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segunda-feira, 15 de junho de 2015

Alonso Cano, o pintor irascível

Nu feminino, desenho de Alonso Cano, 15 x 16 cm
Alonso Cano Almansa foi um pintor, escultor e arquiteto espanhol e é considerado, pelo conjunto de sua obra, um dos mais importantes artistas do barroco daquele país. Além disso,  foi o iniciador da escola de pintura em Granada, sua terra natal, onde nasceu em 19 de março de 1601. É considerado um dos artistas mais completos do Século de Ouro espanhol, pois também foi gravador, desenhista e criador de retábulos.


Alonso Cano
Seu pai, Miguel Cano, era um conhecido carpinteiro e montador de retábulos (construção de madeira que enfeitam os altares das igrejas) e sua mãe María Almansa também desenhava bem. Alonso começou suas primeiras lições de desenho arquitetônico e de desenho de imagens com seus pais que logo perceberam o talento do filho. Por sugestão de um outro pintor espanhol, Juan del Castillo, Alonso Cano deveria ser enviado a Sevilha para aperfeiçoar seu aprendizado. Sevilha, naquela época, era um próspero centro econômico e social e muitos artistas abriram lá seus ateliês, onde recebiam muitas encomendas de pessoas locais e de outros que as enviavam ao recém-descoberto continente americano.

Seus pais resolveram, então, se mudar para Sevilha, por volta de 1614. Logo, o menino Alonso, que tinha então 13 anos, entrou para o ateliê de Francisco Pacheco, o mesmo mestre de Diego Velázquez. Os dois, Velázquez e Cano, se tornaram grandes amigos, amizade que durou até o fim de suas vidas. Alonso também estudou escultura com o mestre Juan Martínez Montañés, que lhe havia sido apresentado por Pacheco.

Em 1626, Alonso Cano recebeu o título de mestre-pintor. Ele já havia pintado um dos seus primeiros quadros, que pude ver em Sevilha, em minha viagem. A tela intitulada “São Francisco de Borja” é uma pintura de sua fase de jovem aprendiz. 


Cópia de um autorretrato perdido,
óleo sobre tela, 72 x 67 cm,
Museu de Cádiz, Espanha
Enquanto se formava nas artes, Alonso também ajudava seu pai no desenho e montagem para retábulos de igrejas locais. Alcançando a maturidade artística, foi se afirmando como um dos grandes artistas locais e acabou se casando, em 1626, com María de Figueroa, que pertencia à família de um pintor local.  Ela morreu de parto no ano seguinte. Quatro anos depois, Alonso casa-se com a sobrinha de outro pintor (Juan de Uceda), Magdalena de Uceda.

Alonso Cano se relacionou também, além de seus colegas artistas como Pacheco, Martínez Montañés, Velázquez e Zurbarán, com grandes figuras do mundo intelectual de seu tempo. Em sua biblioteca podia-se encontrar obras de autores espanhois como os poetas Luiz de Góngora e Francisco Quevedo, fazendo com que sua arte fosse alimentada com as mais diversas fontes. 

Nas décadas de 1620 e 1630 ele se dedicou à escultura e à construção e montagem de retábulos, muito mais do que à pintura. Mas presidiu, em 1630, o Grêmio de Pintores de Sevilha, uma prova de que gozava de grande prestígio entre os colegas.


"A virgem e o menino", Alonso Cano,
óleo sobre tela, 162 x 107 cm
Em 1638 foi convidado a mudar-se para Madrid para trabalhar como pintor e ajudante de câmara no palácio real. Ele não foi imediatamente, mas quando chegou em Madrid já era um mestre reconhecido dentro do ambiente artístico de Sevilha. Para ele, a vida na corte trazia promessas de uma clientela mais sofisticada, mas isso também lhe traria os encargos devidos à proteção pessoal e prestação de favor ao conde-duque Olivares. Por isso, quando seu protetor perdeu o poder no começo de 1643, a ele também foi negado o posto de mestre maior da catedral de Toledo.

