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quarta-feira, 5 de junho de 2019

A solidão das multidões na obra de Lesley Oldaker

Passo a passo, Lesley Oldaker, óleo sobre papel, 2018
Em minhas constantes pesquisas sobre arte, de vez em quando as surpresas boas me aparecem. Há algum tempo, pesquisando sobre o Expressionismo alemão, me veio uma imagem, que salvei em meus arquivos, mas segui em outra direção. Hoje resolvi retomar as informações sobre aquela imagem que tinha me tocado. Resultado: as outras obras desta artista me impressionaram ainda mais.

Trata-se de Lesley Oldaker, uma artista inglesa que vive atualmente em Zurick, na Suiça. Ela já expôs suas pinturas em diversos países, como Reino Unido, EUA, Suíça, Eslováquia, Itália, Índia e China, e tem trabalhos em coleções particulares no Reino Unido, EUA, Bratislava, China, Austrália e Índia.

Seu trabalho inspira um tanto de melancolia, pois ela basicamente representa a vida na sociedade atual, nas grandes metrópoles: seres humanos perdidos, solitários em meio às multidões que correm para ganhar a vida. O clima tem um ar asfixiante, prédios comprimem o andar das multidões, aprisionam as pessoas em suas vitrines onde produtos são oferecidos permanentemente, no caos do consumismo dos tempos modernos... Dois de seus quadros, intitulados "Preso I" e "Preso II", mostram exatamente pessoas aprisionadas - quase sequestradas - por essas vitrines dos grandes prédios das grandes metrópoles...
Preso I, Lesley Oldaker,

Nos subterrâneos do metrô de Londres, há um certo olhar para cima, para fora, para respirar. Ela ultrapassa as dimensões do underground, mostrando a rua ou outros undergrounds...

Me lembra muito Käthe Kollwitz e suas pessoas tristes, solitárias e famintas em meio às duas guerras mundiais.

Me lembra muito o expressionismo alemão, com sua paleta de cores bem reduzida, densa, pesada, porque escura.

As atuais condições sociais em que vivemos - se paramos para melhor pensar - nos mostra a vida dura e difícil da luta pela sobrevivência, o ser humano cada vez mais solitário, mais jogado ao seu próprio destino em ambientes urbanos sufocantes...

Gosto do olhar de Lesley sobre este mundo. Incomoda porque é espelho de como vivemos no pesado mundo de hoje, onde o capitalismo suga mais vidas e nos empurra a um tipo de solidão onde nos sentimos permanentemente como se estrangeiros fôssemos...  E estranhos ao olhar do outro... Se é que olhar existe, direcionado que está para as redes sociais...


Preste-se atenção no título de suas obras, algumas das quais reproduzo aqui...

Quem sou eu?, Lesley Oldaker, óleo sobre tela, 2018
Diálogo perdido, Lesley Oldaker, óleo sobre tela, 2017
Fale comigo, Lesley Oldaker, óleo sobre tela, 2018
Só na noite, Lesley Oldaker, óleo sobre tela, 2016
Outsider, Lesley Oldaker, óleo sobre tela, 2017
A arena, Lesley Oldaker, óleo sobre tela, 2018
Despercebido, Lesley Oldaker, óleo sobre tela, 2018

Direção diferente, Lesley Oldaker, óleo sobre tela

Futuro incerto, Lesley Oldaker, técnica mista