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segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Ateliê Contraponto muda de endereço

Novo endereço do Ateliê Contraponto
O Ateliê Contraponto de Arte Figurativa, dos artistas Mazé Leite, Alexandre Greghi e Luiz Vilarinho, acaba de mudar de endereço. A localização agora é na Avenida Angélica, um local mais acessível e de maior visibilidade, ainda mais próximo ao metrô Paulista.

O Ateliê Contraponto foi concebido para ser um espaço que, entre outras atividades, ofereça cursos de desenho, pintura a óleo e aquarela seguindo um método baseado no estudo das obras dos grandes mestres da pintura, dando bastante ênfase ao aperfeiçoamento técnico a partir do desenho que, historicamente, tem sido o grande diferencial para a construção de todo grande artista.

Com orientação dentro da linha de pensamento dos mestres da pintura, em especial a realista, o Contraponto busca a expressão individual conquistada pelo aprimoramento da técnica, pois falar de arte pictórica é falar de Belas Artes.

Além das aulas de Desenho, Pintura e Aquarela, que continuarão a ser oferecidas e orientadas por artistas experientes, o Ateliê Contraponto também oferece:

– Galeria de exposições
– Aulas de modelo vivo
– Oficinas e workshops com artistas convidados
– Evento “Sexta com Arte”
– Espaço para convivência entre artistas

O novo espaço do Ateliê Contraponto é ainda mais amplo, mais arejado, e bastante charmoso.

Venha conhecer o NOVO Ateliê Contraponto!

Novo endereço:
Avenida Angélica, 2.341 - Higienópolis
São Paulo - SP
Próximo ao metrô Paulista
(a três casas da rua Maceió)

domingo, 13 de julho de 2014

Ateliê Contraponto - noturnos.

Ateliê Contraponto à noite, Mazé Leite, óleo sobre tela, 30 x 40cm, 2014
Travessa Dona Paula à noite, Mazé Leite, óleo sobre tela, 30 x 40cm, 2014

quinta-feira, 20 de março de 2014

Ateliê e Galeria Contraponto

Uma parte da obra de Maurício Takiguthi, exposta na Galeria Contraponto
Ontem, 19 de março, foi uma noite memorável! Inauguração oficial do Ateliê e Galeria Contraponto, do qual faço parte. Cerca de 150 pessoas estiveram presentes, testemunhando o nascimento de mais um importante espaço da arte em São Paulo.


Raulex João e Maurício Takiguthi
Juntamente com a inauguração da casa teve o vernissage de pinturas de Maurício Takiguthi, pintor realista de grande qualidade e considerado um dos maiores da pintura do momento no Brasil. Sua pintura se concentra em torno da figura humana, que é, segundo ele, uma escolha, por ser “muito mais desafiadora, pelo duplo desafio de representá-la no mais alto nível de exigência e de conseguir colocar na tela o meu olhar sobre ela. Gosto desse lugar de observador da condição humana e evidenciar o meu estranhamento diante das coisas. É seguramente o tema mais difícil. É o que me atrai”.


A exposição com as obras de Takiguthi fica aberta à visitação até o dia 25 de abril.


O ilustrador Eduardo Nunes observando
uma das pinturas de Maurício Takiguthi
Além de poderem ver de perto a obra de Maurício, que foi muito elogiada, as pessoas presentes também puderam conhecer de perto o espaço onde funciona o Ateliê Contraponto que oferecerá aulas de desenho, pintura e aquarela com os professores Mazé Leite, Marcia Agostini, Luiz Vilarinho e Alexandre Greghi.


As conversas, muito animadas, giraram em torno dos inúmeros aspectos da arte. Como música de fundo, o músico Tatá di Tao apresentou músicas da MPB como pano de fundo para os encontros felizes que aconteceram ontem.


Entre os inúmeros amigos presentes, destacamos os seguintes: o grande aquarelista chileno-brasileiro Gonzalo Cárcamo; o coordenador dos Urban Sketchers Brasil Eduardo Bajzec; os ilustradores Eduardo Nunes, João Pinheiro, Marcelo Dutra, Suzanne Cascardi e Diego Machuca; o coordenador da escola de arte Mundo Kinoene de São José dos Campos, Raulex João; o professor da Unicamp João Quartim de Moraes; o fotógrafo Carlos Moreira; a escultora e atriz Renata Andrade, entre outros.


O Ateliê Contraponto nasce com esta alegria e como um espaço aberto a todos os que queiram estudar arte, conversar sobre arte, traçar caminhos artísticos comuns, debater, conversar, crescer juntos.