Em Madrid, o estilo “tenebrista”, pintura que foi influenciada pelo italiano Caravaggio e que caracterizava a pintura sevilhana, foi sendo abandonado por ele. Quando trabalhou como restaurador dos quadros que foram prejudicados com o incêndio no palácio do Bom Retiro, em 1640, Alonso Cano foi assimilando as técnicas pictóricas flamenga e italiana. Se deixou influenciar especialmente pelos pintores venezianos do século XVI e, do lado dos pintores flamengos, pela pintura de Van Dyck.

Em 1639 recebeu a encomenda de pintar 16 retratos de reis medievais espanhois, que ele deveria fazer de forma imaginária. Quase todos os quadros foram destruídos no incêndio de 1734, que aconteceu no Alcázar de Madrid, com exceção de dois: “Um rei da Espanha” e “Dois reis da Espanha”, que se encontram no Museu do Prado. Nestes dois quadros pode ser comprovado seu interesse pelos efeitos da cor e da transparência, que ele admirava em Van Dyck.


"São Francisco de Borja", pintura
feita em sua juventude
Em 1644, sua segunda esposa foi assassinada. Era o período em que ele estava mais próspero, trabalhando bastante e ganhando bem por isso. Esta morte acabou com sua paz e foi um duro golpe  em sua carreira. A justiça da época imputou o assassinato de Magdalena a um oficial italiano que Alonso hospedava em sua casa e que havia roubado grande parte de seu dinheiro e desaparecido. Mas os juízes começaram a culpar ao próprio Cano e a perseguição começou. Ele foi torturado por seus acusadores, para arrancar uma confissão, mas, por ordem do rei, não tocaram em seu braço direito. De caráter irascível, Cano sofreu todas as torturas sem um gemido sequer. No fim, foi inocentado e voltou a trabalhar para Felipe IV.

Em Madrid até 1652, ele produziu de forma intensa numerosas obras. Sua pincelada estava mais solta e ele continuava usando o esquema de veladuras dos venezianos e a luminosidade de Van Dyck. Todas as pinturas deste período, avaliam os especialistas, foram executadas com maestria por Alonso Cano.

Em 1652, resolveu voltar para sua cidade natal, Granada. Tornou-se, por influência do rei Felipe IV, o mestre-pintor da catedral daquela cidade, que eu também pude conhecer neste último mês de maio. Cano fez uma série de pinturas com temas em Maria, mãe de Jesus, para a capela maior da catedral e uma “Virgem do Rosário” para a catedral de Málaga. Naquele tempo, os pintores viviam basicamente de pinturas religiosas ou de pinturas da aristocracia. Era a forma de sobreviver e tinham sorte aqueles que o conseguiam. Mas a convivência de Alonso Cano com os clérigos da catedral era péssima, pois ele se negava a seguir os parâmetros que eles lhe queriam impor.


Um de seus desenhos
de arquitetura
Ele era de espírito briguento, se envolvia em duelos, para defender quem ele achava que estava certo. Além disso, mesmo ganhando bastante dinheiro, vivia com muitas dívidas, chegando mesmo a ser preso por causa disso. Gênio indomável, não se submetia a nenhuma doutrina, a nenhum mestre, e seguia somente seus impulsos pessoais. 

Teimoso, irritadiço e extravagante, não tinha muita paciência no trato com as pessoas. Nunca perdoava uma ofensa feita. Por exemplo: certa vez um Ouvidor disputava com ele o preço de uma escultura que lhe havia encomendado, dizendo que escultores ganhavam mais que ouvidores. Cano irritado responde que os Ouvidores são como poeira e dá um empurrão na estátua, que cai em pedaços.

Por outro lado, dizem seu biógrafos, este homem tão implacável e tão duro se comovia com a miséria e sempre estava ajudando e socorrendo aos pobres, dando generosas esmolas aos mendigos que encontrava pelas ruas das cidades por onde passou.

No período em Granada, Alonso Cano fez as que são consideradas suas obras mais comoventes. 

Entre 1657 e 1660 voltou a Madrid, onde pintou “São Bento e a visão do globo e os três anjos” e “São Bernardo e a Virgem”.

Voltando a Granada, sua relação com o poder eclesiástico ia de mal a pior. Ele já estava velho e doente. Mesmo assim foi desalojado de seu ateliê na torre da catedral.

