sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
quarta-feira, 5 de dezembro de 2012
Edgar Degas, impressionista ma non troppo
Estudo meu sobre o "Retrato de Albert Melida", de Edgar Degas, feito em pastel (nov. 2012) |
São 73 obras do artista francês Edgar Degas que pertencem ao Museu de Arte de São Paulo, o Masp. As esculturas são fundidas em bronze e, entre elas, a mais conhecida: “Bailarina de 14 anos” (foto abaixo). Vale ressaltar que o MASP é um dos museus onde há uma das grandes concentrações de obras de Degas, além do Metropolitan de Nova York e do Museu d'Orsay de Paris.
Recentemente fiz um estudo em pastel de uma pintura a óleo deste artista francês, o “Retrato de Albert Melida”. O método de pintura dos impressionistas é pictórico, quase sem linhas, com predominância no valor das cores de médio a alto; também não respeitam muito a forma dos objetos e as massas se fundem, se multiplicam, dando um ritmo luminoso, o que era intenção desses pintores. Alguns levaram essa técnica à radicalidade do pontilhismo, como George Seurat e Van Gogh. Ou praticamente enfatizando os efeitos luminosos das cores sob o efeito da luz, como fazia Monet. Mas não foi o caso de Degas. Ele ficou mais independente, mantendo mesmo uma certa distância do grupo dos impressionistas, mesmo que, segundo E.H. Gombrich em seu livro História da Arte, “simpatizasse com a maioria de seus propósitos”.
Autorretrato, Degas, 1857 |
Degas não aderiu ao costume dos impressionistas de pintar ao ar livre. Preferia o espaço interno de seu ateliê ou as salas de aulas de balé, cujas bailarinas aparecem em muitos de seus quadros. Ele ia aos ensaios de dança para ver os corpos em movimento, que desenhava e pintava. “Via as bailarinas dançando ou repousando, e estudava o intrincado escorço e o efeito da iluminação de cena modelar a forma humana”, aponta Gombrich. Diversos desses esboços foram feitos à pastel. Mas nessas observações das bailarinas ele se comportava como seus amigos impressionistas e pintores de plein air: lhe interessava, mais do que a beleza da bailarina, os jogos de luz e sombra, as formas dos movimentos, as relações espaciais.
A maior parte de suas obras, desde que se busca classificar os pintores dentro de algum movimento, é incluída dentro do movimento impressionista, mesmo que, como vimos antes, ele não era exatamente um deles, porque as principais características do Impressionismo não são aplicáveis a Degas, que pintava dentro de seu ateliê, muitas vezes de memória. O fato dele ser incluído entre os impressionistas seria muito mais pelo fato de que, assim como aqueles, ele também não seguia as regras da Academia Francesa. Muita discussão e debate já aconteceu em torno da obra de Edgar Degas por diversos historiadores da arte, uma vez que seu trabalho como artista não podia ser classificado como impressionista em sua totalidade.
A bebedora de absinto, Degas |
Além disso passava as tardes no museu do Louvre onde, com o tempo e sua evolução como artista, foi admitido como pintor copista, uma prática que ainda hoje se mantém. Ele admirava os pintores italianos, franceses e holandeses. Foi aluno, entre outros, de Louis Lamothe, que tinha estudado pintura com Ingres. O pai de Degas, homem culto e amante das artes, mas também bom comerciante, apresenta ao filho alguns dos maiores colecionadores de arte de seu tempo.
Em sua fase inicial, Degas fez diversas pinturas de inspiração neoclássica, além de ter pintado numerosos retratos de pessoas de sua família. Na guerra contra a Prússia de 1870, Degas se alista na infantaria. Entre 1874 e 1886 Degas participa das exposições dos impressionistas, empenhando-se pessoalmente na organização das mesmas. Seus contatos com outros pintores da mesma geração se estreitam, especialmente com Camille Pissarro.
As bailarinas, 1878, Degas |
Desde 1875, a pintura foi para ele sua fonte de renda, quando ele começou a ter dificuldades financeiras. Sua família tinha entrado em falência após a morte de seu pai. De 1880 em diante, ele passa a usar mais o pastel em sua pintura, algumas vezes usando junto também tinta guache e aquarela. As telas dessa época são bastante modernas no sentido de dar maior expressão às cores. No final dos anos 1890, Degas, já quase cego, se dedica cada vez mais à escultura. Sua única exposição individual aconteceu em 1892, quando ele apresentou 26 telas com paisagens.