Vídeo realizado por Cézar Xavier, da Fundação Maurício Grabois:


Abaixo, fotos de alguns momentos da inauguração do Contraponto em São Paulo:

Amigos presentes


André Bezerra, Mazé Leite, João Quartim de Moraes e Donizete Cunha

Estudantes de arte e ilustradores de São José dos Campos, junto com Maurício Takiguthi e Luiz Vilarinho: da esquerda para a direita: Kiira Owen, Diego Machuca, Maurício Takiguthi,
Luiz Vilarinho, Suzanne Cascardi e Raulex João.

Dilermando Toni apreciando a música de Tatá di Tao
Vista noturna da vila onde fica o Ateliê Contraponto


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Vida e Arte

Estudo sobre pintura de Joaquín Sorolla,
por Mazé Leite, outubro de 2013 - óleo sobre papel telado

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Em lugar de me entregar ao status quo e às unanimidades que permeiam as mentes daqueles que querem seus quinze minutos de fama, vou fazendo meu trabalho silencioso, no meu canto em meu atelier, sabendo que enquanto pinto a vida fica menos triste, as tristezas menos cinzas, as dores menos opacas, as decepções menos frias.

Arte é resistir. Inclusive às dores da vida, como já disse aquele filósofo da maldição da vida, o Friedrich Nietzsche, que disse que "a arte existe para que a realidade não nos destrua". Repito: para que a realidade não nos destrua. Às vezes a realidade é dura! E muitas vezes me machuca...

E mais Nietzsche: "A Arte e nada mais do que a Arte! Ela é a grande possibilitadora da vida, a grande aliciadora da vida, o grande estimulante da vida".

Eu completaria: o grande alívio para a vida!

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Estudo sobre pintura de Joaquín Sorolla,
por Mazé Leite, agosto de 2013 - óleo sobre tela

domingo, 30 de junho de 2013

Retrato de Fernanda

Retrato de Fernanda Sanches, Mazé Leite, óleo sobre tela, junho de 2013
Terminei neste sábado, 29 de junho, esta pintura em óleo sobre tela em quatro seções com a modelo Fernanda Sanches, no Atelier Takiguthi. Optei por uma palheta de valores mais altos, esfriando as sombras com azul, verde e violeta, e na luz mais alta também utilizei temperatura também fria. Para isso, resolvi experimentar o amarelo de cadmium limão misturado com um pouco de branco. Como na camada de baixo eu tinha utilizado antes uma tonalidade alaranjada, esse amarelo de cadmium com branco acabou dando uma luz mais fria. 

Infelizmente a fotografia sempre deixa a desejar em relação ao original, alterando um pouco as cores e por isso tem duas versões aqui, a maior acima e esta pequena ao lado. Algo entre as duas fotos estaria perfeito. Mas enfim, dá uma noção do original. Sabemos que isso também depende do monitor do computador de quem está olhando. 

Na sala do ateliê onde estava a modelo, o foco de luz vinha do lado direito, com um jato forte de luz amarelada, que resolvi aproveitar para construir esta pintura. Foto abaixo, com a modelo Fernanda Sanches.


Pintando retrato da modelo Fernanda Sanches, óleo sobre tela, Mazé Leite

quarta-feira, 26 de junho de 2013

O Grito


Olho, busco nas estrelas, fora das estrelas, do lado escuro delas. Vôo a cem mil milhas, trezentas milhas por segundo, alcanço o espaço inalcançável com os olhos. Prescruto. Pergunto. Faço uma auditoria, peço uma jurisprudência, apelo ao infinito, aos céus. Imploro às nuvens densas de chuva pedregosa, que cai em cima de mim. E pela cidade. Ando. Grito. Corro. Calo. Pulo. Falo. Peço, me humilho, me desfaço em mil pedaços. Me renego, me esconjuro, ergo os olhos, abaixo, fecho as mãos, abro, torço os dedos, quebro as juntas, rasgo meu olho direito, ofereço a outra face, piso meus pés, espanco a luz, mordo o ar, durmo na calçada da igreja, estirada, bêbada. Viro anjo sob a abóbada celeste, crente, ciente, descrente. Viro bicho, viro gente, viro arcanjo. Como o pão diabolicamente amassado. Viro água mole que pinga a mil em pedra dura. Escorro furo adentro, viro formiga, escaravelho, ameba, lombriga. Fujo do palácio, pois em terra de cego qualquer um é rei de si próprio e é rei em sua fraqueza. Vou ao mar, ao escuro mar que morreu de tanto sal. Viro peixe, salamandra, vieira, caravela, ameba, molusco. Volto ao meu ninho, sou galinha sem ovo e sem ouro, me esfrego, me entorto, me torturo, amarro cordas, tiro meu sangue, crio úlceras na pele e no estômago, me cortejo com carinhosas urtigas que me entumescem o corpo, volto, viro a página, mudo o disco, dou minha cabeça à guilhotina dos algozes ferozes, que transformam corações em pedra e mente e mentem o que sentem. Mas ressuscito, me amparo em mim, removo a pedra que havia no meio, subo aos céus, desço aos infernos, vago leve, caio dura, ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh GRITO!!!...........