Sua obra, muito grande e variada, hoje se encontra dispersa em vários lugares e muitas delas mal-conservadas. Ao longo do tempo, incêndios, guerras, saques e roubos atingiram grande parte de seu legado, tão rico e tão variado, uma vez que ele pintava e esculpia, além de ter criado obras relevantes de arquitetura. Alonso Cano preencheu Granada, Málaga e Sevilha de obras e monumentos de alto nível em todas as técnicas que dominava: pintura, escultura e arquitetura.

Morreu em 3 de outubro de 1667 e seus restos mortais foram enterrados na Catedral de Granada.


São Francisco de Assis e a Porciúncula, Alonso Cano, 1659, 300 x 273cm
"São Bernardo e a Virgem", Alonso Cano,
Museu do Prado, 185 x 267 cm
"Um rei espanhol", Alonso Cano

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Só em Sevilha

Vista de parte da cidade de Sevilha, com o rio Guadalquivir
Minha última noite em Sevilla, após descansar da visita e das emoções do dia, foi passear pelas ruelinhas do casco antiguo, como se fala por aqui. E ver a noite chegar, trazendo aquela meia lua que aparece de lado contrário no meu Brasil, espelhada.

Sevilla nunca mais sairá do meu coração! Foram cinco dias muito intensos aqui e a viagem poderia terminar hoje, 27 de maio, porque já encontrei a resposta que vim procurar nesta viagem. E Sevilla me deu-a! Agora preciso trabalhar! Pintar!

Caminhei até cansar pelo labirinto das ruas estreitas e belas. Passei de novo pela Calle de la Góngora, onde se diz que nasceu e cresceu Velázquez, pra agradecer e me despedir. A noite começava a descer sobre a cidade, e as pessoas jantavam nos restaurantes pequenos em cantos de pequenas praças. De repente, um som me chamou a atenção, uma voz feminina cantando uma música que eu conhecia. Andei naquela direção e vi um casal jovem cantando... samba! Samba! "Tire o seu sorriso do caminho, que eu quero passar com a minha dor, se hoje pra você eu sou espinho, espinho não machuca a flor..." Parei, sorrindo, ouvindo, cantando junto. Quando terminaram, me aproximei e perguntei de onde eles eram, porque não eram brasileiros! Eram italianos, viveram na Bahia, adoram samba e agora cantam samba pelo mundo! Depositei dois euros na caixinha deles e segui meu percurso.

Vista da torre Giralda de dentro do
pátio do Alcazar
Sentei-me um pouco no parque do bairro Santa Cruz, o Jardim de Murillo (em homenagem a Sebastian Murillo, um dos pintores locais). Minha alma não cabia dentro do meu corpo. Uma felicidade imensa tinha tomado conta de mim e o samba foi só um pequeño regalo da vida. As coisas já vinham se delineando quando eu fui ao Museu do Prado, semana passada, me sentindo doente, corpo moído, amigdalite se instalando. Mas tinha parado diante de algumas pinturas que me trouxeram novas informações. Incrível como a cada vez que vamos a estes grandes museus e vemos estas grandes obras, um olhar novo surge! Por isso não posso deixar de viajar! Cada vez a gente se aprofunda mais!

Eu tinha visto lá um certo tratamento para as áreas de sombra com valor intenso, alguns até bem saturados. Nada de terras, opacidades. Apenas tratamento com os valores das cores, variação das temperaturas, etc. Bom, isto eu já sabia, mas as variações possíveis destes conceitos são infinitas! No museu Sorolla de novo me impressionou sua luz, como já falei.

Mas vir para Sevilla, ver esta luz que brilha aqui...! Posso arriscar em dizer que há muita semelhança de luminosidade entre a Andaluzia e o Brasil! O sol brilha! No verão, aqui faz 40 graus! As cores estouram nas fotos! As casas, as ruas, as pessoas, o rio Guadalquivir, os barcos... Tudo em valor alto!

Velázquez! Velázquez!... Sorolla! Sorolla!...

Mas eles são tão diferentes! Mas eles são tão iguais!

