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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

As ondas do mar de Aïvazovski

"A nona onda", Ivan Aïvazovski, 1850
Ivan Konstantinovitch Aïvazovski foi um pintor russo do século XIX. Nasceu em 29 de julho de 1817 na região da Crimeia, onde também faleceu em 5 de maio de 1900. Ele é considerado um dos mestres da pintura de cenas do mar, um tema que atraiu muitos pintores românticos e realistas russos.

Aïvazovski em 1870
Aïvazovski nasceu em uma família de comerciantes pobres de origem armênia, emigrados da Polônia. Desde criança ele adorava desenhar e copiar desenhos de livros, como os de um sobre a luta dos gregos contra o jugo do império otomano. Ele frequentou uma escola primária armênia da pequena cidade de Théodosie, onde nasceu, e recebeu sua primeira formação artística no Ginásio de Simferopol, graças à ajuda de conterrâneos que admiravam seu talento para a arte. Em 1833, com apenas 16 anos, Aïvazovski foi para São Petersburgo completar sua formação na Academia Imperial de Belas Artes. Lá, ele faz estudos sobre as obras do pintor paisagista Maxime Vorobev, assim como do pintor de marinas francês Philippe Tanneur, que dava aulas na Academia de São Petersburgo.

Logo seu talento começa a ser observado. Nada menos do que o escritor Alexander Pushkin torna-se admirador da obra de Aïvazovski. Em 1837, com 20 anos apenas, ele recebe seu diploma junto com uma medalha de ouro pela sua dedicação e qualidade como pintor. A Academia também lhe dá uma ajuda de custo para que continue seus estudos, durante dois anos, pintando marinhas. Aïvazovski faz diferentes viagens de navio, acompanhando a marinha russa, a quem consagrou várias telas.

Autorretrato de 1874
Entre 1840 e 1844, ele viaja pela Europa, passando pela Itália, França, Espanha, Inglaterra, Alemanha e Holanda. Nessas passagens por estes países, Ivan Aïvazovski entra em contato com academias locais e é admitido como membro em várias delas. Em Paris, recebe uma medalha de ouro. Suas telas são muito admiradas e em 1841 o papa Gregório XVI compra-lhe a pintura “Caos” para o Museu do Vaticano. Foi na Itália que ele conheceu outro escritor russo, Nicolai Gogol.

Volta à Rússia em 1844, e é nomeado membro da Academia de São Petersburgo e em 1845 recebe o título de pintor da marinha russa. Com isso, ele participa, nos anos seguintes, de diversas expedições da frota russa e assim conhece os mares da Turquia, Grécia, Egito e da América.

De volta a seu país, Aïvazovski resolve ir morar em sua pequena cidade, Théodosie, recusando as honras e as riquezas que os tsares de São Petersburgo lhe queriam oferecer. Preferia a companhia de seus amigos escritores, Pushkin, Tchekov e Gogol. Mas continua a pintar e a expor em Moscou, São Petersburgo e até em Paris e Nova York. Por onde passava, fazia questão de entrar em contato e saber como viviam seus compatriotas armênios. Em Théodosie, por exemplo, ele funda uma nova escola armênia, assim como uma gráfica, e financia a restauração de uma velha igreja armênia. Também cria uma Escola de Arte em 1865 e transforma sua própria casa em museu, que ainda hoje é preservada e guarda uma grande parte de suas obras.

"Pushkin à beira-mar", 1877, autoria de
Ivan Aïvazovski e Ilya Repin
Ivan Aïvazovski teve grande reconhecimento internacional enquanto ainda era vivo. Foi o primeiro artista estrangeiro que recebeu a condecoração da legião de honra francesa. O sultão turco Abdulaziz, que era um grande amante da pintura, lhe encomendou mais de 40 telas e lhe convida, em 1874, a ir à Constantinopla para receber a medalha da Ordem de Osmânia, a mais alta distinção daquele império. Além disso, Aïvazovski era muito querido por Eugène Delacroix e William Turner, dois grandes pintores, francês o primeiro e inglês o segundo. Este pintor russo também influenciou muitos outros pintores de diversos países.