O Grito, Mazé Leite, óleo sobre tela, 2013

terça-feira, 7 de maio de 2013

Exercícios em busca da forma

"A missão da arte não é copiar, e sim expressar a natureza! Você não é um mero copista, é um poeta! - exclamou vivamente o velho pintor, interrompendo Probus com um gesto dramático. (...) Temos de captar o espírito, a alma, a fisionomia das coisas e dos seres. (...) uma mão não está apenas ligada ao corpo; ela expressa e perpetua um pensamento que é preciso captar e traduzir. Nem o pintor, nem o poeta, nem o escultor podem separar o efeito da causa, que inelutavelmente contêm um ao outro!
(...)
É preciso descer o suficiente até a intimidade da forma, perseguir essa forma com suficiente amor e perseverança em suas fugas e desvios. A beleza é uma coisa severa e difícil, que não se deixa alcançar fácil: há que esperar seus momentos, espreitá-la, estreitá-la e enlaçá-la firmemente para obrigá-la a se render. A forma é um Proteu bem mais inapreensível e fértil em sinuosidades do que o Proteu da fábula; só depois de longos combates é que podemos forçá-la a mostrar-se em seu verdadeiro aspecto, (...) até que a natureza se veja forçada a mostrar-se desnuda e em seu verdadeiro espírito. 
(...)
A forma é, tanto nas suas figuras quanto para nós, um intérprete que comunica ideias, sensações, uma vasta poesia."

(Honoré de Balzac, em Le chef d'oeuvre innconnu)

Eis aqui mais alguns dos meus combates com a forma, nesta manhã, no Ateliê Takiguthi:




terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Una Madonna per mia madre

Parte do processo de trabalho em meu ateliê
Pintei esta imagem, em pastel, a partir da pintura original "Madonna delle Arpie", feita em 1517, pelo pintor maneirista italiano Andrea del Sarto. O processo durou mais ou menos 20 dias de trabalho e foi um presente para a minha mãe, Dalva Leite, que mora em São Luís do Maranhão, aonde estive por dez dias neste final-começo de ano. Ver o rosto feliz da minha mãe ao receber o presente foi uma alegria imensa para mim! De tão feliz, ela ia pedir para algum padre abençoar o quadro, que será, para ela, uma imagem sagrada. Para mim também é sagrada: desde menina queria convencer meus pais de que eu poderia ser artista. Neste natal de 2012, décadas depois, minha mãe disse: você é uma artista! Momento muito simbólico para mim...

Sobre a pintura, resolvi não fazer uma cópia fiel, mas dar um estilo mais pictórico, deixando partes sem muita finalização, como a mão que segura o livro. A pintura original é maior, inclui outras figuras, como se pode ver abaixo. Giorgio Vasari, artista e historiador italiano, diz que Del Sarto teve a intenção de fazer com que esta imagem parecesse uma escultura, pois colocou a Madonna sobre um pedestal.

Andrea del Sarto foi um pintor italiano do período do alto Renascimento, nascido perto de Florença em 26 de novembro de 1486.

A pintura original "Madonna delle Arpie",
de Andrea del Sarto, 1517
Ele era filho de um alfaiate (em italiano se diz “sarto”) e com sete anos de idade começou a ser aprendiz de um ourives. Em seguida, tornou-se aprendiz do pintor e escultor em madeira Gian Barille. Como ele progredia muito rapidamente na pintura, foi encaminhado para o ateliê de Piero di Cosimo e, em seguida, para o de Rafaellino del Garbo.

Com um amigo, Andrea abriu seu próprio ateliê na Piazza del Grano. Nessa época ele fez uma série de pinturas monocromáticas, em grisália. Tempos depois, os amigos seguem caminhos separados e Andrea del Sarto se destaca individualmente.

Em 12 de dezembro de 1508 ele foi admitido na corporação dos pintores, a “l’Arte dei Médici e degli Speziali”, e são deste ano as suas primeiras obras. Fez diversas pinturas murais, afrescos e pinturas monocromáticas.