Depois que voltar a Madrid, neste sábado, volto ao Museu do Prado para rever o que vi e terminar de entender o que comecei. Ficarei lá o tempo que precisar para registrar o que for possível agora.

Como dormir depois deste dia? Quase não dormi! As idéias estavam dançando dentro do meu cérebro. E ainda tinha que acordar às cinco para pegar o trem às 6:40 na estação, em direção a Granada. Em direção à Alhambra de Granada.

Luciano, um amigo do Brasil, tinha me lembrado que em Sevilla viveu mais de dez anos meu conterrâneo, poeta e diplomata João Cabral de Melo Neto. João Cabral escreveu dois livros de poesia sobre Sevilla. Um verso de uma delas resume tudo o que passei aqui:

"Só em Sevilha o corpo está
com todos os sentidos em riste,
sentidos que nem se sabia,
antes de andá-la, que existisse."



























terça-feira, 26 de maio de 2015

Córdoba

Porta do Triunfo em Córdoba
Nos dois últimos dias, domingo e segunda, foram dias de passeios variados. Descobri que o Museu de Belas Artes de Sevilla não abre inteiro, mas só a parte de exposições temporárias. Está tendo uma sobre paisagistas andaluzes, desde os antigos. Bem boa, pois a qualidade dos pintores espanhóis realmente é um fato. Mas tinha lá fora do museu, na praça, uma feirinha com muitos pintores vendendo seus quadros, como na Praça da República. Caminhei um pouco, observei um pouco, mas nada demais. E terminei meu domingo de novo às margens do rio Guadalquivir.

Ontem, resolvi ir para Córdoba.

Peguei, na estação Santa Justa, um trem que ia para Madrid e chegava em 35 minutos em Córdoba. Um trem que viaja a 250 km por hora. Desci na estação de Córdoba, busquei informações numa sala de informações turísticas e fui direto para o centro velho ver a catedral-mesquita. Depois que se passa por uma das entradas de uma antiga muralha, entra-se nestas pequenas ruelas estreitas e repletas de casinhas grudadas umas nas outras, e que devem ter sido construídas aleatoriamente, de forma orgânica, porque quase não são em linha reta.

Muitos turistas como sempre. Japoneses andam em bando e para onde vou encontro bando de japoneses, todos com suas câmeras, obedientes ao guia. Também muitos franceses e muitos outros estrangeiros de cantos variados deste mundão.

Mundinho. Porque quanto mais viajo mais vejo como estamos todos parecidos. Usamos as mesmas roupas, os mesmos celulares, os mesmos chapéus de sol, os mesmos cachorros nas mesmas coleiras, os mesmos paus de selfie... Está uma praga por aqui o tal do pau de selfie, à venda em vários lugares por uns 15 euros. E todos usam: de franceses a espanhóis, de jovens a velhos, de japoneses a muçulmanos.

Catedral-Mesquita de Córdoba
Entrei com todo mundo na imensa mesquita. É impressionante! Já tinha visto por fotos, mas ver pessoalmente dá uma ideia muito melhor a respeito do poder e da grandeza destes impérios árabes, capazes de construir tanta beleza! Para cada canto que se olha os olhos se enchem de arte, seja em pinturas, seja na arquitetura, nos pequenos detalhes dos arcos das portas, no chão, no teto... A sensação é a de que fazemos parte de uma imensa obra-mestra! De tão grande em todas as direções, e de tão alta, caminhamos como pequenos seres nessa imensidão. Talvez a idéia fosse a mesma que inspirou as catedrais góticas: diante das coisas do céu o homem deve se sentir miúdo na terra. Mas para mim essa sensação dura segundos, porque vejo que o seres humanos que foram capazes de fazer com suas mãos o que foi feito aqui são muito maiores do que o céu! Allah, Allah, meu bom Allah!

Arquitetura árabe dentro da catedral-mesquita
Esta mesquita começou a ser construída no século VI. Nas inúmeras guerras ente cristãos e muçulmanos, ela foi tomada pela igreja católica por volta de 1.200. Hoje é a Catedral de Córdoba. Elementos de cultura árabe e cristã estão bastante misturados lá dentro, com predomínio da arquitetura árabe. Diversos afrescos foram pintados nas paredes e em pequenas capelas ao redor da nave principal da igreja.