A pequena bailarina de 14 anos, Degas, acervo do Masp |
Em relação a Eugène Delacroix, Degas também era um admirador de sua pintura, chegando a fazer uma cópia do quadro de Delacroix “Entrada dos cruzados em Constantinopla”. Em 1889, viajou a Tanger, seguindo os passos do pintor Delacroix, que era apaixonado pela cultura do norte da África.
Um de seus inúmeros esboços |
As bailarinas azuis, 1899, Edgar Degas |
Serviço:
“Degas: Poesia geral da ação. As esculturas – Coleção MASP”
De 10 de novembro de 2012 a janeiro de 2013
Museu Oscar Niemeyer
Curitiba - Paraná
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terça-feira, 27 de novembro de 2012
“A arte vive um momento deplorável”
Fernando Botero |
Mas valeu pela entrevista, ou melhor, pelo que Fernando Botero disse na entrevista. Em primeiro lugar, quando o jornalista lhe pergunta por que ele só pinta “personagens gordos”, a resposta do artista veio da profundidade de seu pensamento sobre sua pintura, em contraponto às banalidades perguntadas a ele. Explicou que o que lhe interessa pintar é o volume dos corpos, pela sensualidade dessas formas arredondadas e explicou ao jornalista que não se trata só de uma escolha entre “pessoas magras ou gordas”. Cita o pintor italiano Giotto (1267-1337) que deu volume às formas da pintura praticada em seu tempo, que até então eram formas planas.
Como o jornalista não parava de perguntar sobre a “gordura” de seus "personagens", Botero continuou explicando a ele que um artista vê, muitas vezes, além do que outros enxergam. E contou de seu interesse pela arte pré-colombiana, apesar de sua formação europeia, mas que seu estilo nasceu a partir de suas convicções pessoais e pelo seu “respeito pela arte de formas clássicas”.
Fala, Botero:
Folha - Suas influências mais marcantes são artistas clássicos, e o sr. já afirmou que a arte se desintegrou depois de Picasso. Como vê a arte hoje?
BOTERO - Digamos que o problema é uma falta de estrutura. Disseram tanto ao Picasso que ele era um gênio que ele começou a fazer quadros sem estrutura (grifo meu). No final de sua vida, sua obra era um caos total, com uma técnica deplorável. A verdade é que hoje a arte se baseia em ideias superficiais, artistas estão mais interessados em chocar do que em criar obras com qualquer senso de estrutura. Não é um momento glorioso na evolução das artes visuais. Acredito que a arte viva agora um momento deplorável.
Folha - É por isso que o sr. desistiu de patrocinar o tradicional prêmio a jovens artistas que levava seu nome na Colômbia?
BOTERO - Sei que essa foi uma decisão polêmica, mas o júri havia dado o prêmio máximo a um vídeo, que era talvez o primeiro que aquele artista havia feito na vida. Não gostei das obras, nada me interessou, então achei que já não valeria mais a pena patrocinar esse tipo de coisa. Vi que os jurados premiam coisas absurdas, como se morressem de medo do fim das vanguardas artísticas.
Folha - Como lida com seu sucesso comercial? Costuma acompanhar os resultados dos leilões?
BOTERO - Não gosto de leilões porque criaram um gueto para artistas latino-americanos. Gostaria de estar nos leilões com os artistas do resto do mundo, já que tenho obras espalhadas por todo o planeta. Arte é universal, não deve estar identificada por regiões. Ser classificado como latino é ocupar uma categoria inferior, e não me considero inferior a ninguém.
Dança na Colombia, 1980, óleo sobre tela, 188 x 231 cm |
MAIS:
Neste Blog: AS DORES DA COLOMBIA SEGUNDO BOTERO
Entrevista da Folha
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Nulle die sine linea
“Sabes que
"poesia" é algo de múltiplo;
pois toda
causa de qualquer coisa
passar do não-ser
ao ser é “poesia”,
de modo que as
confecções de todas as artes são “poesias”,
e todos os
seus artesãos poetas.”