Casou-se em 1518 com Lucrezia del Fede. No mesmo ano viaja para a França a serviço do rei francês François I, com seu aluno Andrea Squarzzella. Ele já havia feito para o rei francês a “Madonna col Bambino”, além de outras obras. Sua esposa o chama de volta para a Itália, mas o rei lhe exige que sua ausência seja breve. Mas Andrea, já em Florença, resolve construir uma casa na cidade. O rei reage impedindo que Andrea volte a fazer parte de sua corte, sem outras maiores punições.

Em 1520 seu trabalho se concentra em Florença, fazendo diversas pinturas e afrescos.

Andrea del Sarto morreu de peste em Florença em 1531. Seu corpo está enterrado no chão da capela dos pintores da Santíssima Annunziata com mais outros 14 pintores.

Detalhe em pastel da "Madonna delle Arpie", Mazé Leite, 2012

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Feliz 2013!


Neste final de 2012, desejo que o mundo
seja cada vez um lugar melhor de se viver! 

Que as mãos que se buscam acima,
na pintura de Michelangelo, nos lembrem que devemos buscar nos unir cada vez mais na construção de um mundo melhor para todos!
Por um mundo justo e bom de se viver!

Que todos sejamos felizes neste fim de ano!
Que sejamos felizes em 2013! 

Que o mundo se torne mais belo,

mais harmonioso, mais justo!

Um mundo melhor!

Um mundo bom e igual para todos!
Um mundo de Paz!

Obrigada a todos os que diariamente visitam este Blog que fala de Arte!

Continuemos esse mergulho profundo na Beleza do mundo que a Arte revela!

Como diz o poeta Vinícius:
"Que tudo seja belo e inesperado"!

Um Feliz 2013!

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A poesia solar de Maiakovski

Nesta última quarta-feira, 7 de novembro, na Livraria Arlequim, centro do Rio, foi lançado o livro “Vladimir Ilitch Lenin”, poema de Vladimir Maiakovski, com a presença de cerca de quarenta pessoas, entre intelectuais, artistas e amantes da literatura do poeta russo.
Paço Imperial, Rio de Janeiro

A Livraria Arlequim ocupa uma sala do famoso Paço Imperial, uma construção do final do século XVII, mais exatamente 1699. O prédio por onde passou a comitiva de Dom João VI, quando de sua vinda de Portugal para o Brasil, hoje recebe diversas exposições temporárias de artes visuais, além de ter a sua própria exposição permanente.

Dentro desse espaço, reuniram-se Zoia Prestes, Adalberto Monteiro, Alexei Bueno, Maria Prestes (viúva do líder comunista Luís Carlos Prestes), eu e umas quatro dezenas de pessoas para falar de poesia e de arte.

Adalberto, responsável pela edição do livro que saiu pela Editora Anita Garibaldi, com o apoio da Fundação Mauricio Grabois, fez uma apresentação do livro, ressaltando o fato de ser a primeira tradução em língua portuguesa do poema “Vladimir Ilitch Lenin” em sua totalidade. Disse ainda que esse poema ressoa, nos dias de hoje, as ideias futuristas de Maiakovski, um poeta que olhava para o porvir. Dedicando o poema ao líder da revolução russa de 1917, Lenin, Maiakovski “não endeusa, não faz culto à personalidade de Lenin, mas, pelo contrário, mostra um homem comum, ‘a pessoa mais terrestre’, que soube liderar um movimento que trouxe mudanças muito profundas, não só para a Rússia, mas para o mundo todo”, disse Adalberto Monteiro.
Zoia Prestes autografa o livro

Zoia Prestes, a responsável pela tradução direta do russo para a língua portuguesa, disse que essa tarefa dificílima de traduzir um poema de Maiakovski, apesar de complexa, trouxe-lhe também bastante satisfação pessoal, por causa de sua história com esse poeta. Ela viveu em Moscou entre 1970 e 1985, e em sua fase escolar participou de concursos de declamação de poesia e lembra que os livros de Maiakovski eram parte do currículo escolar da União Soviética. Em um desses concursos, ganhou como prêmio um exemplar desse poema em russo, que ela guarda até hoje. Na tradução do poema, Zoia Prestes diz que resolveu priorizar o significado das palavras, mantendo a mesma disposição formal escolhida pelo poeta russo, com versos escalonados. E completou dizendo que o fato de ter vivido tanto tempo na Rússia, onde recebeu educação escolar e superior, traz consigo esse amor à cultura russa e ao povo russo, o que também foi um importante componente no momento de traduzir este poema.

Lançamento no Rio de Janeiro
Alexei Bueno, poeta, editor e crítico literário, também expôs suas opiniões sobre o livro. Profundo conhecedor de poesia, disse que a de Maiakovski reflete a riqueza cultural do povo russo, que também gerou os gênios do cinema, Sergei Einseinstein, Andrei Tarkovski, entre outros. Os artistas russos, ressaltou Bueno, foram e são ainda referências para os artistas de hoje em todo o mundo. Ele elogiou a iniciativa da tradução desse poema em língua portuguesa e todo o esforço da equipe responsável pela execução dessa obra.

