Vista de parte da cidade de Sevilha, com o rio Guadalquivir |
Sevilla nunca mais sairá do meu coração! Foram cinco dias muito intensos aqui e a viagem poderia terminar hoje, 27 de maio, porque já encontrei a resposta que vim procurar nesta viagem. E Sevilla me deu-a! Agora preciso trabalhar! Pintar!
Caminhei até cansar pelo labirinto das ruas estreitas e belas. Passei de novo pela Calle de la Góngora, onde se diz que nasceu e cresceu Velázquez, pra agradecer e me despedir. A noite começava a descer sobre a cidade, e as pessoas jantavam nos restaurantes pequenos em cantos de pequenas praças. De repente, um som me chamou a atenção, uma voz feminina cantando uma música que eu conhecia. Andei naquela direção e vi um casal jovem cantando... samba! Samba! "Tire o seu sorriso do caminho, que eu quero passar com a minha dor, se hoje pra você eu sou espinho, espinho não machuca a flor..." Parei, sorrindo, ouvindo, cantando junto. Quando terminaram, me aproximei e perguntei de onde eles eram, porque não eram brasileiros! Eram italianos, viveram na Bahia, adoram samba e agora cantam samba pelo mundo! Depositei dois euros na caixinha deles e segui meu percurso.
Vista da torre Giralda de dentro do pátio do Alcazar |
Eu tinha visto lá um certo tratamento para as áreas de sombra com valor intenso, alguns até bem saturados. Nada de terras, opacidades. Apenas tratamento com os valores das cores, variação das temperaturas, etc. Bom, isto eu já sabia, mas as variações possíveis destes conceitos são infinitas! No museu Sorolla de novo me impressionou sua luz, como já falei.
Velázquez! Velázquez!... Sorolla! Sorolla!...
Mas eles são tão diferentes! Mas eles são tão iguais!
Depois que voltar a Madrid, neste sábado, volto ao Museu do Prado para rever o que vi e terminar de entender o que comecei. Ficarei lá o tempo que precisar para registrar o que for possível agora.
Como dormir depois deste dia? Quase não dormi! As idéias estavam dançando dentro do meu cérebro. E ainda tinha que acordar às cinco para pegar o trem às 6:40 na estação, em direção a Granada. Em direção à Alhambra de Granada.
Luciano, um amigo do Brasil, tinha me lembrado que em Sevilla viveu mais de dez anos meu conterrâneo, poeta e diplomata João Cabral de Melo Neto. João Cabral escreveu dois livros de poesia sobre Sevilla. Um verso de uma delas resume tudo o que passei aqui:
"Só em Sevilha o corpo está
com todos os sentidos em riste,
sentidos que nem se sabia,
antes de andá-la, que existisse."
Fabuloso! Boa viagem de volta! Grande abraço!
ResponderExcluirMazé amada! Terra amada!
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