Sagrada Família com São João Batista, Valentin de Boulogne - exposto no Masp |
Na sequência dos caravaggescos que participam da Exposição do Masp "Caravaggio e seus seguidores", apresentamos Valentin de Boulogne.
Valentin de Boulogne foi um pintor francês nascido em Coulommiers em 1591 e falecido em Roma em 1632.
Retrato de Raffaello Menicucci, cerca de 1625, óleo sobre tela, 80 x 65 cm, Indianapolis Museum of Art, Indianapolis, EUA |
Seu nome verdadeiro era Jean Valentin e ele passou para a história da arte como um dos pintores franceses representativos da corrente dos “caravaggistas”. Era filho de um pintor de vitrais. Pouco se sabe sobre sua vida e quase nada sobre sua primeira formação, mas ele teria se iniciado em pintura no atelier do pai, antes de partir para Paris, por onde passou antes de ir morar em Roma.
Valentin conhecia e admirava o pintor francês, também caravaggesco, Simon Vouet. Não se sabe em que ano ele chegou em Roma, mas é possível que tenha aportado naquela cidade antes de Simon Vouet, que lá chegou em 1614. Não se encontra seu nome nos documentos a não ser depois de 1620. É possível, diz o texto da Enciclopédia Larousse, que ele tivesse freqüentado o ateliê de Bartolomeo Manfredi (também caravaggesco), assim como os ateliês de pintores nórdicos que moravam na Itália. A partir de 1624 ele teria freqüentado a Academia dos Bentvögels, onde teria recebido o apelido de o “Inamorato”.
Da sua carreira de pintor só foram documentados os últimos cinco anos de sua vida. Ele mantinha relação estreita com o meio artístico, especialmente os franceses que viviam na Itália, mas também conhecia os amantes da arte daquela época, notadamente os membros da família Barberini, na pessoa do cardeal Francesco, seu principal mecenas.
Judith, 1626-28, óleo sobre tela, 97x74 cm, Museu dos Agostinhos, Toulouse, França |
Da relação de suas obras, consta, entre várias outras:
de 1627: “David” e “Degolação de São João Batista” (perdido) ;
de 1628, “Alegoria de Roma (Roma, Villa Lante) ;
de 1630, um “Sansão” (Museu de Cleveland).
O “Martírio dos Santos Processo e Martiniano” de 1629, pintado para a Basílica de São Pedro, no Vaticano, que é comparado ao “Martírio de São Erasmo”, de Nicolas Poussin, testemunha que Valentin possuía certa fama na Roma artística de seu tempo.
O “Martírio dos Santos Processo e Martiniano” de 1629, pintado para a Basílica de São Pedro, no Vaticano, que é comparado ao “Martírio de São Erasmo”, de Nicolas Poussin, testemunha que Valentin possuía certa fama na Roma artística de seu tempo.
Giovanne Baglione, biógrafo de alguns pintores como Caravaggio, falou sobre as circunstâncias da morte do pintor Valentin de Boulogne: ele teria mergulhado numa fonte de água gelada, após uma noite de bebedeira. As despesas com seu sepultamento foram assumidas por Cassiano dal Pozzo, um de seus mecenas. As cenas nas tabernas e as reuniões musicais das quais participava, que surgem em algumas de suas telas, mostram-no como um artista de vida livre, independente e boêmio.
O trapaceiro, 1620, óleo sobre tela, 95x137 cm, Gemäldegalerie, Dresden, Alemanha |
No Museu do Louvre, por exemplo, estão dois desses quadros: “Reunião em um cabaré” e “A Cartomante de boa aventura”.
Mas Valentin teria pintado ousadas alegorias, dentro da veia realista de Caravaggio, assim como temas mitológicos, retratos (como o do Cardeal Francesco Barberini, seu protetor) e muitas pinturas religiosas “de um lirismo surdo e violento”, diz a enciclopédia Larousse. Todas essas pinturas indicam a influência de Caravaggio, a quem se manteve fiel, assumindo uma forma de arte muito pessoal, sensível às nuances sutis da luz, mas – diz o texto da enciclopédia – de uma “melancolia febril e delicada” que mostra como a pintura do século XVII possuía uma espécie de poesia muito característica daquele tempo.
Músicos e bebedores, 1625, óleo sobre tela, 95 x 133 cm, Museu do Louvre, Paris, França |
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