(O Banquete,
Platão)
Estudo meu feito com pastel sobre papel cartão, sobre obra de Jan Vermeer, "Retrato de uma jovem mulher", de 1665 (novembro, 2012) |
Terminei mais um estudo baseado nas obras dos mestres da pintura. Fiz em
pastel sobre papel cartão esta pintura ao lado, usando como referência o quadro
de Jan Vermeer “Retrato de uma jovem mulher”. No ano passado já tinha feito, em
óleo sobre tela, um estudo também sobre outra obra de Vermeer, “Moça com brinco
de pérola”. No Atelier de Arte Realista de Maurício Takiguthi onde estudo
atualmente, essa dedicação a conhecer o mais profundamente a técnica dos velhos
mestres é parte da nossa formação e aprendizado.
Mas não é uma novidade em termos de método porque sabemos que grandes
pintores alcançaram grandes alturas porque se lançaram à aventura de penetrar
nas obras de arte realizadas por grandes artistas que os precederam. Pois assim
é a nossa história humana: vamos evoluindo, vamos criando e recriando o mundo,
mas sabemos que atrás de nós há gerações e gerações de grandes seres humanos
que continuam nos inspirando e mesmo iluminando nossos caminhos como
verdadeiros faróis. O grande Isaac Newton (1643-1727), cientista e filósofo,
disse certa vez que se pôde enxergar mais longe é porque estava “sobre ombros
de gigantes”, provavelmente se referindo a Galileu e Kepler, dois gigantes que
vieram antes dele.
Pintura a óleo tendo como referência a obra "Moça com brinco de pérola", de Vermeer (outubro, 2011) |
Isso é muito importante saber, qualquer que seja a área de nossa vida:
não podemos esquecer que se aqui estamos e no ponto em que estamos, muito
devemos aos que nos antecederam. Muito temos o que aprender com o passado para
poder construir o futuro que queremos.
Nas escolas de artes atuais, em sua maioria, infelizmente, o estudo dos
mestres se reduz a saber de sua biografia, dos movimentos de que participavam,
em que “ismo” se encaixava sua arte. A tradição parece ser uma palavra que
engasga na boca dos que ensinam arte em escolas e faculdades. Pelo contrário,
os novos “ensinadores de arte” parecem gostar de repetir que o aluno deve “se
soltar” (o que isso significa?), deve esquecer qualquer tentativa de querer
desenhar baseado na realidade, e, o que é pior, não recomendam mais o desenho,
o exercício, o estudo com linhas e massas. “Soltem-se”, entoam eles em coro...
Há alguns dias atrás assistimos, no Atelier, ao filme “Jiro: dreams of
sushi” sobre um mestre artesão de sushi, considerado hoje um dos melhores do
mundo. Mas onde sushi tem a ver com pintura e desenho? Recomendo que se veja o
filme para se buscar compreender melhor que, na verdade, sushi e pintura tem
muitos pontos em comum, no sentido de que o trabalho de alguém está por trás disso.
"Baile de máscaras", pastel sobre papel cartão, 2011 |
Minha experiência pessoal nestes últimos anos tem me mostrado que venho
aprendendo muito mais do que desenhar e pintar! Porque desenhar e pintar são
duas atividades humanas que exigem um redesenho interno da alma, no sentido de
que há uma integração entre o que eu sou como pessoa e o
resultado do meu trabalho. Cada avanço que faço, cada sutileza de cor que meus
olhos agora vêem (antes não viam), cada conceito apreendido (mais do que
aprendido) além de trazer uma felicidade nova me mostra o que há mais além, mais
a conquistar, mais a aprender, mais a ser. Me mostra também que cada traço
desenhado, cada toque novo do pincel é um instante que ganho diante do tempo
que foge.
