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terça-feira, 14 de agosto de 2012

Hendrick van Somer, caravaggesco da escola de Ribera

São Jerônimo
São Jerônimo, de Hendrick van Somer
Dando continuidade aos posts sobre os pintores influenciados por Caravaggio e que estão na mostra “Caravaggio e seus Seguidores” do Masp, nos detemos um pouco sobre um deles, Hendrick van Somer.

Quase nada se sabe sobre esse excelente pintor da escola caravaggesca. Ele nasceu em Amsterdam, Holanda, em 1615, viveu alguns anos na Itália onde ficou conhecido como Enrico Fiammingo, e morreu em sua terra natal em 1685.

Querubim com a lira, Aert Mijtens
De acordo com alguns historiadores, seu pai também teria sido pintor (conhecido como Barend Van Zomeren) e teria vindo da escola do pintor flamengo Franz Hals. Hendrick também era neto de outro pintor, Aert Mijtens, que exemplificamos com uma de suas pinturas inseridas aqui neste post (ao lado). Por ela, que está em alta resolução, dá para ver que o estilo do avô de Hendrick também era pictórico. Na verdade, Hendrick descendia de uma família de pintores que haviam vivido desde os Países Baixos até a Itália, especialmente Nápoles e Roma.

Hendrick foi aluno de José de Ribera, também presente na exposição do MASP. Depois da temporada de aprendizado em Nápoles, com Ribera, Van Somer foi para Bologna e estudou no atelier do pintor Guido Reni, um dos continuadores do classicismo implantado em Bologna pelos irmãos Carracci. Hendrick também pintou à moda desse mestre, como pode ser observado em suas pinturas feitas para a igreja de San Barbaziano, na mesma cidade.

Sua obra “São Jerônimo”, que se encontra na exposição, é uma grande pintura, dentro do estilo do mestre Caravaggio. Mas algo nela me chamou muito a atenção, e por isso fiquei bastante tempo observando a tela de perto. Não sabia ainda que ele tinha passado pela escola de Ribera, que como caravaggesco é um dos melhores. Com essa informação, voltei a ver melhor o “São Jerônimo” de Van Somer, inclusive lembrando que ele vinha de uma família de várias gerações de bons pintores dos países mais ao norte da Europa, tradicionalmente realistas e pictóricos. 

Nesta pintura
de Van Somer dá para notar
a influência de José de Ribera
A pintura fala por si mesma: o fluxo da luz atravessa o quadro, desvendando o personagem principal que lê e tem nas mãos uma longa folha de papel horizontal, escrita à mão. As sombras são quentes, como ensinou o mestre Caravaggio, seguido por Ribera. O corpo envelhecido do santo, coberto por um manto vermelho, recebe o foco principal da luz que também se reflete na cabeça arredondada, assemelhada à cabeça do “São Jerônimo escrevendo” de Caravaggio.

Hendrick van Somer fez mais de um São Jerônimo. Caravaggio também. José de Ribera também. Era um tema importante para a época, porque esse santo foi o intelectual responsável pela tradução da Bíblia do grego e do hebraico antigos para a língua latina, sendo também o patrono dos bibliotecários e tradutores.

Outra versão de "São Jerônimo" de Hendrick van Somer, segunda metade do séc. XVII,
óleo sobre tela, 98 x 79 cm, coleção privada
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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Exposição de Caravaggio no Masp

Caravaggio: São Francisco meditando
Foi aberta hoje, 2 de agosto, ao público a exposição “Caravaggio e seus seguidores”, no Masp, em São Paulo. Antes das onze horas, umas quarenta pessoas em fila aguardavam a abertura da maior exposição do mestre do Barroco na América do Sul. A mostra passou antes por Belo Horizonte, Minas Gerais, na Casa Fiat de Cultura e recebeu um público de cerca de 80 mil pessoas. A expectativa é que em São Paulo, o público atingido seja bem maior, pela importância desse evento.
O curador brasileiro da exposição, Fábio Magalhães, explicou que essas sete obras do pintor italiano representam 10% de sua produção, que chegou a umas 70 pinturas. Mas uma boa parte delas estão em igrejas italianas, enquanto outras pertencem a acervo de museus que não as emprestam.

As obras de Caravaggio expostas no Masp são:
São Jerônimo escrevendo / São Francisco em meditação / Medusa Murtola / Retrato do Cardeal / São João Batista alimentando o cordeiro / São Januário degolado / Cópia de São Francisco em Meditação - autor desconhecido - séc. XVII / Cópia de Os Trapaceiros - autor desconhecido - meados do séc. XVII.

Artemisia Gentileschi: Madalena desmaiada
Entre os antigos seguidores do mestre, estão presentes nessa exposição:
Artemisia Gentileschi (1593-1653): tela “Madalena desmaiada”
Bartolomeo Cavarozzi (1587-1625): tela “Virgem com o menino”
Giovanni Baglione (c.1566-1643): tela “Ecce homo”, 1606, óleo sobre tela, 163 x 116 cm, Galleria Borghese, Roma
Giovanni Battista Caracciolo (1578-1635):tela “Lot e as filhas”
Hendrick van Somer (1615-1684/85): “São Jerônimo”
José de Ribera (1591-1652): tela “São Tiago Maior”
Leonello Spada (1576-1622): tela “Coroação de espinhos”
Mattia Preti (1613-1699): tela “Negação de Pedro”
Orazio Borgianni (1574-1616): tela “Autorretrato”, 1614-15, óleo sobre tela, 55 x 39 cm, Galleria Nazionale d’Arte Antica di Palazzo Barberini, Roma
Giovanni Baglione: "Ecce homo"
Orazio Gentileschi (1563-1639): “Maria Madalena”, séc. XVII, óleo sobre tela, 82,3 x 68,5 cm, Coleção privada
Orazio Riminaldi (1593-1630): tela “Sacrifício de Isaac”
Simon Vouet (1590-1649): tela “Herodíades com a cabeça do Batista”
Tommaso Salini (1575-1625): tela “Interior de cozinha (o macaco e o gato)”
Valentin de Boulogne (1591-1632): “Santa Família com São João Batista”

Não são somente estes os pintores considerados “caravaggistas”. Caravaggio deixou seguidores em diversos países. São eles, os italianos: Bartolomeu Manfredi, Carlo Saraceni, Cecco del Caravaggio, Carlo Selitto, Giovanni Serondine, Massimo Stanzione, Bernardo Cavallino, Cesare Fracazano, Mario Minniti, Giuseppe Vermiglio; os franceses:  Georges de La Tour, Nicolas Tournier, Louis le Nain e Antoine Le Nain, além de Simon Vouet e Valentin de Boulogne, presentes nesta exposição. E mais os espanhois, além de Ribera: Francisco de Zurbarán, Bartolomeu Esteban Murillo, Francisco Ribalta, Juan Bautista Maíno e Diego Velázquez.
Mas também influenciou diversos outros pintores flamengos e holandeses, como Rembrandt, Vermeer, Rubens, Franz Hals, Van Dyck, entre outros.

A exposição segue até o dia 30 de setembro, depois seguindo para Buenos Aires, na Argentina. O evento faz parte do “Ano da Itália no Brasil”.

MASP
Avenida Paulista, 1578 - metrô Trianon
De terça a domingo: 11h às 18h
Terças-feiras: Entrada grátis
Quintas-feiras: aberto até às 20h
Entrada: R$ 15,00




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POSTS SOBRE CARAVAGGIO E OS CARAVAGGESCOS:

José de Ribera, caravaggesco