Mazé Leite, a artista responsável pelo projeto gráfico e pelas ilustrações, fez uma breve explanação sobre seu trabalho. Ressaltou que se inspirou nos artistas da vanguarda russa, citando alguns nomes como Natalia Gontcharova, Vladimir Tatlin, Kasimir Malievitch e Alexandr Rodtchenko. Explicou que a ideia para uma capa com tons quentes e vibrantes ela foi buscar na imagem do Sol, um tema bastante recorrente na obra de Maiakovski. Além do poema em si, disse ela, porque apesar de ter sido escrito para lamentar a morte de Lenin, o poema na verdade é uma ode à vida.
Vladimir Maiakovski,
fotografado por Alexandr
Rodtchenko

Após essas primeiras intervenções, outras pessoas presentes também participaram do bate-papo, como Maria Prestes, que contou diversas histórias dos tempos em que ela com o marido, Luis Carlos Prestes, e nove filhos, se mudaram para Moscou, fugindo da ditadura militar no Brasil. Maria Prestes é a mãe de Zoia.

A noite encerrou com um coquetel e muita conversa sobre poesia e sobre arte.

O livro “Vladimir Ilitch Lenin”, de Maiakovski, já teve seu primeiro lançamento em São Paulo. O próximo encontro em torno do poema será no dia 21 de novembro, no Centro Cultural Vergueiro, às 19h30, na Sala de Debates.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

O registro das cidades pelos desenhistas urbanos

Vista de Delft, de Jan Vermeer, 1660-61, óleo sobre tela, 96,5 x 177,5 cm, Cabinet Royal de Peinturesm La Haye
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Artigo publicado originalmente na Revista Princípios n. 120, setembro de 2012
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Há dois anos, tomei conhecimento a respeito dos desenhistas urbanos reunidos no site com o título Urban Sketchers. São pessoas que começam a se agrupar, em vários lugares do mundo, simplesmente para fazer desenhos de observação de suas cidades, ou das cidades por onde passam em suas viagens. Reunidos anualmente já no III Simpósio Internacional, que este ano aconteceu na República Dominicana, eles começaram um movimento de interação, de troca de experiências, juntando gente das mais diferentes línguas para se encontrarem numa mesma linguagem: a dos que desenham suas cidades e suas experiências pessoais com elas.

Aqui no Brasil, após o II Simpósio Internacional de Lisboa, foi criado o movimento – e o site – dos desenhistas urbanos brasileiros, numa iniciativa de Eduardo Bajzek, João Pinheiro e Juliana Russo, três artistas com anos de experiência na arte do desenho de observação. Por enquanto, esse movimento está mais concentrado em São Paulo, mas vários Estados brasileiros já possuem algum correspondente desenhista urbano. A intenção desse grupo – do qual também faço parte – é poder abarcar todos os Estados com pelo menos uma pessoa como correspondente desenhista. Nossa ideia é organizar encontros estaduais, regionais e nacional dos desenhistas urbanos.

Desenho meu no Pátio do Colégio, 2012
Mas o grupo é ainda maior do que os Urban Sketchers. Em várias cidades do Brasil e do mundo, pessoas – individualmente ou em grupo – tem desenhado o cotidiano de suas ruas, bairros e cidades, a partir da observação direta, seja nas ruas ou em ambientes internos como bares, bibliotecas, casas, livrarias, shows, teatros, parques. São desenhos que contam a história das cidades e das pessoas que moram nelas, ajudando a dar um olhar mais humano para essas aglomerações onde convivem milhares, senão milhões de pessoas.

Mas essa forma de prática artística não é uma novidade. Somente para dar dois exemplos: o pintor holandês Jan Vermeer (1632-1675) registrou em sua pintura a cidade holandesa de Delft, por volta de 1660. Essa pintura de Vermeer (acima), além de deixar um registro daquele tempo, inspirou o escritor francês Marcel Proust, que dedicou uma parte do seu livro Em Busca do tempo Perdido a falar sobre essa obra que o apaixonava. Um segundo exemplo mais próximo de nós é o do artista francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848), que viveu 15 anos aqui no Brasil, integrando a Missão Francesa, e fez dezenas de desenhos e aquarelas enquanto percorria os Estados fazendo registros da costa brasileira, das casas, das paisagens da mata nativa, assim como retratos de índios, negros e brancos em seu cotidiano. Debret registrou até mesmo as festas e tradições populares, deixando uma rica documentação sobre um período histórico brasileiro que já se perdeu no tempo.

