Teto de uma das salas do interior do Louvre, ontem à tarde |
Na sequência, fui para a sala das pinturas italianas do tempo de Philippo Lippi, Ucello, Alonso Baldovinetti. Lá estava também uma pintura de Botticelli, o "Retrato de um homem jovem".
Detalhe de uma tela de Veronese. O azul salta aos olhos, assim como os detalhes em dourado |
Mas é belo de ver os azuis conseguidos nas pinturas italianas! Azuis que emocionam até hoje, como o azul de uma tela de Veronese, no vestido de uma mulher. Olhando bem de perto, dá para ver que ele resolveu os detalhes da jóia dourada pendurada sobre o vestido, com pequenos toques do pincel.
Cheguei na sala 6, cheia de gente. Mas nem tanto assim, porque estamos no outono. Nos períodos de férias mais intensos, isso aqui fica completamente cheio. A "Gioconda", de Da Vinci, fica lá no centro da sala, numa parede só dela, protegida por um imenso vidro. O quadro mede 77 por 53 cm, nem é grande, mas é famoso, e milhões de pessoas já passaram por aqui para ver esta obra de Leonardo da Vinci. Impressiona ver de perto. As cores se mantém vivas, frescas. com o brilho que o pintor italiano queria dar a ela. O sorriso dela sorriu para mim também. E para um grupo de crianças entre 5 e 7 anos, que chegaram na sala, guiadas por sua professora, que as levou até a frente do grupo de pessoas.
Crianças francesas admirando a Mona Lisa |
Retrato de homem com luva, de Tiziano |
Mais à frente, encontro um artista com seu cavalete, em pleno Louvre, fazendo uma cópia de uma pintura. E mais grupos de crianças e adolescentes passeando pelas salas, parando, ouvindo as explicações de suas professoras. Exatamente em frente à "Barca da Medusa" do pintor francês Theodore Géricault, um dos representantes do Romantismo, um grupo de crianças está sentado ao chão, estudando o quadro. A professora interrogava os pequenos sobre a tela. E eles participavam, dando suas opiniões. Que rosto esse homens apresentam? perguntava ela. Um pequeno perto de mim levantou a mão e respondeu: "Ils sont malheureux" (estão infelizes). Mas um outro apontou um barco ao longe, sobre as ondas, que estava chegando para salvar aqueles homens desesperados, agarrados às taboas de seu barco que naufragou. Fiquei pensando, enquanto observava, nas crianças brasileiras que quase nenhum acesso tem aos poucos museus brasileiros, e com isso perdem ainda, em sua vida escolar, a oportunidade de pode apreciar obras de arte e de ir criando gosto pelas artes desde pequenas...
Ainda outro grupo - o mesmo que encontrei vendo a Monalisa - sentou-se em frente à "Liberdade guiando o povo às barricadas", de Eugene Delacroix, umas das imagens que são ícones da Revolução francesa. Continuei, indo para a sala da França do Neoclassicismo: David (o que pintou "A morte de Marat"), Guerin, Girodet, Prud'hon e o grande mestre do neoclássico Jean-Dominique Ingres.
Um pintor copista do Louvre, pintando "Pequeno mendigo" de José Ribera, ontem à tarde, no Louvre |
Na ala enorme separada para os pintores holandeses, encontrei quadros de Willem Key, Rubens, Anton van Dyck, Pieter de Hooch, Jan Lievens, além de outros. E, claro, Franz Hals (A cigana e o Palhaço com alaúde), "O Astrônomo" de Vermeer e muitos quadros, uma sala inteira, de Rembrandt.
Emociona ver de perto esses mestres... Fiquei a poucos centímetros de várias telas de Rembrandt, tentando ver como ele pintava, como ele resolvia problemas complexos como as variações das cores na luz e na sombra. Me emocionei ao enxergar a marca deixada pelo pincel de Rembrandt na tela, e que pode ser visto tantos séculos depois! Lembrei do que o estudioso de arte alemão Heinriche Wollfling falou: quando se encontra um artista como Rembrandt, você não perde ao ver o quadro muito de perto. Você ganha, porque você pode ver - pelas marcas do pincel - "o pensamento do artista". Isso diferencia a pintura linear e a pictórica. Na linear, você não vê os movimentos da tinta quando chega perto. Você vê detalhes da forma, não enxerga ali a mão do artista.
Parei em frente a um dos autoretratos de Rembrandt. Ele fez muitos autoretratos durante sua vida, observando a marca do tempo em seu rosto, as rugas que ia surgindo, as marcas de expressão. E como isso podia ser pintado cada vez com um nivel de dificuldade diferente, trazendo mais desafios ao pintor. Mas o olhar de Rembrandt é inconfundível; e ele está lá, olhando para mim enquanto eu olhava para ele. Olhar enigmático, olhar de artista, que vê o mundo de uma maneira que a imensa maioria não vê. Um olhar em profundidade, um olhar que capta qualquer réstea de luz na mais profunda sombra e que traz essa réstea de luz com sua mão vigorosa, para a tela que aguarda, em seu cavalete, o toque de seu pincel... Grande Rembrandt!
Saí de lá considerando que podia encerrar por hoje minha visita ao Louvre. Ainda faltava ver os pintores franceses do século XIX, mas deixei para outro dia, pois já estava há seis horas dentro do Museu! De passagem, vi algumas esculturas de Michelangelo, além de esculturas ainda mais antigas, preciosidades de várias origens.
Dentro do museu, o mundo se encontra. Ouve-se línguas de muitos lugares sendo faladas ali dentro, pessoas de culturas tão diversas, de europeus a chineses, japoneses, indianos, árabes, latinoamericanos... Multidões que se encontram no Louvre, multidões de pessoas que vêm à Paris para - além de conhecer a cidade - admirar a Arte dos que nos antecederam. Isso ninguém pode desconhecer: as Belas Artes ainda emocionam e mobilizam multidões! A Arte inspira e emociona!
A Barca da Medusa, de Theodore Géricault |
Só faltou a foto da Mona... Que maravilha esses museus, Mazé.
ResponderExcluirParabéns.
Sirlene