uma mulher, solitária, descalça, aparentemente frágil, caminhando sob terreno pedregoso que dilaceram seus pés, sob um céu tenebroso, ameaçada pelas aves de rapina que espreitam sua fragilidade mas temem sua grande força. A ver!
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Momentos da inauguração do Salão e do recebimento da Grande Medalha de Prata:
Agora é só pintar mais e mais. Um quadro já está bem encaminhado, no cavalete. “Il fascismo” é o título provisório. Minha inspiração veio destes tempos nebulosos em que vivemos sob ameaças reais e tempos difíceis se gestando no horizonte. É uma mulher, solitária, descalça, aparentemente frágil, caminhando sob terreno pedregoso que dilaceram seus pés, sob um céu tenebroso, ameaçada pelas aves de rapina que espreitam sua fragilidade mas temem sua grande força. A ver!
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Momentos da inauguração do Salão e do recebimento da Grande Medalha de Prata:
Taïs, eu, Rose |
Parabéns, Mazé. E que venha o ouro!
ResponderExcluirMuita honra poder te-las em minha humilde residência. Prazer inenarrável fazer parte desse momento em sua vida. Parabéns.
ResponderExcluirCaríssima Mazé,
ResponderExcluirNossa!
Que notícia mais maravilhosa e emocionante!
Parabéns!
Você está linda, nesse vestido medalha de prata!
A narrativa das confluências dos acasos, na gestação das duas pintura premiadas, é de apunhalar o coração sensível...
Obrigado, por nos brindar com sua alegria nesse momento de reconhecimento e êxito!
Gostaria, muito, que você postasse, para a gente poder admirar com calma, as imagens das duas obras premiadas: o Zé Celso, de palhaço, e o violinista...
Garoeiro
Obrigada, Garoeiro! Postarei as pinturas assim que elas estiverem de volta a São Paulo e puder fotografar. Abs
ExcluirParabéns, Mazé!
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