Três desenhistas urbanos de São Paulo

Para tornar este artigo um pouco mais rico, resolvi conversar com três grandes desses “croquiseiros” urbanos que moram e trabalham nessa grande metrópole brasileira, uma cidade onde todos os números tendem a cifras enormes: milhões de carros trafegam pelas ruas, milhões de pessoas se deslocam diariamente de casa para seus locais de trabalho, centenas de bairros formam esta cidade, com milhares de ruas, milhões de casas, milhares de pessoas se cruzando em suas avenidas...

Carla Caffé

Obra de Carla Caffé para a exposição
"A(e)rea Paulista", na Sala Funarte e na
passagem subterrânea da Rua da Consolação
A primeira que entrevistei foi a arquiteta Carla Caffé, formada pela FAU-USP no início da década de 1990, que foi também diretora de arte do filme “Central do Brasil”, além de outros filmes e peças de teatro. Carla mantém um ateliê em São Paulo, onde desenvolve diversos projetos de desenho, assim como de arquitetura e direção de arte.

Carla Caffé tem 47 anos e começou a desenhar na rua desde cedo. Ela mesma conta que desde os tempos de colégio já andava com seu caderno de desenho e até mesmo quando estava esperando pelo ônibus “era um convite para rabiscar” o que via à sua volta. “Eu tinha mais vontade de desenhar na rua do que em casa”, diz ela.

Foi fazer Arquitetura já “com a perspectiva de que não seria arquiteta”, mas com a intenção de aproveitar essa formação acadêmica para que pudesse continuar desenhando. Mas ela diz gostar muito da Arquitetura pois aprendeu muito como pensar a partir de seus conceitos: espacialidade, proporcionalidade, circulação, lógica...

Mas uma das experiências mais marcantes que Carla Caffé teve no início de sua carreira de desenhista urbana, foi a de ter conhecido uma cidade como Nova York, quando foi acompanhar a Companhia de Teatro Ópera Seca. Ela complementa: “Nos intervalos do trabalho, eu saia para desenhar nos museus. Mas as ruas de New York são mais interessantes que os museus, então passei a desenhar nas ruas como forma de conhecer e absorver o lugar. Um desenho de investigação, de registro. Nessa época sonhava em ser Corto Maltese, ou melhor Hugo Pratt, desenhista de Corto que viajava desenhando as estórias em Quadrinhos”. Ela tomou gosto por isso e não parou mais de desenhar, quando voltou a São Paulo.

Desenho de Carla Caffé
E me contou que sempre se interessou pelo tema do Urbano, pela vida urbana, que a fascina “assim como um gesto arquitetônico”. “Saio nas ruas e os pensamentos que me invadem geralmente são questões urbanas. Por ora estou muito envolvida com a questão da mobilidade urbana”, acrescenta ela, que aponta que esse movimento de incentivo ao uso cada vez maior das bicicletas nas cidades podem “desenhar” cidades mais humanas.

Pergunto a Carla como ela vê esse tipo de registro de observação das cidades por onde passa? E ela diz que acha muito importante, porque “o que o desenho registra é diferente do registro fotográfico. O desenho tem a questão de permanência, da escuta, um tempo diferente de um clique. Com o desenho você também pode aproximar, afastar, inverter, costurar, pode moldar a paisagem de acordo com o seu coração.” E complementa dizendo que a Arte é parte intrínseca de sua vida, uma “forma de sanidade”, lembrando o que diz a artista Louise Bourgeois. Para Carla Caffé, viver numa cidade tão grande como São Paulo e poder desenhá-la é uma forma de “dar um sentido a tudo isso, a essa passagem pelo plano terrestre"

Carla Caffé publicou, em 2009, um livro com desenhos que ela fez da Avenida Paulista em São Paulo, pela Editora Cosac&Naify.

Hugo Paiva

Depois de Carla, me dirigi a outro arquiteto também formado pela FAU, neste ano de 2012. Seu nome é Hugo Alves Paiva, de apenas 29 anos de idade, mas que já projeta grandes planos como desenhista urbano para sua vida.

Sketch de Hugo Paiva do centro de São Paulo
O sonho de Hugo é poder fazer uma longa viagem ao redor do mundo com um sketchbook (caderno de desenho) nas mãos. Em sua recente experiência acadêmica, Hugo teve que apresentar um trabalho de conclusão de curso que ele voltou para o desenho urbano. Passou por várias cidades brasileiras, de São Luís do Maranhão a Fortaleza, no Ceará, além de outras cidades, registrando o que via em seu caderno de desenho. O resultado disso ele colocou num livro que conta toda essa experiência como uma espécie de solitário peregrino desenhador das ruas. De São Paulo especialmente, onde mora.