"Retrato de Jeosafá", Mazé Leite, 2012 |
Num certa cena do filme, Jiro, o velho mestre de sushi, fala: “Vou
continuar a subir, tentar alcançar o topo, porém ninguém sabe onde o topo
está!” Essa busca da excelência na arte, essa caminhada em direção ao Real
mais profundo, onde vamos colhendo camadas de percepção dele que fogem à
percepção comum, é fugidia, exige dedicação, empenho, perseverança, paciência,
trabalho... Porque o “topo”, que está lá mais à frente, parece se mover, e isso
enriquece ainda mais essa busca. Porque nessa dedicação ao estudo da arte,
quanto mais aprendemos, mais vemos que podemos mais, que há mais a ser descoberto
e que, no final das contas, nos deparamos mesmo é com a inesgotabilidade do
Real! Isso, por si só, é objeto do mais puro fascínio para quem pratica o estudo de
arte, seja desenho, pintura, escultura, teatro, literatura, dança, música...
Infelizmente isso tudo é muito longe do que é ensinado nas escolas!
Nesse mundo de correria, ensina-se que as coisas devem ser feitas de forma
rápida, mesmo com qualidade mediana. Nos acostumamos a viver com o mediano como
se isso fosse normal! Infelizmente o que se ensina é que a genialidade é um dom
de Deus, que se nasce gênio. Um tipo de pensamento que subestima a capacidade
do ser humano de buscar com seu trabalho a sua própria perfeição. Mas não
perfeição no sentido místico, moralista em certo sentido. Perfeição no sentido
de alcançar mesmo que seja a simplicidade da forma, como podemos ver na
escultura de Alberto Giacometti, por exemplo. Mesmo que seja para não pintar o
Belo, porque o Feio também faz parte do nosso mundo...
Alguém já disse que o estilo pessoal é a expressão da alma do artista.
Mas eu pergunto, como alcançar essa expressão de alma sem estudo, sem busca,
sem prática? Isso me faz lembrar de Michelangelo. Um dia ele teria dito que
quando olha para uma pedra ele já sabe que partes dela precisa retirar para que
se mostre a figura que ele quer. É isso aí, é preciso lapidar o diamante para
que ele brilhe!
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Abaixo, alguns dos meus exercícios:
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Abaixo, alguns dos meus exercícios:
Estudos em pastel sobre obras de antigos mestres (Mazé Leite, 2012) |
Estudos em pastel sobre obras de antigos mestres. À esquerda, pintura baseada numa natureza morta de Gustave Courbet (Mazé Leite, 2012) |
Estudos em pastel. À esquerda, baseado em fotografia. À direita, sobre obra de um mestre (Mazé Leite, 2012) |
À esquerda, desenho gestual baseado numa pintura de Velázquez. À direita, uma xilogravura de 1989 (Mazé Leite) |
terça-feira, 13 de novembro de 2012
Gustav Klimt, um pintor do seu tempo
Detalhe de "O Beijo" de Gustav Klimt, pintada em 1905 |
Gustav Klimt |
Mas em outras cidades do mundo, mais exposições estão na programação de museus e galerias. Em Nova York, a Neue Galeria abriu uma mostra com desenhos, pinturas e fotografias de Gustav Klimt. Entre essas obras, o “Retrato de Adele Bloch-Bauer I”, de 1907, que ele decorou ricamente com ouro. Também desde 16 de maio deste ano o Museu de Viena faz uma mostra das obras do início de sua carreira em 1880, até sua morte em 1918. Outros dois museus de Viena também apresentaram mostras.
Retrato de Madame Heymann, de 1894, Gustav Klimt |
Em 1880, com 18 anos de idade, ele e seu irmão Ernst e mais um amigo, Frantz Matsch, criaram um atelier de pintura decorativa. Rapidamente seu trabalho prosperou e começaram a receber numerosas encomendas para decorar paredes e tetos de casas, assim como teatros e outros edifícios públicos. Em 1890, apenas dois anos depois, Gustav Klimt já era famoso por sua pintura e executava obras que eram encomendadas pelo governo austríaco.
Judith, de Gustav Klimt |
Com alguns amigos, ele funda, em 1897, o jornal “Ver Sacrum”, com a intenção de criar um instrumento consagrado à arte. No mesmo ano, ele participa da fundação da União dos Artistas Figurativos, denominada de “Secessão”, com dezenove outros artistas vienenses. Ele foi o presidente dessa associação que tinha por objetivo interferir na vida artística da época, além de produzir obras de arte que levassem a arte austríaca ao reconhecimento internacional que ela merecia. Tratava-se também, para aqueles artistas, de diminuir a distância entre a arte e as artes ditas menores, de aproximar objetos utilitários dos objetos de arte, e de transformar o mundo por meio da arte. A arte, para eles, deveria despertar a consciência, de forma diferente do que vinha sendo praticado pela arte acadêmica. O jornal “Ver Sacrum” era o porta-voz dessa vontade de mudar o mundo.
