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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
"O tempo em que o mundo tinha a nossa idade"
"Quero pôr os tempos em sua mansa ordem, conforme esperas e sofrências. Mas as lembranças desobedecem, entre a vontade de serem nada e o gosto de me roubarem do presente. Acendo a estória, me apago a mim. No fim destes escritos, serei de novo uma sombra sem voz.
Sou chamado de Kindzu. É o nome que se dá às palmeiras mindinhas, essas que se curvam junto às praias. Quem não lhes conhece, arrependidas de terem crescido, saudosas do rente chão?"
Terminei de ler "Terra sonâmbula" de Mia Couto, escritor moçambicano que transforma prosa em verdadeira poesia. Como Guimarães Rosa - que ele conhece bem - qualquer coisa do mundo, mesmo a fome, mesmo a guerra, mesma a solidão... vira coisa bela. Para mim, isso faz o artista: captura qualquer imagem do seu mundo, tempera-a com o fogo de seu próprio coração, após atravessar muitas vezes a barreira de lágrimas formadas em seus olhos, e devolve ao mundo o que viu e sentiu, em forma de arte. Para que as pessoas possam ver o mundo, ver e rever, perceber, com outros olhos. Ver, rever, perceber, mudar o mundo.
Me lembrei de uma frase do poeta Mário Quintana, que, com sua licença, faço uma adaptação: A Arte não muda o mundo, a Arte muda o homem. E o homem muda o mundo...
Fiquei com vontade de pintar o rosto de Kindzu, um Kindzu já velho, pleno de experiência, marcado pelos sofrimentos da sua gente moçambicana, repleto da mais pura poesia que sai de seus olhos vermelhos. Em nossa língua portuguesa.
Acima está o meu "Kindzu dos olhos vermelhos", pastel sobre papel canson.
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