Ele buscava a luz, em suas pinturas, e sua paixão era o mar. Muitas delas, fez de memória, conseguindo traduzir o movimento das ondas do mar, ou a transparência das águas calmas, ou a fúria do mar em tempestade. Turner o considerava um gênio. Suas telas “A nona onda”, “Clarão da lua” e “Tempestade” foram ícones para o movimento romântico europeu do século XIX.

Posteriormente, com o crescente movimento da arte russa e talvez influenciado pelos escritores russos de seu tempo, sua pintura se torna cada vez mais realista. No final do século XIX ele pinta “O Mar Negro”, “Arco-íris”, “Naufrágio” e “A Onda”, além de outras telas.

Ivan Aïvazovski faleceu em 1900, deixando mais de 6 mil obras, sendo que metade eram feitas de cenas de marinhas.

Abaixo, algumas de suas marinhas:

"Mar negro"
"Arco-íris", 1873
"Paisagem lunar com naufrágio", 1863

"Canal do Cáucaso visto do mar", 1894

"Caos", 1841

"Tempestade", 1886
"Vista de Constantinopla e do Bósforo"

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A arte pictórica de Eugene Gruzdiev

O pintor russo Evgene Grouzdev
Tinha acabado de publicar este post no Facebook, quando tive a emocionante surpresa de saber que Eugene Gruzdiev - ou Evgeny Grouzdev, como ele mesmo assina - é um pintor de São Petersburgo! O próprio artista me agradeceu este post, tentando falar em português: "Obrigado enorme, muito escreve-se bem!!! Até embaraço-me um pouco, é muito inesperado..." Para mim também, muito inesperado e muita surpresa encontrar um pintor contemporâneo com esta qualidade de pintura! E saber que ele existe e que pratica este tipo de arte dá ainda mais a sensação de que nem tudo está perdido! 

Abaixo o meu texto, publicado ontem, quando nem sabia de que período era esse já grande mestre...

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Conheci este pintor russo no blog do pintor brasileiro radicado em São Petersburgo, Rússia, Gilberto Geraldo. Já pesquisei em todos os lugares possíveis, em sites internacionais inclusive, e não encontrei nenhuma informação sobre Eugene Gruzdiev.

Seria contemporâneo do outro grande pintor russo Ilya Repin sobre o qual já falei aqui em outro post? Seria um pintor atual? Não se sabe...

Enquanto não encontro mais o que falar sobre quem foi Eugene Gruzdiev, sua vida e sua obra, publico abaixo as imagens que capturei no blog do Gilberto Geraldo.

Por que? Simplesmente porque Eugene Gruzdiev pinta do jeito que eu entendo como pintura realista e pictórica: suas pinceladas criam impressão de movimento, ele pinta o essencial, não há contornos definidos por linha, mas volumes; as massas são grandes, ultrapassam as formas.

Nesse estilo pictórico que identifico nele, os movimentos das massas se espalham em cromas e valores. A tinta se espalha, as cores e as tonalidades se derramam buscando as profundezas, como disse há décadas Heinrich Wöllflin. Os limites se tornam fluidos; limites que não são um fim em si, são infinitos.

Tudo é jogo de Luz e Sombra, onde nem tudo precisa ficar claro. Há partes veladas, objetos sobrepostos, massas sobrepostas. Movimento. Aquilo que parece estar oculto pelas sombras do quadro, parece que “luta para entrar na luz” (Wöllflin). Não se busca extrair da cor individual toda sua força e pureza, mas criar harmonia na relação entre as cores, de modo que uma cor realce o efeito individual de outra. Contrapontos.

É esse olhar de pintor que vê o mundo como uma unidade, onde tudo se relaciona que me atraiu em Eugene Gruzdiev.

Eu acho lindo demais isso aqui embaixo!