Dentro da mesquita
Daí aconteceu uma coisa comigo. Sentei-me em um banco de madeira, para apreciar um altar, com meu IPad na mão, fotografando tudo. Meu IPad que me acompanha há dois anos, meu companheiro de estudos de desenho e pintura. Levantei-me para ir ver outra coisa e esqueci-o lá no banco onde eu estava sentada. Tinha ido ver a capela onde se celebram as missas, tudo muito rico, muito ouro em cálices e objetos sagrados. Nem bem cheguei, pânico: meu IPad! Corri para o banco onde eu tinha me sentado a uns 50 metros dali. Banco vazio! Estado de desespero. Meu companheiro de estudos de desenho e pintura, a pessoa que o pegou nem vai poder aproveitar as mais de 500 imagens que tenho lá, de obras de mestres, todas as de Velázquez que eu consegui juntar! Olhei aflita para as mãos de todos os que passavam, nada. Uma busca por algum possível ladrão, em volta senhores e senhoras, alguns jovens, ninguém com cara de suspeito. Vi um guarda. Ele se comunicou com um parceiro por rádio, perguntando se alguém tinha entregue um tablet. Espera angustiante a minha. Resposta: nada, senhora!

De repente aquela catedral se transformou em outra coisa pra mim, um lugar atemorizante, grande demais, e eu ia diminuindo de tamanho cada vez mais! Resolvi ir embora, triste. Na saída, dois guardas atrás de um balcão. Resolvi tentar de novo e perguntei se ninguém encontrou um IPad por aí. E... o guarda me entregou meu IPad na minha mão!!! E sorriu quando viu minha reação e meus murmúrios de "gracias", "que sorte a minha", "muchas gracias"! A ele, mas principalmente ao ser humano que encontrou e devolveu o que não lhe pertencia! Muito agradecida, resolvi fazer as pazes com a catedral e entrei de volta. Como é bom saber que ainda há lugares no mundo em que o ser humano respeita o outro!

Depois disso, fui almoçar e mais uma vez caminhar pelas ruelinhas de Córdoba. Linda! Fotografei o que pude com meu IPad querido! Mas o sol, estava forte demais para minha gripe e meu corpo começou a dar sinais de cansaço. Há dois dias minha garganta está inflamada, e estou com uma tosse absolutamente incômoda, seca, barulhenta, que vem em acessos e eu começo a fazer muito barulho em qualquer lugar que esteja, igrejas, museus, ruas, hotel. Isso de estar incomodando os outros me incomoda demais. E meus dois ouvidos começaram a doer. Ou seja, estou com uma boa infecção que tem que ser tratada com antibióticos. Mas aqui também não se vendem sem receita médica. Entrei no Hospital da Cruz Vermelha de Córdoba, um prédio moderno, bonito. Me atenderam bem, a médica me receitou o antibiótico de que preciso e já sai de lá me sentindo melhor. A guerra contra as bactérias começou!

Voltei ao fim do dia para a estação de trem e peguei o trem de volta a Sevilla. Desta vez ia demorar mais de uma hora a viagem, porque ia ter umas quatro paradas antes. Velocidade média de 140 km por hora, informava o letreiro. Sentei-me do lado da janela e durante toda a viagem acompanhei o sol se pondo. Lindo demais! Os tons iram variando de um amarelo brilhante, até se tingir de vermelhos enquanto a bola imensa do sol começava a se esconder atrás do horizonte, e depois disso os tons iam mudando para diversos violetas e lilases. Assim que o sol se foi, o trem parou na estação Santa Justa. Eram nove e meia da noite. E o céu estava azul de cobalto. Quando cheguei no hostal já estava um azul ultramar quase negro com uma lua pela metade brilhando no céu.

Que dia!

Rio Guadalquivir, que também passa por Córdoba
Córdoba, numa ponte sobre o rio Guadalquivir




Mesquita de Córdoba
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Rua de Córdoba
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