Enquanto isso, o arquiteto e também pintor Joseph Marie Olbrich construía um espaço dedicado às artes, como desejavam Klimt e seus amigos da “Secessão”: um lugar para permitir aos jovens artistas figurativos um lugar permanente de exposição para suas obras.
Pallas Athena, Gustav Klimt, 1898 |
Durante o ano de 1900, após a sétima exposição do seu grupo, Klimt apresenta a tela “A Filosofia”, a primeira de três que foram encomendadas para ilustrar o teto abobadado onde acontecia a Aula Magna da Universidade de Viena. Esta pintura foi destruída pelos nazistas em 1945. Os outros dois eram “A Medicina” e “A Jurisprudência”. Ele escolheu pintar a filosofia sob a forma de uma esfinge, com contornos fluidos, a cabeça perdida nas estrelas enquanto em torno dela se desenrolavam todos os ciclos da vida, do nascimento à velhice, passando pelos tormentos do amor. Essa tela sofreu duras críticas das autoridades universitárias que esperavam uma representação clássica do tema. Consideraram essa obra uma provocação, apelo à libertinagem e um atentado aos bons costumes. A crítica foi violenta também por parte da imprensa (sempre a velha mídia...) que acusou Klimt de querer perverter a juventude. Alguns questionaram sua sanidade mental ao avaliarem o erotismo de suas pinturas. Os críticos dos jornais atacavam até o fato de Klimt sofrer de depressão.
Filosofia, Gustav Klimt |
Em 1902, após a décima quarta exposição da “Secessão”, consagrada à música de Beethoven, Klimt apresenta um afresco dividido em sete paineis representando a Nona Sinfonia, destinada a decorar um monumento em memória do compositor, que foi concebido pelo arquiteto Josef Hoffmann. Essa obra foi incentivada por um outro músico, Gustav Mahler, e ela representava a aspiração à felicidade por parte da humanidade sofredora que busca apaziguar seu sofrimento através da arte. Mais uma vez, Gustav Klimt sofreu duras críticas, bastante violentas, em nome da moral.
Jurisprudência, de Gustav Klimt |
Em 1904, um rico banqueiro, Adolphe Stoclet, encomenda a ele um mural feito em mosaicos para a sala de refeições de um luxuoso palácio que ele iria construir em Bruxelas, na Bélgica. Mais uma vez ele mostra a riqueza decorativa de suas obras, com “A Espera” e “O Cumprimento”.
O famoso quadro “O Beijo”, sua obra mais conhecida e que continua sendo reproduzida sob diversos materiais decorativos em todo o mundo, foi pintado em 1905. Após 1908 ele abandona o grupo “Secessão”, acompanhado de vários amigos. Para ele, essa associação de artistas já tinha cumprido seu papel e corria o perigo de “se esclerosar”. A partir daí ele se consagra à pintura de paisagens ou de cenas alegóricas, cada vez mais estilizadas e com cores cada vez mais vivas.
Medicina, Gustav Klimt |
Em 1910, Klimt participa da Bienal de Venesa, onde ele obtém muito sucesso. Passou a ser conhecido como o representante na pintura da intelligentsia austríaca e como inventor da arte decorativa.
Ele morreu em 1918, após um ataque cardíaco, deixando diversas obras inacabadas.
Pintor denegrido por mais de dez anos em sua terra, seu trabalho foi, no entanto, a expressão de um período histórico de mudanças que aconteciam pelo mundo e por isso ele é uma referência na história da pintura. Gustav Klimt é o exemplo e a expressão de um pintor de seu tempo, corajoso, ativo, altamente criativo e que participou ativamente das profundas transformações pelas quais o mundo passaria a partir do começo do século XX, em todos os ramos da vida humana, incluindo as artes.
O Beijo, de Gustav Klimt |
Danaé, de Gustav Klimt |
A Música, de Gustav Klimt |
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