Parte do meu trabalho de pintura a óleo no Ateliê Contraponto |
Hoje o Ateliê Contraponto completa um ano que foi inaugurado, no dia exato do meu aniversário! Dia de festejar, de me alegrar com um sonho que está sendo realizado dia a dia. Neste espaço muito charmoso da Travessa Dona Paula, em São Paulo, tenho produzido bastante, junto com meus parceiros; desenhamos quase diariamente, pintamos e damos aulas de pintura a óleo e desenho. E vamos crescendo!
Este Blog está perto de completar 400 mil acessos! Ele também tem sido um espaço importante onde eu possa colocar minhas ideias, meus estudos, minhas pesquisas sobre Arte. Ele tem sido útil para muita gente também, o que me faz muito alegre, porque é para isso que ele também existe.
Um dia desses, recebi um telefonema de Isabel Rocha Mattoso. Não a conheço pessoalmente, ainda. Mas ela me deu um feedback muito incentivador sobre os textos que produzo e publico neste blog. Ela me enviou um poema, que transcrevo abaixo, exatamente hoje, com tanta coisa para comemorar! Obrigada, Isabel, e a todos os leitores deste blog! Obrigada a todos os meus alunos e todos os amigos do Ateliê Contraponto! Obrigada a todos os meus amigos, por serem quem são não minha vida, cada um do seu jeito!
Longa vida ao Ateliê Contraponto!
Longa vida a este Blog que fala de Arte!
Longa vida para todos nós!
Imagens de um mundo sem fim
(Para Mazé, que sabe pintar!)
Isabel Mattoso
Minha tela é um papel de qualquer cor
O que a colore de verdade são palavras
Atrozes, algozes, que me forçam ao limite do que sei
Do que não sei, do que penso saber
Do que virei a saber, do que jamais saberei.
O que colore o papel do poeta é a intuição da forma, da cor, das sombras que avançam sobre a tarde evanescente.
É o saber que caminha nos espíritos muito antes de cada nascimento
E que continuará sua jornada muito depois de cada morte
Ele apenas atravessa o ser e tento capturá-lo neste breve instante
Para deixá-lo partir nas letras que se amontoam em palavras que se abraçam e tomam corpo e alma.
Minha tela de folhas de papel barato inveja as pinturas impressionistas, realistas, hiper realistas,
Os mestres do quatroccento, do barroco, do cubismo, fauvismo, do pontilhismo,do expressionismo, do surrealismo... De qualquer movimento, de todos os tempos,
As gravuras e esculturas que arranham , modelam , cinzelam matrizes e recriam o mundo.
A fruta sobre a mesa, a dobra da saia, o olhar que nos alcança do passado
O brinco de pérola, a girafa em chamas, cada madona
O cristo crucificado, o café em paris, o girassol,
O grito , as mulheres da oceania, as bailarinas, as cerâmicas,
O jardim e a ponte , o onda gigante , o oriente num haikai de imagens de delicadeza sem fim
Jazz, o volga, o sena, as cavernas e os bisões, o desenho da criança e seu traçado incerto...
Os olhos azuis, as bandeirinhas, o sertão
O touro, a dor, um povo, a guerra, o prazer velado e o descarado
A intimidade devassada, ainda que permitida
As portas do inferno se abriram para que pudéssemos enxergar além...
Pobre caneta de tungstênio,
Ridículo teclado de plástico preto...
Com que instrumentos banais surgem as palavras
Ainda assim , eu as amo , as persigo em sonhos e devaneios
As amasso, rasgo, abraço , professo mil desaforos!
Até que me digam a verdade
Que revelem o que foi segredado pelo espírito
Então, como um anelo, a vida em mim se faz real.