Hugo conta que começou a desenhar antes mesmo de saber escrever. “Minhas primeiras referências relacionadas ao “drama”, que mais tarde eu redescobriria nos quadros de Rembrandt, ou nos edifícios de Frank Lloyd Wright de uma forma muito mais intensa; ou aos feitos heroicos muito melhor construídos nas epopeias de Ulisses ou Hércules, foram os programas vespertinos de super heróis japoneses, como o Jaspion ou Changeman. A emoção que eu tinha ao ver os gigantes daqueles programas infantis em conflito, que hoje me lembram os gigantes magistralmente pintados por Goya, de certa forma me acompanham até os dias de hoje. Sempre tento passar este sentimento aos trabalhos que faço.”

Desenho de Hugo Paiva
Ele diz que resolveu seguir pela carreira da Arquitetura por causa de seu interesse relacionado aos edifícios que, desde sua infância, o impressionavam pela grandiosidade e imponência. “Porém, apesar de ter em mente a responsabilidade social que temos como profissionais dessa área, como o problema latente de moradias, ou mesmo o crescimento desordenado de nossas cidades a cada dia mais doentes, acabei me reaproximando de questões mais relacionadas ao desenho e à percepção da imagem da cidade”, ele diz.

Como eu, Hugo Paiva faz parte do movimento dos Urban Sketchers brasileiro e sai para desenhar nas ruas de São Paulo, ou sozinho, ou unido ao nosso grupo que se reúne mensalmente em algum canto de São Paulo para desenhar. E acrescenta: “Apesar de ter feito alguns desenhos e croquis durante os exercícios propostos pela faculdade, foi no ano de 2010 que comecei a realizar essa atividade de uma forma mais sistematizada. Frequento o ateliê do pintor Mauricio Takiguthi há algum tempo, e durante as conversas nas aulas, surgiu a ideia de sair e desenhar pelas ruas. O arquiteto Eduardo Bajzek, também aluno do Takiguthi, já tinha experiência em fazer registros urbanos e me passou muito do que eu atualmente sei. Após alguns encontros, os desenhos começaram a se suceder de forma natural.”

Desenho de Hugo Paiva
Nessa relação com outros artistas, Hugo considera muito importante essa troca de experiências, as possibilidades de diálogo que se abrem. “Sair pelas ruas e desenhar, muda de sentido a cada momento. Mas basicamente, o prazer está em, através das ferramentas do desenho, traduzir os sentimentos dos lugares, além do desafio de registrar a dança das luzes no ambiente urbano.”

Hugo acrescenta que o ato de desenhar na cidade “nos coloca na condição de estrangeiros ao nos recortarmos da realidade” e que fazer isso em cidades diferentes “nos coloca duplamente nessa situação”. Ele cita o escritor algeriano Albert Camus que disse que isso “amplifica nossa percepção, faz com que observemos as coisas de uma forma muito mais intensa. Assim como Eugène Delacroix – continua Hugo – que viu em Marrocos muitos motivos dos quadros que viria a pintar, desenhar em outras cidades nos traz a experiências muito intensas”.

João Pinheiro

O terceiro artista que escolhi para entrevistar sobre o tema, é o ilustrador João Pinheiro. Sua história de vida, sua formação, seu caminho como desenhista, é diferente dos dois artistas anteriores, mas o desejo que o move é o mesmo que nos move a todos os que gostamos de registrar aquilo que vemos em nossas cidades.

Desenho de João Pinheiro
João Pinheiro tem 31 anos e mora na Zona Leste de São Paulo. “Até os meus 15 anos esse foi o meu mundo conhecido, minha Macondo, onde vi e aprendi a maior parte do que sei da vidinha da gente”, diz ele.

Desde criança, João se interessou pelos desenhos das revistas em quadrinhos: “desenhava em folhas de sulfite, direto com caneta Bic, sem esboço, e depois colava as folhas e fazia a capa com cartolina”, conta ele. Aos 13 anos se matriculou em dois cursos na Oficina Cultural Alfredo Volpi, que fica no bairro de Itaquera, que “felizmente funciona até hoje”. Naquela época, 1994, ele começou a aprender os fundamentos do desenho e da pintura: anatomia, perspectiva, movimento e também a escrever roteiros e todo processo de criação de uma história em quadrinhos.

Foi através do professor de pintura, Jair Glass, que João Pinheiro conheceu a história do pintor Alfredo Volpi. “Na época, lembro que não gostei muito das suas pinturas, mas fiquei encantado com a sua história. Parecia um romance. Um operário que virou pintor. Um pintor de paredes que pintou sua primeira obra de arte numa caixa de charutos e que mais tarde seria consagrado com o prêmio de melhor pintor nacional na segunda Bienal de São Paulo em 1953. Uma bela história. Depois de ouvi-la, pensei: ‘Quando crescer eu quero ser pintor ou desenhista ou algo mais ou menos por aí. Enfim, sei que quero trabalhar com desenho’”.
Mas sua primeira experiência com desenho de observação na rua aconteceu quando o professor o levou para desenhar uma igreja numa ruazinha perto da oficina. Eles eram 15 alunos. E João diz que esse “foi um dos dias mais felizes da minha vida e a primeira vez que fiz um desenho de observação na rua”.

Desenho de João Pinheiro
Aos 19 anos, João Pinheiro ingressou na Faculdade Paulista de Artes para cursar Artes Plásticas e voltou a fazer desenhos de observação diariamente. Seu caderno de desenho, a partir de então, nunca mais saiu de sua mochila.

Inicialmente ele desenhava como exercício, fazia esboços, anotava ideias que mais tarde pudessem ser utilizadas em pinturas ou ilustrações. “Com o tempo, depois de preencher alguns cadernos, explorar novos temas, percebi que os desenhos que eu fazia de observação tinham evoluído, meu traço tinha melhorado e eu tinha tomado gosto por observar”, acrescenta. E conta que atualmente seu trabalho pessoal está concentrado, quase que em sua totalidade, nos cadernos e nos desenhos de observação.

E afirma que o desenho de observação direta nas ruas, para ele “significa tudo o que aprendi até hoje, minha melhor escola”. E completa dizendo que sabia de antemão que tinha descoberto um caminho e não um fim, “porque o desenho urbano não tem fim”. Através da observação da cidade João Pinheiro diz que aprendeu muito, mas também viu com isso que há muito ainda o que aprender, sempre.

João Pinheiro tem predileção por desenhar pessoas no metrô, nos ônibus, assim como a arquitetura antiga e excêntrica da cidade, os postes elétricos, as árvores. “Gosto, principalmente, dos locais não turísticos, como periferias, locais abandonados e deteriorados pelo tempo”, complementa.

Essa ideia de carregar um caderno de desenho para onde quer que se vá, de desenhar nele e anotar ideias que surgem em plena área pública é uma ideia muito bonita, diz João. “Fico contente em saber que tantas pessoas hoje em dia compartilham dessa minha paixão, aliás, um número cada vez maior”.

E se pergunta: “O que essas pessoas estão fazendo? Registrando suas vidas? Tentando ver além da camada grosseira da nossa percepção comum? Registrando seu tempo? Anotando lembranças? Treinando o seu desenho? Criando arquivos de paisagens na mente? Transformando o olhar para as futuras gerações? Certamente tudo isso e muito mais.”

Desenho meu na Estação da Luz
Assim como para Hugo Paiva, João Pinheiro diz que desenhar o cotidiano é um “exercício de sentir-me um estrangeiro em minha própria terra e com isso conseguir ver as coisas cotidianas por outro prisma, completamente novo, além do superficialmente conhecido.” Quando se desenha algo que se vê diariamente pelo caminho, sejam pessoas ou lugares conhecidos, é como se os estivesse vendo pela primeira vez, é como se começasse a entendê-los. E João aponta que essa prática do desenho torna a pessoa cada vez mais criativa, lembrando-se do que disse o arquiteto e paisagista James Richards: “Não há melhor maneira de alimentar a criatividade do que desenhar”.

Esse universo do desenhista das ruas e cidades é parte do grande universo da arte, que mobiliza as pessoas há séculos. João Pinheiro lembrou uma frase do diretor de cinema russo Andrei Tarkovski que escreveu em seu livro Esculpindo o tempo: “De qualquer modo, fica perfeitamente claro que o objetivo de toda arte – a menos, por certo, que ela seja dirigida ao ‘consumidor’ como se fosse uma mercadoria – é explicar ao próprio artista, e aos que o cercam, para que vive o homem, e qual é o significado da sua existência. Explicar às pessoas a que se deve sua aparição neste planeta, ou, se não for possível explicar, ao menos propor a questão.”

João Pinheiro é o autor, roteirista e ilustrador, da HQ Kerouak, publicada em 2011 pela Devir Editora, além de diversos livros de ilustração infantil, entre os quais o mais recente: uma adaptação do conto O Espelho de Machado de Assis para a linguagem dos quadrinhos, com roteiro do poeta e escritor Jeosafá Gonçalves.
Desenho de João Pinheiro, uma rua da zona leste de São Paulo
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